Dom de Fé
Estamos considerando os “dons de poder”. (Milagre! Cura! Fé!). Eles são chamados de dons de poder porque eles são pequenas expressões da onipotência do Senhor e através deles, Deus intervém na natureza, onde e sempre que necessário, para que Ele cumpra a sua vontade divina.
Estudar o “dom de fé” não é o mesmo que estudar o tema geral da fé, ainda que o tema geral da fé se relacione com ele até certo ponto e nos ajude em nosso entendimento do “dom de fé”, ainda assim há uma diferença marcante. Vamos examinar os três tipos básicos de fé e a definição do dom de fé.
A – DEFININDO O “DOM DE FÉ”.
O “DOM DE FÉ” é a habilidade dada por Deus de se crer nEle para o impossível numa determinada situação. Ele não é tanto a fé geral que crê em Deus para suprir as nossas necessidades, mas ele vai um passo além, onde “simplesmente sabemos” que uma determinada coisa é a vontade de Deus e que ela vai acontecer. Esse dom é especificamente mencionado em 1 Co.12,9, subentendido em 1 Co.13,2 e pode ser incluso no pensamento de 1 Co.13,13. Além destas referencias, o dom de fé é ilustrado e visto em seu funcionamento e operação através dos Evangelhos e de Atos.
B – OS TRES TIPOS DE FÉ REVELADOS NA BÍBLIA.
Qualquer declaração encontrada na Bíblia sobre a fé, ou característica dela, cai em uma das três categorias:
1 – FÉ SALVADORA – João 1,12; Gálatas 3,26; Efésios 2,8. Esta é aquela resposta de fé inicial a Deus, a qual nos introduz no Reino de Deus. Em Teologia, ela é, muitas vezes chamada de “graça preveniente”. (Que nos leva á pratica do bem; que chega antes). Ela é a habilitação de Deus a uma pessoa para que esta O aceite e creia Nele. O veículo de Deus para nos salvar foi a GRAÇA; nosso veiculo em aceita-la é a fé, ou uma “resposta de receptividade” à Sua graça. Não somente nos “agarramos a Ele pela fé”, mas Ele também “Se agarra a nós pela graça”.
Ef.2,8 > A palavra MEDIANTE é muito significativa aqui. Ela é a palavra grega “DIA” e denota o “canal de um ato”. É um pensamento conectivo, assim como a água vai de um lugar para o outro “mediante” um canal. Ela retrata um veiculo ou caminho através do qual a graça de Deus é transmitida a nós. A fé é como uma abertura (entrada) para todas as provisões de Deus.
Como uma represa que abre as suas entradas e permite que a água passe por elas, assim também a nossa reposta de fé a Deus inicialmente permite que a Sua graça de se despeje e inunde as nossas almas, o que é o novo nascimento.
É, primeiramente, “pela” ação ou veículo da graça, e depois “mediante” a fé que a salvação vem. Ela é possível e é oferecida pela graça, mas ela tem que ser aceita a recebida pela fé.
Deus preparou a provisão pela graça, e oferece a nós, ao mesmo tempo em que Ele obra em nossos corações para que respondamos, transmitindo-nos a habilidade de crermos e de recebermos. Contudo Ele deixa um pequeno vácuo que só pode ser preenchido pelas nossas vontades, ao respondermos e nos abrirmos a Ele.
2) A FÉ UM “FRUTO DO ESPÍRITO”. Gl.5,22; At.6,5-8; 11,24; 2 Cor.4,13; Cl.2,5. Envolvidos na idéia de fruto estão: o crescimento gradativo e estações do ano. Nós, como indivíduos, somos como sementes que contém o germe da vida nas condições externas, nutrição, etc.. Seu interior é á medida em que as nossas cascas exteriores morrem, a vida interior floresce e produz fruto conforme a sua espécie. Mesmo depois que o fruto começa a aparecer, ele ainda precisa amadurecer completamente. Isto pode ser evidente em muitos e diferentes estágios de crescimento.
Isto se refere á fé como um atributo dentro do caráter e personalidade do crente. Paulo mostra como um fator que se desenvolve na vida dos crentes. Em Rm. 1,17, ele usa a frase: “de fé em fé”, ou como outra tradução diz: “procedendo de fé e levando a fé”. Outra versão ainda traduz assim: “dependendo de fé e tendendo a produzir fé”. Portanto, a nossa justiça é recebida pela fé, depois que ela é recebida, ela produz mais fé em nossas vidas e prosseguimos a “viver pela fé”. Ao considerarmos este aspecto geral da fé, vemos que ela pode ser vacilante (Tg.1,6); forte (Rm.4,20); fraca (Mt.6,30 e 16,8); temporária (Lc.8,13); sem hipocrisia (1 Tm.1,5 e 2 Tm. 1,5); grande (Mt.8,10); firme (Hb.10,23 e 11,6). Devemos entender que a fé, assim como o amor, não pode permanecer só. Ela está sempre ligada com outras virtudes e qualidades, tais como: paciência (Tg.1,3; 2 Tm.3,10 e Hb. 6,12); amor (1 Ts.5:8; 1 Co.13,13); esperança (1 Co.13,13); poder (2 Ts. 1,11); boas obras (2 Ts.1,3); consciência limpa (1 Tm.1,5); sã doutrina (Tt.1,13 e 2,2); virtude 2 Pd.1,5); conhecimento( 2 Pd.1,6); importunidade (Lc.11:5 a 10); alegria (Tg.1,2/3 e 1 Pd. 1,6a 8); boa confissão (Rm.10,9-10; Cl. 3,16-17).
Quando simplificamos demais o conceito da fé e assumimos que ela seja somente um ato de obediência durante uma crise, há um mérito até certo ponto. Mas se os crentes não aprenderem um conceito da fé maior que atos de fé ocasionais; eles ficarão frustrados. A fé é apresentada na Bíblia como uma maneira de vida. É somente á medida em que a fé envolve a combinação própria de todos os atributos mencionados acima que ela se torna uma “fé viva e de qualidade”.
Muitos cristãos têm somente uma “fé em crises” – eles não vivem uma vida de fé.
Rm.12,3 > REPARTIU = Significa aqui “dividiu em porções”, assim como Jose deu uma porção de comida a cada um de seus irmãos , mas a Benjamim cinco vezes mais (Gn.43). Deus dá a cada individuo uma capacidade especifica de receber ou responder aos Seus dons e graça, o que foi idealizado por Deus para o bem geral do corpo. Cada um de nós deve funcionar de acordo com a proporção (medida) de fé que Deus nos deu e que nos capacitou a desenvolver. Embora todos nós devamos ter uma fé forte, quando a questão é dons e funções espirituais esta fé será canalizada e manifesta numa variedade de maneiras.
Somos todos especialistas em diferentes áreas. Por exemplo: um especialista em transmissão, possivelmente, seria capaz de instalar um aparelho de ar condicionado em automóvel, mas não tão eficientemente quanto um especialista em ar condicionado. Devemos reconhecer esta verdade a fim de entendermos o ministério e a função do corpo. Todos nós devemos receber dos pontos fortes, dons e medidas de fé que esteja “fora de nossa medida” (2 Co.10,12 a 16). Não é certo que tentemos exigir uma conformidade de cada membro, ou que exijamos que uma pessoa vá além de sua medida de fé. Se violarmos a esfera e extensão do ministério de uma pessoa, isto a frustrará. Isto não significa que uma frustração até certo ponto não possa acompanhar o aumento que Deus dá ao ministério de alguém em novas áreas e dimensões.
3) O “ DOM DE FÉ” 1 Co. 12,9 e 13,2; Rm. 12,6. Sugerimos que este dom envolve dois níveis gerais: 1) a fé que funciona em ministérios individuais conforme o que está mencionado em Rm. 12, 3 a 8 e 2) a fé para milagres ou atos específicos que Deus executa em determinadas circunstancias ( 1 Cor.12,9). É difícil diferenciarmos, dogmaticamente, o fruto da fé e o dom da fé. Parece que na vida prática e no ministério o Senhor concede fé a indivíduos para seus ministérios específicos.
Eles têm um nível de fé nestas áreas que é absoluto e sem vacilações. Cada qual conhece o seu ministério e crê que Deus o honrará e o prosperará continuamente. Partindo deste ponto, passamos a considerar o que é, provavelmente, o mais claro e puro nível, que é mencionado na Bíblia como o “dom de fé”. Jesus ensinou com relação a este nível de fé em Marcos 11:24 a 25. Ele nos diz que é uma fé que, absolutamente, não deixa nenhuma dúvida no coração do que esta crendo. Ela não pode envolver nenhuma dúvida, ela envolve a remoção total de toda e qualquer duvida. A palavra usada para “pedir” é a mesma que a palavra para “tornar”. Ela não está em forma interrogativa, ao invés ela implica um recebimento ativo da vontade de Deus conhecida. Vamos explicar como funciona na Bíblia.
O DOM DE FÉ EXEMPLIFICADO:
NA VIDA DE JESUS > Mt. 8,1-3: Jesus não manifestou nenhuma sombra de duvida com relação á cura deste leproso. As palavras que Jesus falou a ele quando Ele o tocou foram: “Quero, sê limpo”. Vemos nestas palavras uma fé absoluta. João 11,11 : Jesus sabia que Ele se dirigia a um homem morto. Lázaro já havia morrido, mas Jesus disse que Ele “o despertaria”. João 9,1-7 : Jesus sabia que este homem, o qual era cego de nascimento, iria ser curado para que as obras de Deus pudessem ser manifestas, uma fé absoluta num ato que ainda não tinha acontecido.
NA VIDA DOS APOSTOLOS > Atos 32,1-7; 5,1-10;13,8-11; 16,16-18;20,7-12.
Existe também o dom de fé atuando de forma gradativa. João 4,52; Mc. 8,22-25.
Tiago 5,14-16 sugere que pode haver uma ligação entre o pecado e a doença, e que parte da cura é confessar estas faltas.
O dom de fé se baseia em saber a vontade de Deus. Isto pode vir por uma revelação especial, tal como sonhos, visões, através da voz do Espírito no nosso interior, ou ainda pela Palavra de Deus escrita que é vivificada para uma direção especifica. Ele opera no mesmo principio em que os outros níveis de fé operam – Rm. 10:17.
A fé requer uma razão ou fundamento. Deus nunca nos pede que creiamos sem um fundamento ou razão; Ele nos dá certos fatos. Se a fé não tem uma razão, ela não é uma fé verdadeira, e sim, esperança.
O dom de fé depende do dom do conhecimento. Eles estão misturados inseparavelmente. Quando Deus revela certos fatos com relação à Sua vontade numa circunstancia, “simplesmente sabemos” que isto acontecerá. Esta é uma fé irresistível e inabalável. Pode ser com relação á execução de milagres, satisfazendo necessidades físicas ou financeiras, curas, reconciliações de relações familiares.
Observe este principio no “capítulo da fé” em Hebreus 11:
Vs. 7 > Noé agiu em fé na palavra de Deus com relação ao dilúvio.
Vs. 8 > A partida de Abraão baseou-se na palavra de Deus a ele.
Vs.11 > Sara creu que ela podia ter uma criança por causa da palavra que o Senhor falou.
Vs.30 > Israel circundou os muros de Jericó pela fé por causa da palavra revelada por Deus como Sua vontade.
O dom de fé opera com relação a diversos outros dons. Muitas vezes opera com os dons de milagres e de curar. Quase sempre envolve uma palavra do conhecimento, sabedoria ou discernimento de espíritos. Deus não colocou nenhuma limitação na quantidade de fé que uma pessoa pode ter. Ainda que cada qual haja recebido uma “medida”, podemos fazer com que ela cresça a qualquer proporção, contanto que sejamos capazes de recebê-la. Na medida em que Deus restaurar este dom, veremos também a restauração dos milagres num nível maior na Igreja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário