«Tocai-Me e olhai»
Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.
Enquanto isto diziam, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!»
Dominados pelo espanto e cheios de temor, julgavam ver um espírito.
Disse-lhes, então: «Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos vossos corações?
Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho.»
Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.
E como, na sua alegria, não queriam acreditar de assombrados que estavam, Ele perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa que se coma?»
Deram-lhe um bocado de peixe assado; e, tomando-o, comeu diante deles.
Depois, disse-lhes: «Estas foram as palavras que vos disse, quando ainda estava convosco: que era necessário que se cumprisse tudo quanto a meu respeito está escrito em Moisés, nos Profetas e nos Salmos.»
Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia; que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém.
Vós sois as testemunhas destas coisas.
Comentário
Depois da ressurreição, como o Senhor entrou com todas as portas fechadas (cf. Jo 20,19), e os discípulos não acreditavam que Ele tivesse reencontrado a realidade do Seu corpo: supunham que apenas a Sua alma tivesse vindo, sob uma aparência corporal, como as imagens que aparecem àqueles que sonham durante o sono. «Eles julgavam ver um espírito». [...]
«Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos vossos corações? Vede as Minhas mãos e os Meus pés». Vede, quer dizer: prestai atenção. Porquê? Porque não é um sonho que estais a ter. Vede as Minhas mãos e os Meus pés porque, com os vossos olhos acabrunhados, não podeis, ainda, contemplar o Meu rosto. Vede as feridas da Minha carne, uma vez que ainda não conseguis ver as obras de Deus. Contemplai as marcas feitas pelos Meus inimigos, uma vez que ainda não vedes as manifestações de Deus. Tocai-Me para que a vossas mãos vos dêem a prova, visto os vossos olhos estarem cegos a esse ponto. [...] Descobri os buracos nas Minhas mãos, analisai o Meu lado, reabri as Minhas feridas, pois não posso recusar aos Meus discípulos, tendo em vista a fé, o que não recusei aos Meus inimigos no suplício. Tocai, tocai [...], buscai até aos ossos, para confirmar a realidade da carne e que estas feridas, ainda abertas, atestem que sou mesmo Eu [...]
Porque não acreditais que ressuscitei, Eu que fiz reviver vários mortos à vossa vista? [...] Quando estava suspenso na cruz, insultavam-Me dizendo: «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo! Se és Filho de Deus, desce da cruz e acreditaremos!» (cf. Mt 27,40). O que é mais difícil: descer da cruz, arrancando os pregos, ou subir dos infernos, calcando a morte sob os Meus pés? Eis que Me salvei a Mim mesmo e, destruindo as cadeias do inferno, subi para o mundo do alto.
Sermão 31, oitavo sobre a ressurreição do Senhor
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Tocai-me -diz o Senhor.
E na Eucaristia O recebemos na mão,berço animado,como o regaço de Maria.
E tocamos com os dedos o corpo ressuscitado, com as chagas que transportam a nossa transfiguração ,para comungarmos a força de nos convertermos totalmente a Ele.
E O partilhamos tocando os outros com a nossa fragilidade de barro que transporta um tesouro.
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