O Senhor
vem julgar a terra.
«Tudo o que respira louve o
Senhor!»
S. Lucas 21,5-11.
Naquele
tempo, como alguns falassem do templo, comentando que estava adornado de belas
pedras e de piedosas ofertas Jesus disse-lhes: «Virá o dia em que, de
tudo isto que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra. Tudo será
destruído.»
Perguntaram-lhe, então: «Mestre, quando sucederá isso? E
qual será o sinal de que estas coisas estão para acontecer?»
Ele
respondeu: «Tende cuidado em não vos deixardes enganar, pois muitos virão em
meu nome, dizendo: 'Sou eu'; e ainda: 'O tempo está próximo.' Não os sigais.
Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis; é
necessário que estas coisas sucedam primeiro, mas não será logo o fim.»
Disse-lhes depois: «Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino.
Haverá grandes terramotos e, em vários lugares, fomes e epidemias;
haverá fenômenos apavorantes e grandes sinais no céu.»
Comentário :
«Louvai a Deus no Seu santuário. [...] Tudo o que respira louve o
Senhor!» (Sl 150, 1;6)
Já na Antiga Aliança havia uma certa compreensão do carácter eucarístico da
oração. A prodigiosa construção da Tenda da Aliança (cf Ex 25ss), tal como
mais tarde a do Templo de Salomão (cf 1Rs 5-6), é imagem de toda a Criação
agrupando-se em torno do seu Senhor para O adorar e servir. [...] Da mesma
forma que, segundo a narração da Criação, o céu foi desdobrado como um toldo
(cf Sl 104 [103],2), assim também a Tenda foi constituída por painéis de
tecido; do mesmo modo que as águas que estavam sob o firmamento foram
separadas das que estavam por cima (cf. Gn 1,7), assim também o véu do Templo
separava o Santo dos Santos dos espaços envolventes. [...] O candelabro de
sete braços era igualmente símbolo dos luzeiros do céu, tal como cordeiros e
pássaros representavam a abundância de seres vivos que habitam as águas, os
solos e os ares. E do mesmo modo que a terra foi confiada ao homem (cf Gn 1,
28), cabia ao Sumo Sacerdote permanecer no Santuário (Lv 21,10ss). [...]
Em lugar do Templo de Salomão, Cristo edificou um templo de pedras vivas (cf
1Pe 2,5), a comunhão dos santos, no centro do qual Ele permanece como Sumo
Sacerdote eterno e sobre cujo altar é Ele próprio o sacrifício oferecido
eternamente. E desta liturgia é participante toda a Criação: os frutos da
terra, a ela associados em misteriosa oferenda, assim como as flores, as
lâmpadas, as tapeçarias e o reposteiro do templo, o sacerdote consagrado, a
unção e a bênção da casa de Deus.
Nem sequer os querubins estão ausentes, eles cujas figuras esculpidas montavam
guarda ao Santo dos Santos: agora são os monges que, semelhantes aos anjos,
não cessam de louvar a Deus dia e noite, na terra como no céu. [...] Os seus
cânticos de louvor convidam desde a aurora toda a Criação a enaltecer em
uníssono o Senhor: montanhas e colinas, rios e cursos de água, mares e terra
firme e tudo o que aí habita, nuvens e ventos, chuva e neve, todos os povos da
terra, homens de todas as raças e condições, habitantes do Céu, todos os
Santos e Anjos de Deus (cf Dn 3, 57-90). [...] Devemos associar-nos, na nossa
liturgia, a este louvor eterno de Deus. Nós, quem? Não apenas os religiosos
regulares [...], mas todo o povo cristão.
Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita, mártir,
co-padroeira da Europa
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