A Santíssima Virgem é a saúde dos enfermos pelas suas inúmeras curas
providenciais ou mesmo verdadeiramente milagrosas, obtidas por sua
intercessão em tantos santuários da cristandade ao curso dos séculos e
de nossos dias. O número incalculável dessas curas é tal que se pode
dizer que Maria é um mar insondável de curas milagrosas. Mas Ela só cura
o corpo para trazer remédio as enfermidades da alma.
Cura
principalmente as quatro feridas espirituais, que são as consequências
do pecado original e de nossos pecados pessoais, feridas da
concupiscência, imperfeições, ignorância e malícia. Cura a
concupiscência ou a cobiça que está na sensibilidade, amortecendo o
ardor das paixões, quebrando os atos criminosos. Faz com que o homem
comece a querer mais fortemente o bem para afastar os maus desejos e
também fique mais sensível a embriaguez das honras e o atrativo das
riquezas. Assim Ela cura "a concupiscência da carne e dos olhos."
Traz
remédio às feridas das imperfeições que é a fraqueza em relação ao bem,
a preguiça espiritual. Ela dá a vontade a constância para aplicar a
virtude, e desprezar os atrativos do mundo para se lançar nos braços de
Deus. Fortalece os fracos, reergue os caídos.
Dissipa as trevas da ignorância, fornece os meios para abandonar o erro.
Lembra as verdades religiosas, ao mesmo tempo, tão simples e tão
profundas exprimidas no Pai Nosso. Com isso esclarece a
inteligência e a eleva a Deus. Santo Alberto o Grande que d'Ela recebera
tanta luz para perseverar em sua vocação e superar as armadilhas do
demônio, disse muitas vezes que Ela nos preserva dos desvios que tira a
retidão e a firmeza do julgamento, que nos cura da lassidão na procura
da verdade, e que nos leva a um conhecimento saboroso das coisas
divinas. Ele mesmo, em seu Mariale, fala de Maria com uma
espontaneidade, uma admiração, um frescor, uma abundância que raramente
se encontra em um homem de estudo. Enfim Ela cura a ferida espiritual da
malícia, compelindo para Deus as vontades rebeldes, tanto com
ternos avisos, como com repreensões severas. Por sua doçura detém os
desatinos da cólera, por sua humildade abafa o orgulho e afasta
as tentações do demônio. Inspira os homens para que renunciem a vingança
e se reconciliem com seus irmãos, fazendo-os entrever a paz que se
encontra na casa de Deus.
Em uma palavra, Ela cura o homem das feridas do pecado original
agravadas pelos nossos pecados pessoais. Algumas vezes, essas curas
espirituais são milagrosas por serem imediatas como aconteceu com o
jovem Afonso Ratisbonne, israelita, afastado da Fé católica, que por
curiosidade visitava a Igreja de Santo André delle Frate em Roma, e a
quem a Santíssima Virgem apareceu como está representada na medalha
milagrosa, com os raios de luz que saiam de suas mãos benditas. Com
bondade lhe fez sinal para que se ajoelhasse. Ele se ajoelhou, perdeu os
sentidos e quando voltou a si, exprimiu o desejo que sentia de receber o
batismo o mais cedo possível. Mais tarde ele fundou com seu irmão que
se convertera antes dele, os Padres de Sion e as Religiosas de Sion para
rezarem, sofrerem e trabalharem pela conversão dos judeus, dizendo
todos os dias na Missa: "Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem."
É ai que Maria se mostra esplendidamente 'saúde dos enfermos.'
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