2º DOMINGO DO
ADVENTO
09 de Dezembro
de 2012
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“Todas as pessoas verão a salvação de
Deus”
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Leituras:
Baruc 5, 1-9;
Salmo 126 (125), 1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R/3);
Carta de São Paulo aos Filipenses
1, 4-6.8-11;
Lucas 3, 1-6.
COR LITÚRGICA: ROXA
Nesta páscoa
semanal de Jesus, a voz de João Batista continua clamando no deserto de nossa
realidade, convidando-nos à conversão e nos preparando para escutar a Voz do
Senhor. Andamos por caminhos tortuosos de injustiça, corrupção e violência.
Suplicamos para que Ele venha endireitar nossas estradas e nos ajudar a fazer
de nossa terra uma casa de irmãos, um lugar de vida feliz e abundante para
todos.
1.
Situando-nos
Quando vier pela segunda vez, o
Senhor deverá nos encontrar preparados, razão pela qual temos de nos converter,
tal como o Batista pregava junto ao rio Jordão.
Será necessário preparar o caminho
do Senhor, endireitar suas veredas, aterrar os vales, rebaixar as montanhas e
colinas, tornar retas as passagens tortuosas e aplainar os caminhos
acidentados. A convocação é para uma mudança radical, conversão de verdade.
Mudança de mentalidade e de atitudes profundas.
Se olharmos para a nossa realidade,
percebemos tantos “caminhos” que precisam ser endireitados. O Senhor virá e
toda a terra verá a salvação, os frutos da justiça irão florescer.
Ele nos dará o dom do discernimento
para fazermos opções, de acordo com a proposta do seu Reino. Nesta celebração,
renovamos nossa fé no Senhor que não nos abandona jamais.
2.
Recordando a Palavra
O texto proposto pelo evangelho de
Lucas pertence ao bloco narrativo de preparação para o ministério público de
Jesus (3,1-4,13). João Batista é chamado a preparar o caminho do Senhor. O seu
ministério está situado num tempo histórico bem determinado (3,1-2), para
mostrar que a salvação de Deus se manifesta na realidade humana concreta.
João é o profeta de Deus que
inaugura o período do cumprimento de suas promessas, centradas em Jesus. O
filho de Zacarias, aquele que foi lembrando por Deus, instaura o novo tempo de
salvação. O chamado de João recorda o do profeta Jeremias: “Antes de formar-te
no seio de tua mãe, eu te conhecia, antes de saíres do ventre, eu te consagrei
e te fiz profeta para as nações” (Jr 1,5).
O precursor do Messias começa sua
atuação no deserto, lugar do êxodo da escravidão para a vida nova. João
percorre a região do Jordão e sua palavra profética convida à conversão, a uma
mudança de atitudes.
O seu batismo expressa a disposição
interior de caminhar na vida nova, proporcionada pela experiência da salvação.
Sua missão prepara o povo para acolher o Reino de Deus, revelado plenamente em
Jesus.
Lembrando a mensagem profética de
segundo Isaías, que havia sustentado a esperança dos exilados, João é a voz que
clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. As
passagens tortuosas serão endireitadas. Todas as pessoas verão a salvação de
Deus” (3,4-6; Is 40, 3-4).
Trata-se de uma mudança radical de
vida para acolher o dom gratuito da salvação, oferecido a todas as pessoas em
Cristo.
Baruc, na primeira leitura,
apresenta uma mensagem de esperança, convidando a mudar a veste, como sinal da
libertação que está surgindo. Durante os ritos de lamentações, as vestimentas
eram substituídas por vestes de saco (Gn 37,34). Jerusalém, iluminada pela luz
do Senhor, o Sol nascente. Veste o manto da justiça e recebe um nome novo: “Paz
na justiça e glória na piedade”.
Com a esperança profética do
segundo Isaías, Baruc descreve a nova estrada no deserto, o caminho do encontro
com Deus, que leva a “abaixar os montes, as colinas, encher os vales, até
plainar o solo, para que o povo caminhe com segurança”. O solo árido é
transformado pelas chuvas, e a caminhada de esperança pela presença do Senhor
que guia para um novo êxodo com sua justiça e misericórdia.
O Salmo 126 (125) celebra a alegria
e a gratidão pela volta dos exilados. A linguagem da semeadura e do crescimento
da planta descreve a mudança da situação, proporcionada pela bondade do Senhor.
A lembrança das intervenções salvíficas de Deus no passado suscita a esperança
na ação que continua no presente.
A segunda leitura pertence à ação
de graças que Paulo eleva a Deus pela participação dos filipenses no anúncio do
evangelho. A comunidade compartilha a alegria e o sofrimento por causa da Boa
Nova de Jesus. A evangelização é obra da ação do Senhor que levará à perfeição o
trabalho começado.
Com a ternura de Cristo, Paulo
suplica que “o amor cresça sempre mais, em todo conhecimento e experiência,
para discernir o que é melhor” (1,9-10). Assim, as pessoas podem esperar a
vinda do Senhor, plenas dos frutos da justiça. A vida ética torna-se o fruto do
novo relacionamento com Deus.
3.
Atualizando a Palavra
Hoje o Senhor nos chama a preparar o
caminho, de maneira especial através da mensagem e do testemunho de João
Batista. O apelo à conversão, “metanoia”,
em grego, convida a uma mudança na forma de viver, de pensar e de agir, para
seguir com radicalidade o projeto de Deus a serviço da vida. Um novo céu e uma
nova terra surgem a partir da transformação do nosso coração.
João vem do deserto, lugar de
encontro com Deus, para convidar a preparar o caminho, a endireitar as veredas,
para fazer a experiência da salvação. É necessário disponibilidade interior
para acolher o dom gratuito do amor de Deus, revelado em Jesus. O Reino de
justiça inaugurado com a vida e a entrega de Jesus nos compromete a trabalhar
em prol de sua realização plena.
Somos chamados a vestir o manto da
justiça e da misericórdia, a levantar e a subir ao alto, para perceber os
sinais de libertação que estão chegando com o Messias Salvador.
É preciso preparar o caminho para
que a “Paz na justiça” se manifeste plenamente. Os gestos de amor solidário nos
mantêm no caminho de Jesus, na fidelidade aos valores do Evangelho.
Eusébio, bispo de Cesaréia, em seu
comentário sobre o profeta Isaías, afirma: “uma
voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, aplainai a estrada de
nosso Deus’ (Is 40,3). A voz ordena que se prepare um caminho para a Palavra de
Deus e se aplainem os terrenos escarpados e ásperos, a fim de que o nosso Deus
possa entrar quando vier. Preparai o caminho do Senhor (Mc 1,3): é esta a
pregação evangélica que traz um novo consolo e deseja, ardentemente, que o
anúncio da salvação de Deus chegue a todos os homens. Sobe a um alto monte tu
que trazes a Boa Nova a Sião. Levanta com força a voz, tu, que trazes a Boa
Nova a Jerusalém (Is 40,9). E o que significa anunciar a Boa Nova? É proclamar
a todos os homens e às cidades a vinda de Cristo na terra” (Liturgia das
Horas, volume I, PP. 167-168).
4.
Ligação com ação litúrgica
Cristo está no meio de nós, nos
reúne e ainda reparte conosco sua Palavra e seu próprio Corpo e Sangue.
Orientados pela Palavra de vida e
salvação, renovamos nossa fé no Reino de Deus, com o coração convertido e
dispostos a trabalhar, para que a Boa Notícia seja anunciada a todos. Só
seremos capazes de tal prática, auxiliados pela misericórdia do Senhor que nos
dá sabedoria para discernirmos o que é melhor.
O pão da vida nos alimenta e nos revigora
para trilharmos as “regiões” do nosso interior, da nossa sociedade, do nosso
mundo, sendo sinal visível de conversão no nosso dia-a-dia, com espírito
vigilante, até a feliz realização de seu Reino.
Vivamos intensamente este tempo de
advento, pois o Senhor vem nos salvar.
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