3º DOMINGO DO
ADVENTO
16 de
dezembro de 2012
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“Alegrai-vos! O Senhor está próximo”
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Leituras:
Sofonias 3, 14-18a;
Salmo: Isaías 12, 2-3.4bcd.5-6 (R/6);
Carta de São Paulo
aos Filipenses 4, 4-7;
Lucas 3, 10-18.
COR LITÚRGICA: ROXA
O terceiro Domingo do Advento é conhecido como “Domingo da
Alegria”. O mundo em que vivemos está carente de alegria. A depressão tornou-se
a doença dos tempos modernos. Muitos, na ânsia de ter alegria, agarram-se a
coisas e pessoas que, no máximo só lhes conseguem proporcionar momentos fugazes
de prazer. Nossa verdadeira alegria encontra-se no Senhor: “Alegrai-vos sempre
no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto” (Fl 4, 4.5).
1. Situando-nos
Alegrai-vos! O Senhor está próximo!
Nesta certeza, celebramos o terceiro domingo do advento, chamado o “domingo da
alegria”. Há muitas definições de alegria, uma delas é a manifestação de
contentamento e júbilo.
Estamos em tempo de preparação e
espera. Mas a liturgia, hoje, nos convida a uma espera alegre. O “Prometido”
está para chegar, por isso, somos tocados por uma alegre exultação. O “Esperado”
se aproxima, e mesmo em meio à dor, somos convidados a cantar de alegria e
rejubilar.
Nos tempos da ditadura militar
brasileira, uma música de Caetano Veloso retratou a luta do povo brasileiro em
prol da democracia e da liberdade de expressão. Mesmo em meio à dor, Caetano
exaltou a felicidade e a alegria com a música “Alegria, alegria”, chamando o
povo sofrido à vida e denunciando a morte.
Hoje há tantas situações que
precisam da alegria, mas, desta alegria que é o próprio “Esperado” que vem e
transforma nossas vidas: a guerra em paz, a fome em fartura, a desolação em
consolo, o ódio em amor, o desespero em esperança, as trevas em luz... .
Perante a proximidade da vinda do
Senhor, somos convidados a mudar de atitudes e comportamentos. Madre Teresa de Calcutá
dizia “... sermos felizes com Deus agora significa: amar como Ele ama, ajudar
como Ele ajuda, dar como Ele dá, servir como Ele serve, salvar como Ele salva,
ficar vinte quatro horas com Ele, encontrá-lo em suas tristes aparências”.
2.
Recordando a Palavra
No evangelho de hoje, as pessoas
que estão à margem da sociedade acolhem a palavra de Deus anunciada por João.
“Que devemos fazer?”, perguntam as multidões, os publicanos e os soldados.
A resposta do precursor de Jesus
exige radicalidade a ser demonstrada no cuidado abnegado dos irmãos
necessitados. João, seguindo a tradição dos profetas antigos, mostra que a
conversão consiste em praticar a justiça e a fraternidade (3,10-14).
A pregação de João apresenta
elementos que Jesus, também, utilizará em seu ensinamento. Quem compartilha
metade de suas roupas, e metade de seu alimento, é como Zaqueu que partilha
metade de seus bens com os pobres (19,8).
Os publicanos, discriminados por
coletarem os impostos para os romanos, acolhem a mensagem de Jesus (5,27-29;
15,1). Os soldados, desprezados por servir o Império, se deixam tocar pelo
evangelho de Cristo (7,1-10; 23,47).
A ação e o testemunho de João fazem
renascer a expectativa da vinda do Messias, isto é, o Ungido de Deus, para
restaurar a vida do povo. Mas, João é o precursor e se considera inferior ao
escravo mais humilde, encarregado de desatar as correias das sandálias.
O batismo de João simboliza a
conversão e prepara para receber o definitivo em Cristo. Como Messias, “Jesus
batizará com o Espírito Santo e com fogo”, realizando plenamente as promessas
da salvação.
A imagem da pá, separando os grãos
de trigo da palha, acentua o sentido radical do anúncio profético de esperança
que prepara o tempo novo, Jesus de Nazaré, o Messias, o Enviado de Deus, traz a
Boa Nova da salvação, transformando as situações que impedem o crescimento do
Reino. Sua presença libertadora proclama a chegada do Reino de Deus que
proporciona alegria e paz, sobretudo às pessoas marginalizadas.
A profecia de Sofonias, na primeira
leitura, convida à alegria e ao júbilo, pois o Senhor manifestou sua presença
de salvação no meio do povo. A sentença foi revogada e foram afastados os
poderosos opressores que causaram destruição e exílio.
A ação do Senhor suscita novas
lideranças, a partir de um povo pobre e humilde que confia na sua presença de
amor. A presença do Senhor consola e encoraja na missão de reconstruir a
identidade e o país: “Não temas porque o Senhor está no meio de ti. Ele se
compadece, ama e se alegra por ti, como nos dias de festa”.
O salmo é o cântico de Isaías 12,
uma ação de graças ao Senhor, que se revela como salvação no meio povo. A
experiência de “beber no manancial da salvação”, na fonte onde jorra a
verdadeira vida, leva a divulgar as maravilhas do Deus Salvador por toda a
terra.
Na segunda leitura, Paulo convida
os filipenses a exultar de alegria, pois o Senhor está próximo. O apóstolo
ensina a testemunhar o evangelho com alegria, em meio às provações, à
experiência da prisão, por causa de Cristo (1,12-26).
A comunidade, enquanto aguarda a
vinda do Senhor, deve ser identificada pela bondade e pelo amor solidário. É
chamada a confiar suas necessidades ao Senhor em oração, súplica e ação de
graças, confiando plenamente em sua palavra. A paz de Deus, que ultrapassava
toda compreensão humana, guarda o coração e os pensamentos em Cristo Jesus.
3.
Atualizando a Palavra
Este é o domingo “Gaudete”, isto é, da alegria, pois “o
Senhor está próximo”. Sua salvação já está atuando em nosso meio pela ação do
Espírito Santo, fortalecendo a nossa missão a serviço da vida. João Batista nos
chama a uma conversão autêntica, manifestada com frutos de justiça e de
fraternidade.
O apelo do precursor do Messias
leva a assumir atitudes essenciais que consistem em compartilhar roupas e
comida, ou seja, os bens que possuímos; a não praticar injustiças, extorsões; a
não oprimir, abusando do poder e acusando falsamente.
Trata-se de uma conversão pessoal e
social para acolher Jesus Cristo, Palavra do Pai, que vem revelar o seu nome.
Santo Agostinho, num de seus
sermões, dizia: “João era a voz, mas o Senhor, no princípio, era a Palavra (Jo
1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra desde o princípio. João é a
voz do que grita no deserto, do que rompe o silêncio. Aplainai o caminho do
Senhor, como se dissesse: ‘Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o
Senhor aos vossos corações. Mas ele não se dignará vir aonde o quero levar, se
não preparardes o caminho’. Imitai o exemplo de João. Julgam que é o Cristo e
ele diz não ser aquele que julgam. Se tivesse dito: ‘Eu sou o Cristo’,
facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o
dissesse. Mas não disse; pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não
era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreende que era uma
lâmpada”.
A exortação da liturgia de hoje é
parte integrante da mensagem da alegria e salvação, que vem de Deus. É
necessário manifestar nossa alegria na retidão e na bondade de nossa forma de
viver.
A proximidade do Senhor, a sua
presença em nosso meio, nos proporciona viver na alegria, na tranquilidade, na
oração e na paz. A transformação pessoal nos compromete a tornar as estruturas
deste mundo mais de acordo com o Evangelho e o Reino de Deus.
4.
Ligação com ação litúrgica
“Alegrai-vos irmãos no Senhor, sem
cessar eu repito alegrai-vos... perto está o Senhor...”, assim iniciamos
cantando, neste domingo do advento.
A Palavra nos traz alento, conforto
e nos encoraja a assumir a proposta do Reino, mudando atitudes contrárias à
vida. Renovados por esta Palavra de salvação, podemos exultar e dar graças ao
Senhor, Pai santo, Deus eterno, pois Jesus foi predito por todos os profetas,
esperado com amor de mãe pela Virgem Maria, foi anunciado e, mostrado presente
no mundo por João Batista.
Hoje a nós é dada a alegria de
entrarmos no mistério do seu Natal, para que sua chegada nos encontre
vigilantes na oração e celebrando os seus louvores (cf. Prefácio do Advento
II).
O Senhor é nossa força e nos faz
beber no manancial da salvação. É preciso dizer aos desanimados: coragem, não
temais; eis que chega o nosso Deus, ele mesmo vai salvar-nos (antífona da
comunhão). De fato, as mesas onde o Senhor oferta sua vida nos reanima e nos
fortalece para guardamos nossos corações e pensamentos no Cristo Jesus,
adquirindo os seus sentimentos e atitudes.
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