SAGRADA
FAMÍLIA
30 de
dezembro de 2012
"Devo estar na casa de meu Pai "
O quanto de bom existe na nossa pequena família também.
|
O Filho está envolvido com as
coisas do Pai.
|
Leituras:
Eclesiástico 3, 3-7.14-17a;
Salmo 128 (127), 1-2.3.4-5 (R/cf. 1);
Carta de São
Paulo aos Colossenses 3,12-21;
Lucas 2, 41-52.
COR LITÚRGICA: BRANCA
Nesta Eucaristia,
que se realiza na “oitava de Natal”, somos convidados, pela liturgia, a
olharmos a Sagrada Família de Nazaré. Ela já vivia na comunhão com Deus, antes
do nascimento de Jesus, e continua depois do Natal, com as dificuldades da
vida, pelas quais passam todas as famílias da terra. Peçamos nesta celebração
que o Senhor possa abençoar todas as famílias, em especial as famílias de nossa
comunidade, e que possamos ter a Sagrada Família como exemplo para nossas
famílias.
Situando-nos
A festa da Sagrada Família se
insere no tempo do Natal, ou seja, “tempo da manifestação” do Senhor. Quer
dizer, o Verbo eterno do Pai se torna humano, vem morar entre nós.
Celebrando a Sagrada Família,
valorizamos a vida de nossas famílias como santuário da vida, lugar da vivência
da gratuidade, do amor e do perdão, sacramento do mundo novo, apesar dos seus
inevitáveis contratempos.
Nesta celebração, o Pai nos convida
a entrar no mistério sempre atual da encarnação do Filho, na realidade de uma
família que, independente de seus limites, é convidada a assumir o caminho de
Jesus, como Maria e José que foram fiéis a Deus, apesar das vicissitudes da
época.
A Palavra de Deus neste domingo nos
introduz no mistério desta Família. Estejamos com olhar atento para ver o
quanto de bom existe na nossa pequena família também.
1.
Recordando a Palavra
O texto do evangelho de Lucas
acentua a relação de Jesus com o Pai, sinalizando que sua missão ultrapassa os
limites da família a que pertence pelos laços de sangue. Jesus participa com os
pais da peregrinação a Jerusalém, para celebrar a festa da Páscoa. Ele começa a
sentir a alegria de viver na comunidade dos fiéis israelitas, pois já tinha
completado doze anos, idade da maturidade, época da preparação para a cerimônia
do “bar mitzvá”.
Terminando a festa da Páscoa, que
costumava durar sete dias, José e Maria tomam o caminho de volta a Nazaré da
Galileia. Jesus permanece em Jerusalém e os pais notaram sua ausência entre os
companheiros de viagem. Então, voltam a Jerusalém e, após três dias de procura,
o encontram sentado entre os mestres da Lei, participando ativamente do
ensinamento ministrado nos átrios do templo.
As pessoas, que acompanhavam o
ensinamento dos mestres da Lei, ficavam maravilhadas com a sabedoria de Jesus.
Aos pais aflitos que o procuravam, Jesus revela o sentido de sua missão: “Não
sabíeis que devia estar na casa do meu Pai?” (2,49).
O Filho está envolvido com as
coisas do Pai, pois foi enviado para realizar a sua vontade. Depois disso,
Jesus volta com os pais para Nazaré e continua vivendo na obediência,
prefigurando sua doação total por amor, como servo obediente ao Pai.
Maria “guardava todas estas coisas
no coração” (2,51). Como modelo de discípula, ela conserva a palavra e os
acontecimentos para compreender a missão do Filho. “Jesus ia crescendo em
sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens” (2,52), colocando-se,
desde a infância totalmente a serviço da vontade do Pai, revelada N´Ele pelo
Espírito Santo. A romaria a Jerusalém prefigura sua caminhada final até lá
(9,51-19,27), onde culmina sua missão salvífica.
A primeira leitura, do livro do
Eclesiástico, orienta as relações familiares, lembrando aos filhos o dever de
honrar pai e mãe, conforme ensina o quarto mandamento (cf. Ex 20,12; Dt 5,16).
Exorta a consolar, a ter compaixão e amparar os pais na velhice; a ter piedade,
isto é, respeito e dedicação com aqueles que geravam a vida. Assim, o sábio
autor do livro escreve no início do século II a.C., colocando a família como
instrumento eficaz para permanecer na fidelidade à aliança.
O Salmo 128 (129) é sapiencial e
fala da vida familiar feliz e harmoniosa. A fidelidade os ensinamentos do
Senhor leva a trilhar os seus caminhos de felicidade. “Que o Senhor te abençoe
cada dia de tua vida”.
A segunda leitura, da carta aos
Colossenses, reflete sobre as relações humanas em todas as dimensões,
sobretudo, no âmbito familiar. Impele a revestir-se das virtudes e atitudes
essenciais para seguir o caminho da vida nova em Cristo. Mostra que a
compaixão, a bondade, a humildade, a mansidão, a paciência e o perdão mútuo
culminam na caridade que é o vínculo da perfeição.
O amor é o alicerce da vida familiar
e cristã, pois leva a formar um só corpo em Cristo Jesus. A escuta da palavra, a
ação de graças e o louvor com salmos, hinos e cânticos espirituais proporcionam
viver os deveres recíprocos no amor.
2.
Atualizando a Palavra
A Sagrada Família de Nazaré cumpre
seus compromissos religiosos e ilumina as relações entre pais e filhos, sendo
modelo para todos os lares. Mas Jesus revela que sua família, mais do que nos
laços de sangue, está centrada na obediência a Deus, Pai comum de todas as
pessoas que crêem e realizam a sua vontade.
Compreender a vontade do Pai, seus
desígnios, seu projeto de amor, exige meditação, oração e contemplação
constante de sua palavra. Maria conservava no coração a palavra, os
acontecimentos da salvação, acolhendo com fé o plano de amor do Pai, que se
revela no Filho. Sua atitude de discípula ilumina a nossa caminhada a serviço
do Evangelho de Cristo.
O Filho de Deus vindo a terra numa
família humana, oferece a ocasião para refletir sobre a família como ambiente
vital e social, onde cada ser humano se insere ao nascer. Ele ensina a viver o
amor filial, a comunhão, a solidariedade, a partilha.
O amor é o elemento essencial que
faz reinar a paz e a harmonia nas famílias. É o critério para viver a
felicidade em Deus e a fonte da unidade familiar.
O Catecismo da Igreja Católica
afirma que a “Família cristã é uma
comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora
do Pai. Ela é chamada a partilhar a oração e do sacrifício de Cristo. A oração
cotidiana e a leitura da Palavra de Deus fortificam nela a caridade. A família
cristã é evangelizadora e missionária. As relações dentro da família acarretam
uma afinidade de sentimentos, de afetos e de interesses, afinidade essa que
provém, sobretudo, do respeito mútuo entre as pessoas. A família é uma
comunidade privilegiada, chamada a realizar uma carinhosa abertura recíproca de
alma entre os cônjuges e, também, uma atenta cooperação dos pais na educação
dos filhos” (Catecismo da Igreja Católica, p.576).
4.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
A nossa reunião dominical na casa
do Senhor (Igreja) é expressão sinal de nossa caminhada com o Senhor e do
desejo de vivermos como irmãos, numa família sagrada, unidos pelos laços da fé
e da solidariedade.
A cada encontro dominical, à mesa
da grande família, vamos crescendo pela sabedoria e força que nos vêm pela
Palavra e pelo Pão eucarístico partilhado, até, unidos na busca da justiça e
dias melhores para todos, chegarmos a “fazer a vontade do Pai”, conforme o dom
e a vocação e cada um.
Um desejo, uma busca essencial em
relação à vida da família hoje, com certeza, deve ser procurado no exercício da
caridade que é a fonte da unidade familiar (caridade entendida como vivência da
gratuidade, do perdão e do amor, do exercício de relações verdadeiras, da
prática da misericórdia, da partilha e da solidariedade).
Nenhum comentário:
Postar um comentário