ANO NOVO
SANTA MARIA
MÃE DE DEUS
01 de janeiro de 2013
Maria guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu
coração!
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“Quando Chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”
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Leituras:
Números 6, 22-27;
Salmo 67 (66), 2-3.5-6.8 (R/cf. 2a);
Carta de São Paulo aos Gálatas
4, 4-7;
Lucas 2, 16-21.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Nesta primeira
celebração do ano de 2013, o Mistério do Natal do Senhor nos introduz na
contemplação da Maternidade de Maria. Rendemos graças a Deus por esta
maternidade, pois gerando Jesus, possibilitou que a Salvação fosse uma realidade
em nossa vida. Agradeçamos por este ano que termina e peçamos que o novo ano possa
trazer as bênçãos de Deus.
1. Situando-nos
Estamos vivenciando as festas
natalinas, com a celebração da manifestação do Senhor em nossa vida e história.
Nossa atenção se volta ao mistério da Mãe do Senhor sob o título de “Mãe de
Deus”.
Ao afirmar que o Menino, nascido de
Maria, é Deus (por exemplo, cf. Gl 4,4), em decorrência disso, a Igreja
proclamou que Maria é Mãe de Deus. E isso não é de agora. Desde muito, nós
cristãos honramos “... Maria sempre Virgem, solenemente proclamada santíssima Mãe
de Deus pelo Concílio de Éfeso, para que Cristo fosse reconhecido, em sentido
verdadeiro e próprio, Filho de Deus e Filho do homem, segundo as Escrituras”
(UR, n.15: Decreto conciliar sobre a reintegração da Unidade dos cristãos).
Neste dia Mundial da Paz, iniciando
um novo ano, a paz é desejada, suplicada como sinal da benção e da proteção
permanente de Deus. É em nome de Jesus, a plenitude da benção, que invocamos
bênçãos de paz sobre nós e sobre os povos em conflito.
Com o exemplo de Maria no seu sim
incondicional, vamos assumir “de boa vontade” a proposta de Jesus de sermos
promotores da paz em nossos lares e na sociedade em que vivemos.
2.
Recordando a Palavra
O texto do evangelho pertence às
narrativas da infância (caps. 1-2) e mostra que os pastores, após terem
recebido a Boa Notícia do nascimento de Jesus, se dirigem às pressas a Belém.
Encontram na simplicidade de Maria, de José e do recém-nascido, o sinal da
salvação vinda de Deus. Tornam-se, assim, anunciadores do Salvador, da luz que
resplandece para todos os povos.
“Quando o viram, contaram as
palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino” (2,17). O testemunho
dos pastores leva outras pessoas a fazerem a experiência da salvação, aderindo
a Jesus. “Maria guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu
coração” (2,19).
Ela permanece na escuta da palavra
para compreender o plano divino de amor revelado em Cristo. A atitude
meditativa da mãe, atenta à missão do Filho, ensina a viver com fidelidade o
caminho do discipulado.
Os pastores “voltam louvando e
glorificado a Deus por tudo o que tinha visto e ouvido” (2,20). Retornam às
atividades e à missão, transformados pelo encontro com o Senhor, manifestado na
simplicidade e na pobreza.
Tornam-se testemunhas da glória de
Deus, revelada em Jesus; anunciadores de sua mensagem, num clima de alegria e
de celebração. O louvor caracteriza a experiência dos que se deixam envolver
pela solidariedade de Deus, manifestada em Jesus.
O menino é circuncidado no oitavo
dia, como sinal da aliança (cf. Gn 17) e da inserção na história do povo. Ele
recebe o nome de Jesus que significa “Deus salva”. Esse nome, escolhido pelo
próprio Deus (1,31), destaca que Jesus é enviado para ser o Salvador da
humanidade.
Ele é o Emanuel, isto é, o Deus
conosco, sempre presente na vida e na história humana (cf. Mt 1,23; 28,20).
Desde a encarnação até a ressurreição e glorificação junto ao Pai, Cristo se
manifesta como dom gratuito da salvação, como portador da “vida em abundância”,
para todas as pessoas (cf. Jo 10,10).
A primeira leitura, do livro dos
Números, é uma fórmula de bênçãos. Os sacerdotes costumavam invocar a benção do
Pai no final das grandes solenidades litúrgicas, sobretudo, na festa do ano
novo. A repetição do nome do Senhor, no início de cada versículo, enfatiza que
a eficácia da benção provém dele. O Senhor abençoa, proporcionando a força da
salvação.
O Senhor faz resplandecer a sua
face como gesto favorável de bondade. Nos tempos de aflições, no exílio,
acreditava-se que Deus tinha escondido a sua face e abandonado o povo. O Senhor
abençoa e guarda, é benevolente e concede a paz, “shalom”, que abrange todos os dons. O ser humano pode invocar o
nome Deus, a sua benção, pois Ele é a fonte de toda a vida.
O Salmo 67(66) agradece pelas
colheitas e suplica a benção, o favor divino, para o ano que começa. O Deus da
aliança abençoa fazendo a terra produzir frutos abundantes para todas as
pessoas. Ele julga o universo com justiça e governa os povos com misericórdia e
retidão.
Paulo, na segunda leitura da carta
aos Gálatas, acentua que “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu
Filho, nascido de uma mulher” (4,4). Deus intervém na historia humana e envia
seu Filho para realizar suas promessas de salvação. O Filho vem “para resgatar
os que estavam sob a Lei, a fim de que todos recebêssemos a adoção filial”
(4,5).
O Espírito, que conduziu a vida de
Jesus, nos proporciona viver na liberdade de filhos e filhas e aclamar de forma
carinhosa, confiante e filial: Abba, Pai. Já não somos escravos, porque a
ternura do Pai, revelada em Cristo, nos libertou para sermos filhos e
herdeiros. O fato de sermos filhos e um mesmo Pai nos torna irmãos uns dos
outros, solidários, como Cristo.
3.
Atualizando a Palavra
A palavra de hoje ressalta a
imposição do nome de Jesus, sua inserção na sociedade humana. Como o Filho de
Deus, nós também recebemos um nome ligado à nossa existencial e à nossa missão.
A Atitude dos pastores nos ensina a
acolher e anunciar a Boa Notícia da presença do Salvador em nosso meio. Com Jesus,
nos tornamos herdeiros da salvação e podemos clamar: Abba, Pai, vivendo
fraternalmente como irmãos e irmãs.
Maria, a mãe de Jesus, é imagem da
comunidade fiel e comprometida com o plano da salvação. “Modelo para todo fiel
de acolhimento dócil da Palavra divina, ela conservava todas estas coisas,
ponderando-as no seu coração (Lc 2,19; cf. 2,51) e sabia encontrar o nexo
profundo que une os acontecimentos, os atos e as realidades no grande desígnio
divino. Na figura da mãe de Deus, encontramos de forma sublime os passos do lectio divina, a leitura orante da
Palavra de Deus. Começa com a leitura (lectio)
do texto que suscita a interrogação sobre um autêntico conhecimento do seu
conteúdo: o que diz o texto bíblico em si? Segue-se, depois, a meditação (meditatio), durante a qual nos
perguntamos: que nos diz o texto bíblico? Cada um pessoalmente, mas também como
realidade comunitária, deve deixar-se sensibilizar e pôr em questão, porque não
se trata de considerar palavras pronunciadas no passado, mas no presente.
Sucessivamente chega-se ao momento da oração (oratio) que supõe a pergunta: que dizemos ao Senhor, em resposta à
sua Palavra? A oração enquanto pedido, intercessão, ação de graças e louvor, é
o primeiro modo como a Palavra nos transforma. Finalmente, a lectio divina conclui-se com a
contemplação (contemplatio) durante a
qual assumimos como dom o seu próprio olhar, ao julgar a realidade, e
interrogam-nos: qual é a conversão da mente, do coração e da vida que o Senhor
nos pede? Há que recordar ainda que a lectio
divina não está concluída, na sua dinâmica, enquanto não chegar à ação (actio) que impele a existência do fiel a
doar-se aos outros na caridade?”
Invoquemos com confiança a benção
do Senhor, o Deus de bondade, sobre todos os povos e nações, neste Dia Mundial
da Paz. Que ele guarde, ilumine, mostre a sua face de Pai e dê a paz a todos.
Com Jesus, o Filho de Maria, a maior benção da salvação para toda a humanidade,
nos comprometemos a trabalhar alegremente na construção da paz.
4.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
No oitavo dia de Natal, a Igreja
celebra a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus e, nela o mistério da salvação
em Cristo Jesus. O núcleo desta solenidade é a benção dada à humanidade e prometida
a Abraão: “Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gn 12,3).
Esta benção se cumpre em Maria
quando saudada pelo anjo, como “cheia de graça” (Lc 1,28), declara-se a humilde
“serva do Senhor”, acolhendo em seu seio a benção por excelência, o próprio
Filho de Deus, “pelo qual a humanidade toda foi abençoada com toda bênção
espiritual em Cristo” (Ef 1,3).
Em sentido bíblico, a paz é o dom
por excelência, é a salvação trazida por Jesus, é a nossa reconciliação e
pacificação com Deus. Um valor humano a ser realizado no campo social,
político, econômico, ético, religioso, etc. Queremos que nosso país seja
repleto de benção, nação justa, celeiro de paz. “Felizes os promotores da paz,
porque serão chamados filhos de Deus!” (Mt 5).
Na liturgia eucarística, rendemos a
ação de graças ao Pai que nos plenificou de bens, através de seu Filho feito
homem, que por nós morreu e ressuscitou, vencedor do pecado e a morte. Ele é o
“Santo” (Mt 1,21-23), anunciando o nascimento de Jesus, salvação divina, o
evangelista identifica “Jesus” como a “salvação”: porás nele o nome de Jesus,
porque ele vai salvar o seu povo dos seus pecados.
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