Tempo Comum, Semana XIII, Sábado
Evangelho (Mt 9,14-17):
Aproximaram-se de
Jesus os discípulos de João e perguntaram: «Por que jejuamos, nós e os
fariseus, ao passo que os teus discípulos não jejuam?». Jesus lhes
respondeu: «Acaso os convidados do casamento podem estar de luto
enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo lhes será
tirado. Então jejuarão. Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha,
porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior
ainda.Também não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se
arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se
põe em odres novos, e assim os dois se conservam».
Comentário:
Hoje notamos os novos tempos que se
iniciam com Jesus, a sua nova doutrina que é ensinada com autoridade,
e, como todas as coisas novas, vemos como elas chocam e questionam a
realidade e os valores dominantes na sociedade. Assim, nas páginas que
precedem o Evangelho que estamos contemplando, vemos a Jesus perdoando
os pecados, o paralítico sendo curado e, ao mesmo tempo, acompanhamos
como isso escandaliza os fariseus. Vemos também Jesus, chamado à casa de
Mateus, o cobrador de impostos, comendo com eles outros publicanos e
pecadores, o que fez os fariseus “subir pelas paredes”. No Evangelho de
hoje são os discípulos de João que se aproximam de Jesus porque não
compreendem que Ele e seus discípulos não jejuem.
Jesus que nunca deixa a ninguém sem resposta, lhes dirá: «Acaso os
convidados do casamento podem estar de luto enquanto o noivo está com
eles? Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então jejuarão» (Mt
9,15). O jejum era, e é, uma prática penitencial que contribui para
«adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração»
(Catecismo da Igreja Católica, n. 2043) e a implorar à misericórdia
divina. Mas nesses momentos, a misericórdia e o amor infinito de Deus
estava no meio deles com a presença de Jesus, o Verbo Encarnado. Como
podiam jejuar? Só havia uma atitude possível: a alegria, o gozo pela
presença de Deus feito homem. Como poderiam jejuar se Jesus havia
revelado uma maneira nova de relacionar-se com Deus, um espírito novo
que rompia com todas aquelas maneiras antigas de viver?
Hoje Jesus está: «Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos
tempos» (Mt 28,20) e também não está, porque voltou ao Pai e por isso
clamamos: Vem Senhor Jesus!
Estamos vivendo tempos de expectativa. Por isso, convém renovar-nos a
cada dia, com o espírito novo de Jesus, desprendendo-nos de nossas
rotinas, jejuando de tudo aquilo que nos impeça de avançar a uma
identificação plena com Cristo, à santidade. «Justo é nosso choro —nosso
jejum— se queimamos em desejos de vê-lo» (Santo Agostinho).
À Santa Maria, supliquemos que nos outorgue as graças que necessitamos
para viver a alegria de nos sabermos filhos amados de Deus.
Rev. D. Joaquim FORTUNY i Vizcarro (Cunit, Tarragona, Espanha)
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