Leb Shomera – “ Daí-me um coração
que saiba escutar Senhor !”
No caminho do discípulado cristão é preciso , necessário e urgentíssimo ter um coração que saiba escutar, que tenha a sabedoria para discernir o caminho e as escolhas com suas consequências portanto é preciso ter claro as exigências do Reino .
Jesus põe três exigências, todas elas subordinadas ao tema da renúncia
no caminho do discípulado:
A primeira exige o preferir Jesus à própria família (vers. 26). A
este propósito, Lucas põe na boca de Jesus uma expressão muito forte.
Literalmente, podemos traduzir o verbo
“misséô” aqui utilizado como “odiar” (“quem não odeia o pai, a mãe… não pode
ser meu discípulo”). Para ser discípulo, é preciso odiar alguém? Não. Segundo a
maneira oriental de falar, “odiar” significa “pôr em segundo lugar algo porque,
entretanto, apareceu na vida da pessoa um valor que ainda é mais importante”. É
evidente que Jesus não está a pedir o ódio a ninguém, muito menos a esses a
quem nos ligam laços de amor… Está, sim, a exigir que as relações familiares
não nos impeçam de aderir ao “Reino”. Se for necessário escolher, a prioridade
deve ser do “Reino”.
A segunda exige a renúncia à própria vida (vers. 27). O discípulo de Jesus não pode viver a fazer
opções egoístas, colocando em primeiro lugar os seus interesses, os seus
esquemas, aquilo que é melhor para ele; mas tem de colocar a sua vida ao
serviço do “Reino” e fazer da sua vida um dom de amor aos irmãos, se necessário
até à morte. Foi esse, de fato, o caminho de Jesus; e o discípulo é
convidado a imitar o mestre.
A terceira exige a renúncia aos bens (vers. 33). Jesus sabe que os bens podem facilmente
transformar-se em deuses, tornando-se uma prioridade, escravizando o homem e
levando-o a viver em função deles; assim sendo, que espaço fica para o “Reino”?
Por outro lado, dar prioridade aos
bens significa viver de forma egoísta, esquecendo as necessidades dos irmãos;
ora, viver na dinâmica do “Reino” implica viver no amor e deixar que a vida
seja dirigida por uma lógica de amor e de partilha…
Pode, então, viver-se no “Reino”
sem renunciar aos bens?
Com este rol de exigências, fica
claro que a opção pelo “Reino” não é um caminho de facilidade e, por isso,
talvez não seja um caminho que todos aceitem seguir. É por isso que Jesus
recomenda o pesar bem as implicações e as consequências da opção pelo “Reino”.
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