26º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Mudança de um coração egoísta
para um coração capaz de amar e de partilhar.
A liturgia deste domingo propõe-nos, de novo, a reflexão sobre a nossa
relação com os bens deste mundo…
Convida-nos a vê-los, não como algo
que nos pertence de forma exclusiva, mas como dons que Deus colocou nas nossas
mãos, para que os administremos e partilhemos, com gratuidade e amor.
Na primeira leitura, o
profeta Amós denuncia violentamente uma classe dirigente ociosa, que vive no
luxo à custa da exploração dos pobres e que não se preocupa minimamente com o
sofrimento e a miséria dos humildes. O profeta anuncia que Deus não vai pactuar
com esta situação, pois este sistema de egoísmo e injustiça não tem nada a ver
com o projeto que Deus sonhou para os homens e para o mundo.
O Evangelho apresenta-nos,
através da parábola do rico e do pobre Lázaro, uma catequese sobre a posse dos
bens… Na perspectiva de Lucas, a riqueza é sempre um pecado, pois supõe a
apropriação, em benefício próprio, de dons de Deus que se destinam a todos os
homens… Por isso, o rico é condenado e Lázaro recompensado.
A segunda leitura não
apresenta uma relação direta com o tema deste domingo… Traça o perfil do “homem
de Deus”: deve ser alguém que ama os irmãos, que é paciente, que é brando, que
é justo e que transmite fielmente a proposta de Jesus. Poderíamos, também,
acrescentar que é alguém que não vive para si, mas que vive para partilhar tudo
o que é e que tem com os irmãos?
LEITURA I – Am 6,1a.4-7
Continuamos com Amós, o profeta
de Técua, de quem já falámos no passado domingo. Estamos em meados do séc. VIII
a.C. (por volta de 762 a.C.),
no reino do Norte (Israel). As conquistas de Jeroboão II criaram bem-estar,
riqueza, prosperidade; no entanto, a situação de desafogo não beneficia toda a
nação, mas um grupo privilegiado (no qual podemos incluir os nobres, os
cortesãos, os militares, os grandes latifundiários e os comerciantes sem
escrúpulos). Nasce, assim, uma classe dirigente poderosa, cada vez mais rica,
que vive instalada no luxo, que explora os pobres e que, apoiada por juízes
corruptos, comete ilegalidades e prepotências… Do outro lado, estão os pobres,
vítimas inocentes e silenciosas de um sistema que gera injustiça, miséria,
sofrimento, opressão. É neste contexto que o “profeta da justiça social” vai
fazer ouvir a sua denúncia profética.
O texto que hoje nos é proposto
pertence ao gênero literário dos “ais” (vers. 1). Começa com uma interjeição (“hwy”)
que é, habitualmente, usada em lamentações fúnebres. A palavra corresponde ao
grito com que as carpideiras acompanham o cortejo fúnebre… É o terceiro “ai” de
Amós; os outros dois aparecem em Am 5,7 (a propósito da justiça e dos
tribunais) e em Am 5,18 (a propósito do culto). Os profetas utilizam,
normalmente, esta palavra como introdução a um oráculo que anuncia o castigo:
indica que certas pessoas ou grupos se encontram às portas da morte por causa
dos seus pecados.
Quem são os destinatários da
mensagem que Amós propõe neste texto? Quem são esses que se encontram às portas
da morte por causa dos seus pecados?
Trata-se da classe dirigente,
rica e indolente, que vive comodamente nos palácios da capital, que esbanja em
luxos, que vive numa eterna festa; trata-se desses parasitas que se deitam “em
leitos de marfim”, que comem alimentos selecionados, que bebem vinhos raros em
excesso, que usam perfumes importados, que se divertem ouvindo música e
compondo canções. O mais grave (este texto não o diz diretamente, mas a ideia
está sempre presente na denúncia de Amós) é que todo este luxo e esbanjamento
resultam da exploração dos mais pobres e das rapinas e prepotências cometidas
contra os fracos. De resto, esta classe rica e indolente vive egoisticamente
mergulhada no seu mundo cômodo e não se preocupa minimamente com a miséria e o
sofrimento que aflige os seus irmãos. Os pobres trabalham duramente, numa
existência cheia de dores, trabalhos e misérias, para sustentarem a indolência
e o luxo da classe dirigente. Deus pode aceitar que esta situação se prolongue
indefinidamente?
É evidente que Deus não está
disposto a pactuar com isto. A classe dominante da Samaria está a infringir
gravemente os mandamentos da “aliança” e Deus não aceita ser cúmplice daqueles
que mantêm um elevado nível de vida à custa do sangue e das lágrimas dos
pobres. Por isso, o castigo chegará em forma de exílio numa terra estrangeira
(o profeta refere-se à queda da Samaria nas mãos dos assírios de Salamanasar V,
em 721 a.C.,
e à partida da classe dirigente para o cativeiro na Assíria).
ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão e partilha,
considerar as seguintes questões:
• O quadro pintado por Amós
descreve, em pormenor, situações bem conhecidas de todos nós… Pensemos nas
festas do jet-set e nas quantias gastas em roupas, em jóias, em perfumes, por
aqueles que as frequentam; pensemos nas quantias gastas em noites de jogatana
por gente que paga miseravelmente aos seus operários; pensemos nos governantes
que malbaratam os dinheiros públicos e que nem sequer vão a tribunal porque há
sempre uma maneira de fazer com que o crime prescreva… E, por contraste,
pensemos nos operários que arriscam a vida em obras perigosas, porque o patrão
não quis gastar uns trocos com sistemas de segurança; pensemos naqueles que
ganham salários mínimos, trabalhando duramente para enriquecer um patrão
prepotente e sem escrúpulos, mas que ao fim do mês não têm dinheiro para pagar
o infantário dos filhos; pensemos nos trabalhadores clandestinos que não
recebem o salário ao fim do mês, porque o patrão desapareceu sem pagar;
pensemos naqueles que recebem pensões de miséria e que vivem em condições
infra-humanas porque a sua magra reforma mal dá para pagar os medicamentos… Um
cristão pode conformar-se com estes contrastes? Que podemos fazer? Como
reivindicar, com coragem profética, um mundo mais parecido com o projeto de
Deus?
• Convém, também, aplicarmos o
questionamento que a mensagem de Amós exige a nós próprios… Muito
provavelmente, não frequentamos as festas do jet-set, nem usamos dinheiros
públicos para pagar os nossos divertimentos e esbanjamentos… Mas, numa escala
muito menor, não teremos os mesmos vícios que Amós denuncia nesta classe rica e
ociosa? Não nos deixamos, às vezes, arrastar pelo desejo de ter, comprando coisas
supérfluas e impondo sacrifícios à família para pagar as nossas manias de
grandeza? Não gastamos, às vezes, de forma descontrolada, para pagar os nossos
pequenos vícios, sem pensar nas necessidades daqueles que dependem de nós? E os
religiosos e religiosas com voto de pobreza não gastam, às vezes, de forma
supérflua, esquecendo que vivem das ofertas generosas de pessoas que têm menos
do que eles?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145
(146)
Refrão 1: Ó minha alma, louva o
Senhor.
Refrão 2: Aleluia.
O Senhor faz justiça aos
oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os olhos dos
cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos
pecadores.
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações.
LEITURA II – 1 Tim 6,11-16
Continuamos a refletir a Primeira
Carta a Timóteo. Timóteo é esse cristão natural de Listra, filho de pai grego e
de mãe judeo-cristã que acompanhou algumas das viagens missionárias de Paulo, a
quem Paulo confiou a coordenação pastoral das igrejas da Ásia e que, segundo a
tradição, foi o primeiro bispo da Igreja de Éfeso. O autor (que se apresenta
como Paulo, embora a atribuição desta carta ao apóstolo seja – como já vimos
nos domingos anteriores – bastante problemática) traça, para edificação de
Timóteo, o retrato do “homem de Deus”.
O contexto das “cartas pastorais”
coloca-nos, presumivelmente, nos inícios do séc. II d.C., numa altura em que as
heresias – nomeadamente de tipo gnóstico – começam a incomodar os cristãos.
Embora continue a discutir-se o “ambiente” em que as cartas pastorais aparecem,
o certo é que se trata de uma época em que a comunidade cristã começa a sofrer
a influência de “falsos mestres”, que difundem doutrinas estranhas (o autor da
carta traça o quadro dos “falsos mestres”: são orgulhosos, ignorantes, discutem
questões sem importância, fomentam a inveja, a discórdia, os insultos, as
suspeitas injustas, as invejas e ciúmes e estão preocupados com as questões do
lucro – cf. 1 Tim 6,4-6)… Neste “ambiente”, é importante sublinhar as
características do verdadeiro discípulo, através de quem a verdadeira fé é
transmitida.
Como deve ser, então, na
perspectiva do autor deste texto, o “homem de Deus”?
O verdadeiro “homem de Deus” (que
Timóteo deve representar) tem de distinguir-se por uma vida santa, enraizada na
fé e no amor aos irmãos. Em concreto, o “homem de Deus” deve cultivar a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a doçura. Tem de ser paciente
e manso, diante das dificuldades que o serviço apostólico levanta. Deve guardar
“o mandamento do Senhor” – isto é, a verdade da fé que lhe foi transmitida pela
tradição apostólica. No que diz respeito ao perfil do “homem de Deus”, tudo se
resume no amor para com os irmãos, no entusiasmo pelo ministério e na
capacidade de transmitir a verdadeira doutrina, herdada dos apóstolos.
O texto termina com um hino
litúrgico, que apresenta Deus como o Senhor dos senhores, o único soberano,
aquele que possui a imortalidade, a glória e o poder universal… Trata-se de uma
solene doxologia que provém, sem dúvida, do repertório das orações usadas nas
sinagogas judaicas do mundo grego e que apresenta Deus em contraste com os
falsos deuses e com os títulos humanos atribuídos a reis e imperadores.
ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão e a partilha, ter
em conta os seguintes dados:
• O retrato aqui esboçado do
“homem de Deus” define os traços do verdadeiro crente: ele é alguém que vive
com entusiasmo a sua fé, que ama os irmãos (que trata todos com doçura, com
paciência, com mansidão) e que dá testemunho da verdadeira doutrina de Jesus,
sem se deixar seduzir e desviar pelas modas ou pelos interesses próprios.
Identificamo-nos com este modelo?
• A proposta que aqui é feita a
Timóteo deve, sobretudo, caracterizar a vida daqueles que têm responsabilidades
na animação das comunidades cristãs. Os animadores das nossas comunidades são,
efetivamente, pessoas cheias de amor, de mansidão, de paciência, de capacidade
de doar a vida e de servir os irmãos? São pessoas que transmitem, com
fidelidade e coerência, o projeto de Jesus, ou são pessoas que transmitem
doutrinas próprias, condicionadas pelos seus interesses? Na vida e no
testemunho dos animadores das nossas comunidades, nota-se a vontade de dar um
verdadeiro testemunho de Jesus e da sua proposta de salvação, ou nota-se a
busca de privilégios, de títulos e de honras sociais?
ALELUIA – 2 Cor 8,9
Aleluia. Aleluia.
Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se
pobre,
para nos enriquecer na sua
pobreza.
EVANGELHO – Lc 16,19-31
A leitura que hoje nos é proposta
apresenta mais uma etapa do “caminho de Jerusalém”. A história do rico e do
pobre Lázaro é um texto exclusivo de Lucas. Não é possível dizer se se trata de
uma parábola procedente de uma fonte desconhecida, ou se é uma criação do
próprio Lucas… De qualquer forma, trata-se de uma catequese (desenvolvida ao
longo de todo o capítulo 16 do Evangelho segundo Lucas) em que se aborda o
problema da relação entre o homem e os bens deste mundo. Jesus dirige-Se, aqui,
aos fariseus (cf. Lc 16,14), como representantes de todos aqueles que amam o
dinheiro e vivem em função dele.
A parábola tem duas partes.
Na primeira (vers. 19-26), Lucas
apresenta os dois personagens fundamentais da história, segundo um clichê
literário muito comum na literatura bíblica: um rico que vive luxuosamente e
que celebra grandes festas e um pobre, que tem fome, vive miseravelmente e está
doente. No entanto, a morte dos dois muda radicalmente a situação. O que é que,
verdadeiramente, está aqui em causa?
Atentemos nos dois personagens…
Do rico diz-se, apenas, que se vestia de púrpura e linho fino, e que dava
esplêndidas festas. De resto, não se diz se ele era mau ou bom, se frequentava
ou não o templo, se explorava os pobres ou se era insensível ao seu sofrimento
(aparentemente, isso não é decisivo para o desfecho); no entanto, quando
morreu, foi para um lugar de tormentos. Do pobre Lázaro diz-se, apenas, que
jazia ao portão do rico, que estava coberto de chagas, que desejava saciar-se
das migalhas que caíam da mesa do rico e que os cães vinham lamber-lhe as
chagas; quando morreu, Lázaro foi “levado pelos anjos ao seio de Abraão” (quer
dizer, a um lugar de honra no festim presidido por Abraão. Trata-se do
“banquete do Reino”, onde os eleitos se juntarão – de acordo com o imaginário
judaico – com os patriarcas e os profetas); não se diz, no entanto, se Lázaro
levou na terra uma vida exemplar ou se cometeu más acções, se foi um modelo de virtudes
ou foi um homem carregado de defeitos, se trabalhava duramente ou se foi um
parasita que não quis fazer nada para mudar a sua triste situação…
Nesta história, não parecem ser
as ações boas ou más cometidas neste mundo pelos personagens (a história não
faz qualquer referência a isso) que decidem a sorte deles no outro mundo.
Então, porque é que um está destinado aos tormentos e outro ao “banquete do
Reino”?
A resposta só pode ser uma: o que
determina a diferença de destinos é a riqueza e a pobreza. O rico conhece os
“tormentos” porque é rico; o pobre conhece o “banquete do Reino” porque é
pobre. Mas então, a riqueza será pecado? Aqueles que acumularam riquezas sem
defraudar ninguém serão culpados de alguma coisa? Ser rico equivale a ser mau
e, portanto, a estar destinado aos “tormentos”?
Na perspectiva de Lucas, a
riqueza – legítima ou ilegítima – é sempre culpada. Os bens não pertencem a
ninguém em particular (nem sequer àqueles que trabalharam duramente para se
apossar de uma fatia gorda dos bens que Deus colocou no mundo); mas são dons de
Deus, postos à disposição de todos os seus filhos, para serem partilhados e
para assegurarem uma vida digna a todos… Quem se apossa – ainda que
legitimamente – desses bens em benefício próprio, sem os partilhar, está a
defraudar o projeto de Deus. Quem usa os bens para ter uma vida luxuosa e sem
cuidados, esquecendo-se das necessidades dos outros homens, está a defraudar os
seus irmãos que vivem na miséria. Nesta história, Jesus ensina que não somos
donos dos bens que Deus colocou nas nossas mãos, ainda que os tenhamos
adquirido de forma legítima: somos apenas administradores, encarregados de
partilhar com os irmãos aquilo que pertence a todos. Esquecer isto é viver de
forma egoísta e, por isso, estar destinado aos “tormentos”.
Na segunda parte do nosso texto
(vers. 27-31), insiste-se em que a Escritura – na qual os fariseus eram peritos
– apresenta o caminho seguro para aprender e assumir a atitude correta em
relação aos bens. O rico ficou surdo às interpelações da Palavra de Deus
(“Moisés e os Profetas”) e isso é que decidiu a sua sorte: ele não quis escutar
as interpelações da Palavra e não se deixou transformar por ela. O versículo
final (vers. 31) expressa perfeitamente a mensagem contida nesta segunda parte:
até mesmo os milagres mais espetaculares são inúteis, quando o homem não
acolheu no seu coração a Palavra de Deus. Só a Palavra de Deus pode fazer com
que o homem corrija as opções erradas, saia do seu egoísmo, aprenda a amar e a
partilhar.
A história que nos é proposta é
uma ilustração das bem-aventuranças e dos “ais” de Lc 6,20-26… Anuncia-se,
desta forma, que o projeto de Deus passa por um “Reino” de fraternidade, de
amor e de partilha. Quem recusa esse projeto e escolhe viver fechado no seu
egoísmo e auto-suficiência (os ricos), não pode fazer parte desse mundo novo de
fraternidade que Deus quer propor aos homens (a imagem dos “tormentos”,
contudo, não deve se levada demasiado a sério: faz parte do folclore oriental e
das imagens que os pregadores da época utilizavam para impressionar as pessoas
e levá-las a modificar radicalmente o seu comportamento).
ATUALIZAÇÃO
A reflexão e partilha podem
partir das seguintes questões:
• Talvez a catequese que o
Evangelho de hoje nos apresenta nos pareça, à partida, demasiado radical: não
temos o direito de ser ricos, de gozar os bens que conquistamos honestamente?
No entanto, convém termos consciência de que cerca de um quarto da humanidade
tem nas mãos cerca de 80% dos recursos disponíveis do planeta; e que três
quartos da humanidade têm de contentar-se com os outros 20% dos recursos. Isto
é justo? É justo que várias dezenas de milhares de crianças morram diariamente
por causa da fome e de problemas relacionados com a subnutrição, enquanto o
primeiro mundo destrói as colheitas para que o excesso de produção não obrigue
a baixar os preços? É justo que se gastem em festas sociais quantias que davam
para construir uma dúzia de escolas ou meia dúzia de hospitais num país do
quarto mundo?
• O Vaticano II afirma: “Deus
destinou a terra com tudo o que ela contém para uso de todos os homens e povos;
de modo que os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos (…).
Sejam quais forem as formas de propriedade, conforme as legítimas instituições
dos povos e segundo as diferentes e mutáveis circunstâncias, deve-se sempre
atender a este destino universal dos bens. Por esta razão, quem usa desses
bens, não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como
próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a
si, mas também aos outros. De resto, todos têm o direito de ter uma parte de
bens suficientes para si e suas famílias” (Gaudium et Spes, 69).
• Como me situo face aos bens?
Vejo os bens que Deus me concedeu como “meus, muito meus, só meus”, ou como
dons que Deus depositou nas minhas mãos para eu administrar e partilhar, mas
que pertencem a todos os homens?
• Por muito pobres que sejamos,
devemos continuamente interrogar-nos para perceber se não temos um “coração de
rico” – isto é, para perceber se a nossa relação com os bens não é uma relação
egoísta, açambarcadora, exclusivista (há “pobres” cujo sonho é, apenas, levar
uma vida igual à dos ricos). E não esqueçamos: é a Palavra de Deus que nos
questiona continuamente e que nos permite a mudança de um coração egoísta para
um coração capaz de amar e de partilhar.
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