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QUEM SANTIFICA E QUEM SE SANTIFICA?
Só Deus é santo. É Ele que nos santifica; não somos nós que nos santificamos. Deus nos santifica por meio de Jesus (cuja presença se prolonga na Igreja); a ação de Jesus em nós é realizada por meio do Espírito Santo. Nós só podemos (e devemos) colaborar com a ação de Deus em nós. Nossa colaboração consiste em não atrapalhar a ação de Deus (não pôr obstáculos) e em colaborar positivamente com sua ação (cumprir sua vontade).
Estes princípios teológicos são básicos para um caminho de santidade. Ao contrário do que muitos pensam, a santidade não consiste em multiplicar práticas religiosas (que também têm sua função, é claro). A santidade consiste em buscar identificar-se o mais possível com Deus, concretamente, com Jesus Cristo. “Ninguém vai ao Pai senão por mim” – “Sem mim, nada podeis fazer” – “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
De que modo? Quem toma a iniciativa é sempre Deus. A santidade é sempre um dom de Deus; esse dom, você o recebe no batismo. Esse dom tem muitas facetas: purificação do pecado original; a Santíssima Trindade vem morar em você; você começa a viver da mesma vida da Santíssima Trindade, por isso, se torna autêntico filho/a de Deus; Deus infunde em você as virtudes da fé, esperança e caridade, e os dons do Espírito Santo.
Todos esses dons deixam você “pronto” ou “armado” para viver de acordo com a vontade de Deus (que você conhece pela Palavra de Deus, especialmente pelos Mandamentos de Deus, pelo Evangelho, pela Igreja; e também por meio da sua própria consciência que lhe mostra o bem a fazer e o mal a evitar). É assim que você, esforçando-se para viver como um bom filho/a de Deus, procura agradar-Lhe em tudo e evita desagradá-lo pelo pecado: dessa forma, você vai se tornando santo.
Essencialmente, é nisto que consiste a santidade. Como você vê, tudo vem de Deus; da parte do ser humano exige-se o esforço para não se pôr contra Ele e para cumprir sua vontade. Em outras palavras, Deus toma a iniciativa de santificá-lo/a e você responde a essa iniciativa, como faz todo bom filho/a de Deus.
Em concreto, a santidade consiste em identificar-se sempre mais com Jesus (que habita em você com o Pai e o Espírito Santo), amando-o acima de tudo e de todos, assemelhando-se a Ele, estimulado pela sua Palavra e pelos seus exemplos de vida. Para isso não é necessário sobrecarregar-se de práticas religiosas. Viva a sua vida serenamente, cumpra suas obrigações de cada dia e, sobretudo, ame os seus irmãos/ãs.
As práticas religiosas são necessárias e úteis enquanto nos fazem crescer no amor a Jesus e aos outros. Uma prática religiosa que não levasse a isso não agradaria ao Senhor. Além disso, é preciso cuidar para que as práticas religiosas não se tornem rotina, formalidade, mero tradicionalismo sem vida. Essa é uma tentação muito frequente entre as pessoas religiosas. As práticas religiosas não se podem considerar como fim em si mesmas; elas devem ser um meio para ir a Jesus.
Tenha presente também que você não “vira” santo de um dia para o outro. Isso depende de Deus que dá mais a um, menos a outro (ninguém pode contestá-Lo por causa disso); depende também de sua correspondência ao dom de Deus. Ora, isso não acontece em algumas semanas ou meses...
Ao colaborar com Deus, você precisa ter paciência e perseverança, como ensina a Bíblia: “Filho, se te apresentas para servir a Deus, permanece na justiça e no temor, prepara tua alma para a provação. Mantém o teu coração firme e sê constante, inclina teu ouvido e acolhe as palavras inteligentes, e não te afobes no tempo da contrariedade. Suporta as demoras de Deus, agarra-te a Ele e não o largues, para que sejas sábio em teus caminhos Tudo o que te acontecer, aceita-o, e sê constante na dor; na tua humilhação tem paciência, pois é no fogo que se prova o ouro e a prata, e no cadinho da humilhação os que são agradáveis a Deus” (Eclesiástico 2,1-5).
Isso significa que você não deve dar os passos maiores do que suas pernas. Esta também é a razão pela qual, no caminho da santidade, é fundamental ter ao lado uma pessoa que possa orientá-lo/a. Essa pessoa não vai dizer o que você deve ou não deve fazer (cabe a você decidir pessoalmente), mas ela serve de ponto de referência, de iluminação, de correção, de apoio, conforme os casos. Por isso, não se lance a projetos ousados sem antes discuti-los com o seu orientador: a disponibilidade a pôr de lado os próprios projetos também faz parte da santificação. Leia a vida dos santos/as e verá como isso é verdade.
Bem, espero que essas palavras o/a ajudem a “enquadrar” devidamente o que significa a santidade e a mostrar como se cresce nela. Sem muitas teorias, faça de Jesus o centro e o ideal de sua vida: Ele com seu Espírito se encarregará de santificá-lo; basta que você não o atrapalhe. O cristianismo é Jesus; a religião é Jesus; a santidade é Jesus.
Dom Hilário Moser, SDB
A†Ω
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