Com perservidade ainda maior revivem-se em nosso século as antigas perseguições do Império Romano
Crescem vertiginosamente os esforços para erradicar do Ocidente a imagem de Deus e da verdadeira Religião; propagam-se no mundo inteiro a repulsa e a perseguição aos cristãos; os martírios atuais evocam e superam as perseguições da época das catacumbas
Muitos imaginavam que o diálogo inter-religioso preconizado pelo Concílio Vaticano II dissiparia para sempre — ou ao menos mitigaria enormemente — as perseguições religiosas e as guerras. Santo Agostinho afirma, contudo, que a origem dos conflitos e das catástrofes está no pecado. E, portanto, enquanto o mundo estiver entregue ao mal, não haverá a verdadeira paz — definida pelo grande Doutor da Igreja como “tranquilidade da ordem”.
Por essa mesma razão é que, apesar de Paulo VI, ecoando o espírito conciliar, ter proclamado na ONU há quase 50 anos (4-10-1965): “Jamais plus la guerre, jamais plus la guerre!” (“Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra!”), os conflitos armados e as perseguições não fizeram senão aumentar de modo assustador.
Falando nos dias 2 e 3 de junho de 2011 em Budapeste, por ocasião de um congresso internacional organizado pela Hungria e pelo Conselho da União Europeia, o representante da Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), Massimo Introvigne, declarou: “A cada cinco minutos, um cristão é morto no mundo por causa de sua fé”. Ou seja, mais de 105 mil cristãos são assassinados anualmente por crerem em Jesus Cristo! E, de acordo com a associação Ajuda à Igreja que Sofre, 75% das vítimas das perseguições religiosas no mundo em 2010 foram cristãos.
Seguidores de Cristo: cidadãos de segunda classe?
A título exemplificativo, cuidaremos no presente artigo de algumas dessas perseguições, cujo fundo constitui o substrato de muitas das guerras, para que o leitor não perca de vista a existência deste terrível aspecto da realidade contemporânea, infelizmente pouco ressaltado pela mídia, à qual, entretanto, nunca falta espaço para coisas sem ou de muito menor importância.
Os próprios membros da Hierarquia eclesiástica continuam sendo vítimas da sanha persecutória muçulmana. Na Turquia, no dia 3 de junho de 2010, o Vigário Apostólico da Igreja Católica de Anatólia e Presidente da Conferência Episcopal da Turquia, D. Luigi Padovese, frade capuchinho de 63 anos, foi morto a facadas por seu motorista muçulmano. Este, depois de praticar o brutal assassinato, subiu a um telhado e gritou que havia matado “o grande satã”.
O corpo do Prelado foi despachado mais tarde como carga comum para a Itália, e a conjuntura (ou as injunções da perseguição laico-islâmica?) não permitiu que ele fosse objeto de uma cerimônia fúnebre que se aproximasse, de longe sequer, da concedida há alguns anos em Paris ao tristemente famoso Abbé Pierre, que não obstante ter-se declarado favorável ao concubinato para os padres, à ordenação de mulheres, às uniões homossexuais, entretanto foi homenageado com grande cortejo público e teve exéquias solenes na mítica Catedral de Notre-Dame.
Ainda na Turquia, quatro anos antes, em 2006, o Pe. Andrea Santoro fora assassinado a tiros em Trebisonda, nordeste do país. Talvez sem imaginar que análogo fim o aguardava, D. Luigi Padovese afirmou então que o assassinato do sacerdote não havia sido “uma casualidade”.
No Iraque, no atentado perpetrado em Bagdá no dia 31 de outubro de 2010, o alvo da Al-Qaeda foi a igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Foram assassinados dois padres e 44 fiéis, além de 60 feridos. Morreram ainda sete membros das forças de segurança e cinco terroristas.
Com atuação em 60 países, Portes Ouvertes, uma ONG preocupada com a perseguição religiosa, publica desde o ano de 1997 o “Índice Mundial de Perseguição”, contendo a relação dos 50 países nos quais os cristãos são mais perseguidos. No conceito de perseguição adotado por ela inclui-se, além da violação do direito de praticar a religião, também o fato de na vida cotidiana alguém sofrer restrições por causa de sua fé.
Segundo essa organização, as perseguições não acontecem por acaso, mas são premeditadas. E desenvolvem-se através de diversas etapas, ao longo das quais os cristãos são tratados como cidadãos de segunda classe.
Ron Boy MacMillan, chefe do Departamento de Pesquisa e Estratégia da entidade, assim descreve as perseguições: “Existem quatro fontes de perseguição no mundo: o extremismo islâmico, a opressão comunista, o nacionalismo religioso e a intolerância laica. A mudança maior nos últimos trinta anos consistiu na substituição da opressão comunista pelo extremismo islâmico como perseguidor principal do cristianismo mundial. Mas as outras forças de opressão nem por isso diminuíram. A Coréia do Norte stalinista continua sendo o país onde as condições são as mais duras para um cristão, e a mais importante comunidade homogênea perseguida continua sendo a dos cristãos da China, onde o fato de falar sobre sua crença no exterior do edifício de uma igreja é estritamente proibido pela legislação chinesa…”.
continua …
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