A Sagrada Escritura, a sabedoria, as relações e a experiência pessoal estão sendo ignoradas. Somos em consequência uma geração de quatro guerras e das mais poderosas armas jamais fabricadas na história do mundo – num período denominado pacífico.
No meio de toda essa cacofonia ensurdecedora da vida, o campanário de todos os mosteiros beneditinos repicam: Escuta! Escuta com o coração de Cristo. Escuta com o ouvido de quem ama. Escuta a voz de Deus. Escuta em teu próprio coração o som da verdade. Talvez o problema resida no fato de nem sequer sabermos – pelo menos a maioria de nós – o que significa escutar.
No entanto a Regra no-lo diz com limpidez.
Porque a verdade é um mosaico da face de Deus. Porque a voz de Deus vem muitas vezes de onde menos esperávamos, como por exemplo, de uma sarça ardente (…) Em segundo lugar, ensina Bento, a vida é um processo de aprendizado. A cultura ocidental com seu ênfase nos graus acadêmicos, contudo, quase sufocou essa verdade. Tornamos as palavras “graduação” e “educação” quase sinônimos. Avaliamos o resultado por créditos acadêmicos. Descartamos a experiência, a profundidade e o fracasso . Acreditamos em ações, resultados, produtos, lucros e juventude e assim chegamos a considerar os mais velhos como essencialmente inúteis. Porém , no fim, todas essas espécies de realização nada mais são do que um deserto espiritual, se ao longo da caminhada não nos dedicarmos a descobrir a verdade, a cultivar a beleza e a reconhecer os verdadeiros ensinamentos da vida (…)
Não existe maneira rápida e fácil de transformar a vida que levamos em divina.
Uma geração de tortas rápidas, cafés instantâneos, refeições prontas para consumir diante da Tv, calculadoras e cópias xerox não está preparado para a tarefa lenta e tediosa de escutar e aprender sempre de novo, dia a dia, até que finalmente possamos escutar as pessoas que amamos e possamos amar as pessoas que nos desagradam e crescer para entender como a santidade se encontra aqui e agora, para nós.
Mas, algum dia, quiça em trinta anos, teremos escutado o suficiente para sermos capazes de levantar a conlheira resultante de anos de conhecimento de Cristo no tempo, ou pelo menos, nas palavras da Regra de Bento, para ter um bom inicio.
Até então os sinos do mosteiro continuarão a tocar, pacientemente, para nos lembrar que devemos escutar. Apenas escutar. Continuar escutando.”
Joan D. Chittister (OSB)
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