Uma das funções dessa dimensão espiritual é buscar o sentido último de nossa vida, ou seja, a nossa volta à casa do Pai. Somos criaturas; somos criados, gerados e feitos para uma finalidade e, quando isso se cumpre e chegamos ao fim dessa missão, o que nos resta é voltarmos ao nosso Criador. É por isso que o salmista insiste que nossa alma, isto é, o mais íntimo do nosso ser, tem sede de Deus.
Nossa alma anseia por cumprir sua missão. Primeiro, por cumprir a finalidade para qual foi criada; depois, para poder estar na "casa do Pai", na presença dele. Vamos exemplificar isso com a seguinte metáfora: Um jovem foi enviado por seu pai a uma terra distante para resolver assuntos de interesse de sua família. Ele foi sem data para retornar, pois não se previa o tempo que levaria para resolver esses problemas.
Fez suas malas levando em conta o tempo e as circunstâncias pelas quais iria passar. Como não sabia quantos dias iria ficar nessa terra distante, levou fotografias dos entes queridos, os números de seus telefones e, até mesmo, um notebook para poder se comunicar com eles. Ao chegar a seu destino, foi logo se ocupar de sua missão. Os dias foram se passando e a saudade chegando. Ele usou de seus recursos para manter contato com a família.
A cada contato, acontecia-lhe algo estranho: assim que falava ou via a fotografia de alguém sentia uma emoção forte e certo alívio, mas, assim que o contato se interrompia – afinal havia uma missão a ser cumprida e precisava da presença dele – ele sentia, em seu peito, um aperto imenso e uma vontade louca de voltar à presença deles.
O tempo passou e, finalmente, o jovem cumpriu sua missão. No mesmo instante, preparou-se para voltar. E como demorou a volta! No caminho, foi recordando cada detalhe de sua casa, de sua família e, principalmente, de seu pai. Ao chegar à porta de casa, largou, ali mesmo, sua bagagem e correu para dentro a fim de abraçar o pai e os demais familiares. Percorreu toda a casa, entrou em seu quarto, esticou-se em sua cama e pensou: "Missão cumprida! Estou de volta à casa de meu pai".
O contato que temos com Deus, seja na Eucaristia, seja na oração ou por meio dos sacramentos, faz com que aliviemos a saudade dele, mas não nos completa. Essa sensação de "completo" só teremos após o encontro definitivo com o nosso Criador.
Que nossa alma nunca se esqueça de onde veio e para onde deve voltar; que ela anseie, cada vez mais, pelo Deus vivo! Enquanto não podemos abraçá-Lo, vamos visitá-Lo no Sacrário, pois nosso Criador também tem saudade de nós e nos espera ansioso. Lembre-se: há uma missão a ser cumprida.
Mara S. Martins Lourenço
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