A fortaleza é a virtude que brilhou em grau eminente naquela que
se manteve fiel e corajosa ao lado do Filho, acompanhando-o até ao Calvário e
permanecendo em pé ao lado da cruz.
A fortaleza é a virtude cardeal que supera os obstáculos, mantendo
o espírito firme nos sacrifícios e nas provações. É importantíssima na vida
espiritual de cada alma, já que a vida de perfeição e de santidade é uma luta
constante contra inúmeros inimigos, internos e externos.
A fortaleza
cristã é força no sacrifício, coragem na luta e fidelidade na
perseverança.
Com a fortaleza, o cristão domina o medo, refreia a ira, reprime
os ressentimentos, se enche de confiança e de paciência na adversidade,
mantém-se firme na dor e na morte. A fortaleza demarca o caminho reto do dever
sem temeridade e sem desânimo, domando o medo com a audácia, pronta para
resistir e para agir, para suportar o ataque inimigo e partir para a ofensiva.
No perigo, quando a vida é posta em risco, ela brilha com todo o seu esplendor
e, por isso, é a glória dos mártires.
Também desta virtude (fortaleza), como de todas,
encontramos em Maria Santíssima um exemplo e modelo perfeito, que todos devemos
admirar e imitar com empenho.
Ela é a Virgem poderosa, aquela que esmaga a cabeça da
serpente infernal, como lemos na Gênesis (3,15) e no Apocalipse (12,9). Já no
Antigo Testamento encontramos prefigurada a fortaleza de Maria, como na pessoa
de Judite, que, ousada e brava na luta contra o inimigo
Holofernes, salva um povo prestes à desesperada rendição. Ao cortar
corajosamente a cabeça de Holofernes, comandante do exército inimigo, ela
prefigura Maria Imaculada esmagando a cabeça da serpente infernal, salvando a
raça humana, como co-redentora ao lado do Redentor.
Ao lermos a fortaleza de Judite, vemos como Maria Santíssima era
uma mulher forte, especialmente no Calvário, a ponto de que a História Sagrada a
apresenta como co-redentora com seu Filho para a salvação de todos os homens. A
fortaleza e a pureza, a beleza e a coragem brilharam radiantes em Judite, e, em
todas essas virtudes, ela prefigura a “bendita entre as mulheres” (Lc 1,42), a
forte por excelência, a imaculada, a guerreira invencível que esmaga a cabeça do
inimigo com seu pé virginal.
Ao pensarmos na vida de Nossa Senhora,
como não supormos a grandeza da sua força quando, menina de três anos,
consagrou-se para servir a Deus no templo, subindo as escadas com intrepidez
admirável? Como foi sublime a sua coragem ao fazer um voto de virgindade a Deus,
indo contra as leis do mundo judaico!
Ao aceitar tornar-se mãe do Redentor, conhecendo os sacrifícios
cruéis e heróicos que acompanhariam essa missão! Ao permanecer, intrépida e
forte, ao pé da cruz do seu Filho e seu Deus, tornando-se co-redentora da
humanidade com ele! A beleza da fortaleza, o exemplo da Virgem Mãe, nos inspira
a santa ambição de tornar-nos fortes também, e de dar à virtude infusa da
fortaleza a facilidade de um hábito adquirido.
Todos podemos e devemos tornar-nos fortes para ir para o céu,
lembrando as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “O reino dos céus adquire-se à força, e os violentos
arrebatam-no.” (Mt 11, 12).
Quais são os meios para
conseguir a virtude da fortaleza?
O primeiro é a oração, intensa e contínua.
O segundo é a consideração diligente da paixão de Cristo e da
dor de Maria.
O terceiro é a educação da vontade, treinando-a
para fazer o que nos custa, para perseverar mesmo nas pequenas coisas.
Que valor não têm diante de Deus os pequenos sacrifícios de cada
dia, a rejeição espontânea de certas satisfações?
O quarto e
último meio é a vitória sobre as dificuldades atuais.
Todos nos encontramos em alguma dificuldade: interna, externa,
moral, física… São Boaventura o explica bem, dizendo que “acostumamo-nos a
suportar pequenos aborrecimentos, porque quem se deixa afetar por males pequenos
nunca será capaz de tolerar os maiores”. Se nos rendermos, acabamos recuando e
abrindo a porta para novas derrotas.
Mas se estamos determinados a vencer, a vitória é certa e nos abre
o caminho para novos triunfos. Vamos começar a trabalhar, portanto, sem demora e
sem vacilações. Em vez de dobrar a cabeça, levantemos a testa e peçamos a Nossa
Senhora que nos encha de confiança em Deus, certos de que Ele nos dará todas as
graças necessárias para combatermos o mal, vencermos as oposições e conseguirmos
a santidade que ele próprio quer de nós.
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