Igreja e Comunicação
O silêncio e a palavra são os
núcleos temáticos da Mensagem do Papa Bento 16 por ocasião do 46º Dia Mundial
das Comunicações Sociais a celebrar nesse domingo.
Oportunamente, o Papa destaca o
silêncio como elemento primordial na dinâmica comunicacional e a reflexão sobre
a produção de conteúdos pertinentes para a evangelização.
Diante da sociedade da
informação, permeada pelo espetáculo e o sensacionalismo da cultura de massa, o
Papa ressalta a dimensão antropológica da comunicação que consiste na afirmação
que toda pessoa humana é um ser comunicacional, ou seja, um ser relacional e
precisa, no silêncio, conhecer-se a si mesmo primeiramente, posteriormente, compreender
com maior clareza o que pretende falar ao mundo, seja com palavras ou ações, e
ainda discernir como expressar isso e entender o que as outras pessoas falam.
Na Celebração dos 50 anos do
Concílio Vaticano II, a Igreja reflete também sobre a sua atuação no campo da
comunicação social, através do Documento Conciliar Inter Mirifica.
Porém, ela reconhece que precisa
avançar nessa área, principalmente na conscientização da importância da
Pastoral da Comunicação que tem a responsabilidade de gerar a comunicação
eclesial interna entre as pessoas da comunidade e a comunicação externa com a
sociedade em geral e a imprensa. Há pessoas que desconhecem essa pastoral, suas
funções e seus benefícios. A Pastoral da Comunicação não se resume somente nos meios,
como os jornais paroquiais, sites e blogs. Mas, fundamenta-se, antes de tudo,
na pessoa e missão de Jesus Cristo, o comunicador por excelência de Deus, e na
comunhão e interação entre as pessoas da comunidade e suas ações desenvolvidas
a serviço da evangelização.
Para algumas pessoas, quando se
fala em comunicação é sinônimo de insignificância, complexidade e resistência.
O desafio é mudar essa mentalidade. Ao contrário, a comunicação faz parte do
DNA da Igreja e deve estar presente em todas as atividades que a instituição
promove e favorecer o relacionamento humano entre a comunidade e a sociedade.
Todavia, sem um planejamento de ação com estratégias, metas e recursos, não se
terá resultados efetivos.
Saber dialogar com os jovens, a
geração net, é outro desafio para a Igreja imersa na cultura digital, e imprescindível
para a evangelização.
A Igreja precisa, ainda, adequar
a sua linguagem para os diversos públicos e se apropriar dos diversos meios de
comunicação, principalmente as novas plataformas digitais para a difusão do
Evangelho. Muitas vezes, a Igreja fala para ela mesma, desde a homilia na missa,
o programa de rádio e de televisão católico, visto que se torna necessário uma revisão
sobre a sua atuação nesses meios.
Investir em profissionais de
comunicação e insistir na formação técnica e espiritual dos agentes pastorais
para produzirem adequadamente os produtos comunicacionais é mais uma ação
urgente. De fato, torna-se necessário uma comunicação que se encarregue de atuar
como meio eficaz no relacionamento entre a Igreja, os fiéis e a sociedade.
Na preparação para a vivência do
Ano da Fé e da Jornada Mundial da Juventude que acontecerá no Brasil, o
silêncio na vida diária será muito precioso para favorecer o necessário
discernimento entre o que é importante daquilo que é inútil. Um silêncio ativo
e orante que leve a pensar e a ações concretas na evangelização da fé cristã e
que ofereça respostas às mudanças constantes que influenciam a comunidade humana
no processo de globalização, num clima cultural e moral de secularização e
agnosticismo.
O Dia Mundial das Comunicações
Sociais coincide com a celebração litúrgica da Ascensão do Senhor Jesus Cristo
aos Céus, momento em que os discípulos de ontem e hoje são convidados e
enviados a todo o mundo a comunicar uma nova linguagem, aquela mais plena, a
linguagem do Amor.
Diego Santos*
Jornalista, pesquisador em
comunicação organizacional, estratégica e eclesial
Seminarista de Filosofia da
Diocese de Limeira – SP
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