ANI LEDODI VEDODI LI

FIDELIDADE AO CHAMADO Filhos meus, não podem imaginar quanta pena causa ver uma alma ocupar-se com as vaidades do mundo. E ainda mais se é consagrada que, depois de ter recebido o grandíssimo favor da vocação, abandona Jesus para seguir suas más inclinações, sem fazer caso dos toques da graça e suaves chamamentos Daquele que, como Pai bondoso, nos vai chamando com vozes suaves. Isso para colocá-la de novo no caminho que deve seguir, a fim de alcançar o SEU fim, do qual ela se afastara pelo pecado. Muitas vezes acontece, que o maligno amedronta as almas que tiveram a desgraça de ofender a Jesus, insinuando-lhes muitas asneiras como sejam: que já não podem mais aspirar à vida perfeita e que em vão se cansam de esperar que Jesus as olhe como antes de ofendê-Lo. Quer dizer que ele se esforça para conseguir que essas almas não se humilhem e não recorram a Jesus, implorando misericórdia. Que pena, filhos meus, que essas almas não vêem o prejuízo e se decidam a ser não somente fervorosas, mas santas, confiando que Jesus lhes ajudará com a sua graça. E seus Irmãos mais lhes lançarão em rosto se foram mais ou menos consagrados, se ofenderam ou não a Jesus, pois somente Ele deve julgar os atos de toda pessoa humana. A nós, servos do Amor Misericordioso, cabe somente pensar em tais casos o seguinte: Jesus permitiu que meu Irmão caísse nessa falta e se desviasse mais ou menos da obrigação que tem como Alpha e Ômega, porque Ele a quer muito santo(a). E Ele se valerá dessa queda para firmá-lo(a) na humildade, na auto-desconfiança e no reconhecido amor a Jesus bondoso. Este Jesus quis que levássemos o precioso tesouro de graças em vaso frágil, vasos de argila que somos, para que se reconheça ser Ele a grandeza do poder que se vê em nós. Filhos, muitos são os motivos que nos devem mover para cumprir escrupulosamente nossas santas Constituições e Regras. E o principal deverá ser a delicadeza e a gratidão para com Jesus, levando em conta que, sem mérito algum de nossa parte, Ele nos escolheu para que fôssemos Consagrados neste dom : Alpha e Ômega em seu Amor Misericordioso. Que fineza, filhos, e que amor esse de Jesus! Arrancando-nos do mundo, Ele nos livrou de muitos perigos, e nos deu em troca a segurança de poder fazer sempre a sua vontade, à qual devemos aspirar. Ele tem dito à alma consagrada: "Filho meu, se desejas agradar-Me em tudo, cumpre com exatidão as Constituições e Regras que abraçaste, certo de que, se as cumprires escrupulosamente, não só realizarás meu desejo, mas estarás fazendo aquilo que mais Me agrada." Que bondade a de Jesus! Filhos, Ele não quis apenas indicar o caminho que devemos seguir para fazer o que mais lhe apraz, mas sim, junto com isso, promete-nos a nossa santificação. E diante de favor tão grande, haverá servo do Amor Misericordioso tão mesquinho que ande indagando até que ponto obrigam ou não as suas Constituições? Filhos, não esqueçamos que Jesus não suporta facilmente na vida consagrada aquele que não conforma costumes e vida com o que professou. Por isso devemos temer se a nossa vida é indiferente, pois, dado o caso de que Jesus não nos expulsasse de sua casa santa, seríamos, contudo, afastados de sua face divina, que é luz verdadeira; e postos nas trevas e na cegueira do entendimento. Filhos queridos, devemos temer isso mais que a morte. Devemos despertar em nós grande cuidado em velar por nossa vocação ou chamamento à santidade. Filhos, dizia-me um de vocês que Jesus não ama a todas as almas da mesma maneira, e que mesmo entre os consagrados a Ele, consagrados descobrem distinções. Vocês notam que a uns Ele ajuda e ama mais que a outros, ainda que toda alma consagrada abandonou tudo para segui-Lo. Vocês têm certeza, filhos, de que todas as pessoas que vestem um Tau, o vestiram unicamente por amor? Para seguir a Jesus? Para trabalhar em benefício de seus irmãos? Ou antes o vestiram com o único objetivo de dar uma solução à sua vida? E neste caso, que deveriam abandonar? Seu amor próprio, o "eu". E o fizeram? A mim, filhos meus, me aflige muitíssimo ouvir essa linguagem entre vocês. Jesus, filhos, ama a todas as almas com amor infinito, porém não sempre elas correspondem a suas graças, nem O servem com alegria. E por isso que se ouvem, muitas vezes, lamentações entre as almas consagradas, e se encontra toda sorte de dificuldades. Jesus, filhos, pode pedir bem pouco a tais almas, porém não é por isso que as deixa de amar. Jesus, está sempre à espera de que as almas recorram a Ele, a fim de lhes prodigalizar o seu amor, as suas carícias. Não podem ter medo Dele, nem mesmo as almas arrastadas pela corrente do mundo, as quais seguirão suas vaidades, e viverão mais ou menos tempo sob o domínio do maligno. Jesus espera sempre, ama sempre.. Queridos tenhamos presente o benefício tão grande que nos fez Jesus no momento em que, lançando-nos um olhar de amor e de misericórdia, nos favoreceu com a graça da vocação consagrada a uma missão a um carisma sem nenhuma obra e nenhum mérito de nossa parte, e sem nenhum direito. Ele, por sua bondade infinita, colocou-nos no novo Paraíso de delícias onde, ao abrigo das tempestades, podemos gozar das primícias da felicidade eterna. Desde esse momento,  podemos dizer: Jesus fez em mim coisas grandes; sim, porque Ele não deixa jamais incompletas as suas obras. E, ao chamar-nos à vida consagrada, Ele nos preparou logo uma medida de graças que iremos recebendo dia-por-dia e hora-por-hora, a fim de que possa mos cumprir com nossas obrigações de consagrados por mais pesadas que nos pareçam. E depois de tantas graças, digam-me, filhos meus, se vocês acreditam que Jesus os elevou à dignidade do estado consagrado para que O servissem como os simples cristãos que vivem no mundo rodeados de mil perigos. Acreditam vocês que uma virtude comum paga suficientemente os lucros do imenso capital que lhes confiou? Tenhamos presente o que nos diz São Bernardo: "Vede, sois a nobreza da família cristã. Eis aí os anjos da terra que estão mais próximos da majestade divina e formam aqui em baixo sua escolta e guarda de honra." A vocação consagrada é um chamado de Jesus. A vocação consagrada é a misericórdia divina interessada em nossa salvação e que se mostra sempre propícia em graça. A vocação consagrada é a voz de Jesus que diz: "Vem praticar a caridade e trabalhar por meus pobres, por puro amor a Mim; vem e te dá a Mim para sempre, porém sem infantilidades. Dá-Me, filho(a) meu( minha), todo teu afeto, teus desejos, tudo o que constitui o teu ser, tua personalidade. E, mediante essa entrega absoluta, chegarás a possuir-Me; porém nesta posse dulcíssima, que é a suprema felicidade. É isso, filhos, a vocação Consagrada. Nela vemos a bondade de Jesus que nos escolheu; sua misericórdia que perdoa as ofensas que lhe temos causado e esquece as ingratidões; seu amor que nos enriquece, seu amor que nos salvou do perigo do mundo. Jesus, arrancou-nos do tumulto do mundo, para que nos déssemos a Ele, pois Ele já está dado a nós. Peçamos a Jesus a graça de perseverarmos fiéis em seu serviço; esforcemo-nos, em cooperar com a graça da vocação consagrada. Supliquemos-lhe nos conceda a felicidade de vivermos muito unidos a Ele. Jesus, tem direito de ser amado e de ser servido por seus servos e amigos. Ele escolheu o nosso coração para morada sua, e justo será que só Ele o ocupe. Também temos que pedir a Jesus nos ajude a vencer os muitos obstáculos que se nos apresentam na vida consagrada, e que são capazes de impedir nossos passos no caminho da perfeição. E um deles, creio o mais perigoso, é,  o abatimento moral, essa deplorável paixão do espírito que chamamos tristeza. Para os consagrados que caem em seus laços, todo exercício piedoso lhes é molesto, a oração lhes é cansativa, a leitura espiritual os enfastia. E, ao contrário, as tentações não os perturbam e o pecado não os impressiona. Por isso que um consagrado habitualmente triste e melancólico é, por si mesmo, matéria exposta a todo mal. A tristeza, deixa na alma chagas dolorosas e, além disso, perigos gravíssimos. Eu sei dizer-lhes de mim que temo a tristeza tanto quanto o pecado mortal, pois ela, uma vez que se apoderou do espírito dos consagrados, obscurece sua razão, torna-os melancólicos, intratáveis. E insensivelmente os vai afundando no abismo da covardia e da desconfiança. Isso os impossibilita de receberem conselhos sensatos. Esses consagrados, filhos queridos escutem-me, apesar de terem a alma triste e se encontrarem envoltos em sombras de morte, rechaçam a mão caridosa que lhes é estendida. Tudo lhes causa horror, tudo os ofende, não dão ouvidos a argumentos. Que horror! Peçamos a Jesus nos ajude a desterrar de nós semelhante monstro. E para isso é preciso,  que façamos todas as coisas por amor a Jesus. Sejamos humildes, mortificados, caridosos, e desterremos para longe de nós o "eu". Com amor, quem os traz sempre no coração!

Pe.Emílio Carlos Mancini