Discussão sobre o jejum
Evangelho: Lucas (Lc 5, 33-39)
Naquele tempo, 33os fariseus e os mestres da lei disseram a Jesus: "Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus, jejuam com freqüência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem". 34Jesus, porém, lhes disse: "Os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? 35Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, naqueles dias, eles jejuarão". 36Jesus contou-lhes ainda uma parábola: "Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha; se não vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não combinará com a roupa velha. 37Ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem. 38Vinho novo deve ser colocado em odres novos. 39E ninguém, depois de beber vinho velho, deseja vinho novo; porque diz: o velho é melhor". Palavra da Salvação!
Leituras paralelas: Mt 9, 14-17; Mc 2, 18-22
Comentando
O velho e o novo
Vivendo numa sociedade religiosa muito tradicional e conservadora, a pregação de Jesus colocou a novidade que trazia em conflito com os esquemas esclerosados, dos quais as lideranças religiosas não queriam abrir a mão.
A questão do jejum situa-se neste contexto. Os mestres da Lei e os fariseus, seguidos pelos discípulos de João, davam grande valor à prática do jejum, mostrando-se muito fiéis a esta tradição. Por isso, a orientação dada aos discípulos contrastava com o pensamento deles. Mesmo sem negar o valor do jejum, Jesus lhe dava pouca importância. Sua missão centrava-se em algo muito mais importante: levar as pessoas à prática do amor, a melhor forma de se mostrarem reconhecidas a Deus e ser-lhe agradáveis.
A compreensão e a aceitação do ponto de vista de Jesus supunha predisposição para abraçar a novidade que proclamava, sem colocar obstáculos. Querer misturar as coisas seria como remendar roupa velha com um pedaço de pano novo, ou depositar vinho novo em recipientes velhos. Ambas as situações seriam desastrosas: a roupa ganharia um rasgão ainda maior e o vinho se derramaria todo. Mais prudente seria fazer a roupa toda com pano novo, e guardar o vinho em recipientes novos.
Assim, os discípulos foram alertados sobre a incompatibilidade entre o novo, pregado por Jesus, e o velho defendido pelos líderes religiosos. A prudência exigia que fossem cautelosos.
Para sua reflexão: Eis o terceiros momento de confronto a propósito de jejuns voluntários como prática ascética de determinados grupos religiosos. O Messias se apresenta como esposo: título de Yhwh frequente no Antigo Testamento, aplicado a Jesus no Novo Testamento. O casamento é tempo de alegria partilhada. Mas Lucas conhece o tempo em que Jesus lhes foi arrebatado: o tempo da Igreja. Com a imagem do casamento podem-se conciliar a da roupa e do vinho. Ambas têm associações nupciais e servem para explicar a “novidade”. Quanto à imagem dos odres o Messias não vem para por remendos em panos gastos, traz um vinho que fermenta vida nova. (cf. Bíblia do Peregrino)
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