Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

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Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

DEUS TEM UM PROJETO PARA NÓS!

Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci. (Jr 1,5)

Muitos teólogos e biblistas têm falado a respeito do “plano de Deus” a partir das promessas que Deus fez ao patriarca Abraão, onde fica clara a instauração de uma nova geração de seres humanos, numerosa e voltada para Deus. A partir de Abraão teria início uma genealogia régia que iria culminar com Jesus, que trouxe a salvação, perdida com o pecado de Adão.

Embora nos capítulos iniciais da Bíblia (Gn 1–11) se encontre situações e figuras mitológicas, onde a metáfora supera a realidade, há se buscar-se ali algumas pistas que apontam para a existência de um projeto elaborado por Deus para devolver ao ser humano a cidadania do Reino, perdida após a queda do primeiro casal. Entre estas pistas salientamos duas: a) a promessa de inimizade entre a mulher (Maria, a mãe de Jesus) e a serpente (o mal) com a derrota desta última; b) o anjo colocado à porta do paraíso. Mesmo sabendo-se que paraíso e céu são realidades espirituais, a presença de um anjo de guarda na porta especifica que o local está “reservado” para alguém. Esta metáfora indica que o dono original (o ser humano) voltará a ocupar sua casa.

Nesse particular, que condições Deus poderia impor? Como Deus poderia determinar quem poderia ter esta vida? Ele poderia, com justiça, condenar toda a humanidade, porque todos os homens pecaram (cf. Rm 3,23) e o salário do pecado – sabemos – é a morte (6,23). Entretanto, Deus ama o homem e prefere assim que ele não pereça (cf. Jo 3,16). Talvez ele pudesse salvar toda a humanidade, não importando o quanto estivesse corrompida, mas isto não é possível, porque Deus não pode tolerar a iniqüidade (cf. Is 59,1s).

Talvez ele pudesse salvar arbitrariamente alguns e condenar a outros, mas Deus não faz acepção de pessoas (cf. At 10,34). Era preciso um projeto especial. Portanto, Deus mesmo determinou pagar o preço do pecado. Desta forma, o amor de Deus pelo homem poderia ser manifestado, ao oferecer ao homem a oportunidade da salvação. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus poderia ser satisfeita pelo preço pago pelo pecado.

O homem, por si próprio, não poderia pagar esse preço. Cada pessoa que tenha vivido bastante para ser responsável perante Deus tem pecado. Adão pecou no Éden. Noé foi salvo na arca, porque era justo, mas plantou mais tarde uma vinha e embriagou-se com vinho. Abraão é chamado o pai da fé, mas mentiu em pelo menos duas ocasiões. Davi foi um homem que agiu segundo o coração de Deus, mas cometeu adultério e assassinato. Cada homem teria que morrer pelos seus próprios pecados, encerrando assim a continuidade do sonho de Deus.

Mas, como poderia Deus pagar o preço pelo pecado do homem? A morte é o preço que Deus estabeleceu (cf. Gn 2,17; Rm 6m23). Mas a Divindade, como divindade, não pode morrer. Portanto, o plano de Deus foi enviar o Lógos, a Palavra eterna, à terra, em forma humana, como seu Filho. Ele mostraria ao homem como deve ser o ser humano perfeito. Então, aquele Filho, como divindade em forma humana, morreria para pagar o preço dos pecados dos homens. O homem não percebeu a necessidade de tal preço, quando foi expulso do Paraíso. Toda a Bíblia mostra ao homem quão fracos eram seus próprios esforços para sua própria salvação. O homem é deixado com uma só conclusão: não há esperança alguma, sem Deus!

Não podemos responder a pergunta sobre por que Deus chegou a criar o homem. Não podemos saber, igualmente, porque ele amou o homem o bastante para oferecer-lhe a chance de viver no paraíso. Todavia, podemos ver o maravilhoso plano, que ele revela na Bíblia para nós. Que direito tenho eu, como um homem insignificante, de contestar suas condições, quando ele me oferece tal recompensa?

O plano de Deus, para que não pairem maiores dúvidas, é a retomada – através da encarnação de Jesus Cristo – do antigo plano da criação, desvirtuado pela humanidade. Nesse aspecto devemos considerar três movimentos: a criação (projeto de Deus), a queda (projeto do homem) e a reconstrução (plano de reconstrução da humanidade destroçada pelo pecado).

“No princípio...”, Deus falou e o universo físico foi criado. Começou então a existir vida na terra. Em primeiro lugar vieram as plantas, então os peixes, as aves e os animais da terra. O processo da criação não estava ainda completo, porque não havia ainda vida que pudesse entender ou compartilhar a companhia de Deus. Por isso, foi criado o homem. “Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1,26).

O homem não é como Deus, em aparência ou poder. Como a humanidade é fraca, quando a serpente tentou Eva, esta se deixou seduzir e comeu do fruto proibido. Deu-a a Adão e ele também a comeu. Agora conheciam a vergonha, a culpa e o medo. Deus deu aos dois culpados uma maldição: dor, tristeza, problemas, espinhos, a morte e, pior de tudo, a separação da companhia de Deus.

O pecado do homem não foi surpresa para Deus. Ele sabia, antes da criação, que sua criatura seria fraca, e havia se preparado para a queda do homem. Deus já havia planejado como o homem poderia ser salvo. Adão e Eva desistiram da oportunidade de felicidade completa nesta terra. Deus, mesmo havendo expulsado o casal do Paraíso, amaldiçoando suas atividades em uma terra seca e inóspita, começou o longo processo de revelação de seu plano sobre como o homem poderia viver para sempre com ele, desde que aceitasse as suas condições.

Mesmo com esta primeira maldição, Deus deu o primeiro vislumbre de esperança de um dia quando alguém da descendência da mulher feriria a cabeça da serpente. A maldade triunfou neste dia com Adão e Eva, mas algum dia posterior o homem triunfaria por aquele que Deus enviaria para completar o seu plano. Recordam?

Deus jamais se esqueceu por um só momento de seu propósito original: criar o homem para ser sua companhia numa vida eterna e sem transtornos. Muitos e muitos anos se passaram desde o dia em que Adão pecou. As pessoas que viveram não podem ser contadas. A Bíblia nos conta apenas de alguns da vasta multidão que viveu, porque são aqueles através dos quais ele revelou o seu plano.

Deus chamou Abraão e mandou que ele deixasse seus parentes e fosse para uma terra que lhe seria indicada. Abraão obedeceu e foi dirigido à terra de Canaã. Uma tripla promessa foi feita a ele: a) seus descendentes seriam uma grande nação: b) esta nação herdaria a terra de Canaã; c) através de sua semente, todas as famílias da terra seriam abençoadas. Toda a seqüência da Bíblia é a história do cumprimento destas três promessas.

Até esta parte da história, Deus havia revelado somente uma pequena parte de seu plano para a redenção do homem. Sabemos que alguém virá que triunfará sobre Satanás (cf. Gn 3,15). Sabemos agora que este alguém virá da nação composta pelos descendentes de Abraão e que todas as nações serão abençoadas pela sua vinda. Está aí a síntese do projeto de Deus.

Para complicar (ou para a glória de Deus), Sara, a mulher de Abraão era estéril. Abraão teve um filho com Agar, a serva de Sara. Ismael nasceu e foi abençoado porque era filho de Abraão, mas não era a semente prometida. Finalmente, através de um milagre, Isaac nasceu quando seu pai já tinha cem anos. Quando Isaac se tornou o chefe da família, Deus repetiu a tripla promessa: a Terra, a Nação e a Promessa Espiritual. Através de sua semente todas as nações seriam abençoadas. A figura de uma casal sem filhos, uma mulher estéril e um homem idoso traz uma pedagogia que aponta para a vida humana distanciada de Deus.

Isaac teve dois filhos, Esaú e Jacó. Mesmo antes de seu nascimento, Deus disse que Jacó seria o maior. Os descendentes de Esaú tornaram-se a nação dos edomitas (filhos do ruivo). Foi para Jacó que a tripla promessa foi repetida. Ele receberia a terra. Seus descendentes formariam uma grande nação. Através de seus descendentes todas as famílias da terra seriam abençoadas.

Jacó teve doze filhos. Á beira da morte Jacó chamou seus filhos e deu a cada um uma bênção. Esses filhos formariam as doze tribos que comporiam a nação de Israel (o nome Israel foi dado a Jacó por Deus). Foi para Judá, seu quarto filho, que ele fez uma profecia especial. O cetro (o sinal da soberania) não sairia da família de Judá.

Revelava aí o Senhor Deus uma parte de seu plano: Alguém virá para triunfar sobre Satanás. Ele abençoará todas as famílias da terra. Virá através da semente de Abraão, através de Isaac, através de Jacó e através de Judá. Reinará. O livro de Gênesis encerra-se com a expressão confiante de José, aos seus irmãos, de que chegaria o dia em que Deus levaria o povo de volta a Canaã. Muitos anos se passam antes de ocorrerem novas revelações. Teria Deus se esquecido do seu povo?

Agora é uma multidão de pessoas chamada hebreus (posteriormente chamados judeus). Um novo faraó que não conheceu José subiu ao poder. Ele temia este vasto grupo de pessoas estrangeiras em seu país, e os oprimiu, tornando-os escravos. Eles multiplicaram-se mais rapidamente. O faraó tentou destruir a posteridade dos hebreus ao ordenar a matança de todos os recém-nascidos.

Nesta ocasião nasceu um menino. Como havia uma sentença de morte contra os filhos dos escravos, sua mãe o escondeu durante três meses e então o colocou entre as canas nas margens do Rio Nilo. Ele foi achado pela filha do Faraó, que lhe deu o nome de Moshe, Moisés (salvo da água). Por quarenta anos ele foi instruído como se fosse filho da filha do Faraó. Sua própria mãe foi contratada para ser sua ama de leite. Foi desta forma que ele se desenvolveu desde a infância conhecendo a angústia de seu povo.

Com quarenta anos Moisés pretendia salvar seu povo, mas Deus tinha outro plano. Moisés matou um egípcio e teve que fugir para salvar sua vida. Nos próximos quarenta anos trabalhou como pastor em Madiã, nas terras de seu sogro Jetro. Então, um dia, Deus apareceu a Moisés em um arbusto ardente e deu-lhe o encargo de voltar ao Egito para salvar os Israelitas. O faraó, no entanto, se negou a soltar o povo. Deus mostrou seu poder sobre a mais poderosa das nações da época, ao enviar dez terríveis pragas, até que os egípcios realmente rogaram aos Israelitas para saírem. O projeto de libertação tomava corpo.

Ao invés de dirigir as pessoas diretamente à terra de Canaã, Deus orientou-os para o sudeste, para o Monte Sinai. Lá fez uma aliança com eles. Prometeu-lhes ser Yahweh, o Deus com eles e deixar que fossem o seu povo, se obedecessem a ele e cumprissem os seus mandamentos. O povo desejava as bênçãos de Deus e rapidamente concordou com a aliança. Deus lhes deu uma lei que especificava exatamente como deviam viver como o povo que ele tinha escolhido. Eram os “dez mandamentos” a síntese da lei divina que conhecemos até hoje. Deus estava preparando um povo especial para estar pronto para a conclusão de seu plano.

Deus demonstrou seu poder e proteção ao seu povo de todas as formas concebíveis. Alimentou-os quando estavam famintos. Deu-lhes água tirada das pedras. Afugentou seus inimigos. Protegeu-os como um pai protege seu filho (cf. Os 11,1). Mas, o povo não cumpriu sua parte na aliança: construíram um bezerro de ouro para adoração; murmuraram quando estavam com sede; queixaram-se com relação ao maná que Deus havia dado para seu alimento. Somente Josué e seu irmão Caleb confiaram no poder de Deus. O Senhor os fez vagar por quarenta anos no deserto. Através de Moisés, Deus prometeu grandes bênçãos ao povo se permanecesse fiel a ele. Por outro lado, alertou sobre as punições, caso se desviasse dele.

Pela indicação de Javé, Josué se tornou o novo líder dos hebreus em lugar de Moisés, após a morte deste. Ele conduziu o povo através do rio Jordão para conquistar a terra prometida. Marcharam em volta de Jericó e o Senhor fez com que Josué e seu exército encontrassem a vitória por toda parte. Dentro de poucos anos toda a terra de Canaã havia sido conquistada e dividida entre as tribos. A Lei, no entanto, era rigorosa e não deixava margens a interpretações, o que causou um certo fundamentalismo na interpretação posterior, tornando-se uma lei que era usada para restringir e oprimir. Como fora promulgada por Deus, só este poderia modificá-la. Jesus viria para fazer essa alteração. Isto faz parte do projeto.

Duas das promessas feitas a Abraão haviam sido cumpridas, neste ponto da história. Os descendentes de Abraão, de fato, tornaram-se uma nação. Deus os conduziu à vitória para ganharem a terra (cf. Js 21,43ss). Somente a promessa espiritual estava ainda faltando. Deus estava ainda revelando, gradativamente, o seu plano para a humanidade aprender. Não havia chegado ainda a “plenitude dos tempos”. Este pleroma viria com Jesus Cristo:

Quando porém, chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher, submetido à Lei, para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fossemos adotados como filhos (Gl 4,4s).

A reflexão sobre o projeto de Deus indica o quanto ele nos ama, apesar de nossas falhas e afastamentos. É justamente por causa desse amor infinito que ele nos dá ampla liberdade para escolhermos nossos próprios caminhos, e assim buscarmos um verdadeiro sentido para nossas vidas.

Hoje em dia, nós todos fazemos muitos planos, para melhorar nossa vida, para nos defendermos de algumas ameaças, para prosperar e crescer. Todas as pessoas e famílias têm seus projetos. Pena que nem sempre realizamos aquilo que planejamos, pois nossos planos, em geral, se referem às coisas materiais. Pergunto: as coisas materiais nos fazem felizes? Igual a nós, Deus também tem um projeto, com a diferença que esse plano se realiza. Aliás, se realiza se nós quisermos que ele aconteça. Tem gente de cabeça tão dura que pode até contraria o projeto divino.

A vida humana é muito atribulada. Vivemos em uma agitação que não nos damos contas da presença de Deus ao nosso lado, tentando nos ajudar e querendo nos inserir no seu plano. O plano de Deus é a síntese da felicidade para o ser humano. Aqueles que não encontram a Deus jamais conseguem fazer a descoberta do amor, do perdão, da paz e do plano. Sempre fica faltando algo: buscam, buscam e não encontram muita coisa que satisfaça; têm coisas materiais – casa, carro, televisão, emprego – mas são só coisas. Falta em suas vidas um rumo, um sentido.

A mãe, o escritor, o artista, amam o filho, o livro, a obra mesmo antes de nascer ou ficar concluída. Sendo eternos, Deus nos criou para igualmente sermos eternos. Sendo amor, nos criou para amar e sermos amados. Ele nos amou e nos destinou à felicidade:

Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci.

Este é o plano criado pela sabedoria de Deus para que fôssemos felizes. Nós somos felizes? Cem por cento felizes? Será que Deus falhou? A questão toda é que Deus traçou um plano com linhas retas e definidas, e nós entortamos as linhas e tornamos indefinido o objetivo. Se não somos felizes é porque não seguimos o projeto de Deus.

Já imaginaram se um pedreiro alterasse o projeto do engenheiro? Se colocasse material de segunda, areia ao invés de alicerce, barro no lugar do concreto. O que aconteceria? A casa cairia. Nossa vida às vezes desaba porque nós entortamos o projeto original. A misericórdia divina se torna visível desde o princípio, na inimizade entre a mulher e a serpente, e na colocação do anjo à porta do paraíso. A sabedoria do plano divino mostra que Deus criou, o homem destruiu e Jesus Cristo veio reconstruir. Alguém duvida disto?

Sem penetrar adequadamente no mistério do amor de Deus, o ser humano nunca entende direito o amor, e muitas vezes responde com traição, frieza ou superficialidade. Adão tinha tudo para ser eternamente feliz, mas – assaltado pela soberba – quis ser igual a Deus. Teve uma crise de egoísmo e desejo de poder, e se deu mal. Deus não castiga; apenas deixa o homem ao sabor de suas escolhas. Ele respeita nossas decisões.

O primeiro homem foi infeliz porque desprezou o projeto de Deus, e preferiu contar apenas com ele mesmo. Hoje, o ser humano ignora a Deus e idolatra as coisas materiais. A máquina, o conceito, a casa, o cargo, a pose, tudo isso o faz feliz. Por isto ele cria e reproduz falsos conceitos de Deus, como alguém mau, fiscal, castigador, omisso. A sociedade sem Deus é isto que está aí, e que nós conhecemos tão bem. Ter, poder e prazer são os novos e vigorosos ídolos dos tempos globalizados. A pessoa vale por aquilo que tem, pelo poder que exerce e pelo prazer com que goza a vida. A sociedade sem Deus é a sociedade em desacordo com o projeto.

É preciso enxergar o projeto de Deus mesmo quando as coisas não dão certo. Não adianta culpar os outros. É preciso serenidade. No episódio do “fruto proibido” há um clássico jogo-de-empurra. Adão culpa a mulher que, por sua vez acusa a serpente. É o velho truque de fuga racionalista, buscando justificativas, apelando para as eternas desculpas dos que querem sempre a liberdade de escolha, mas fogem e não querem assumir a responsabilidade pelas opções. O ser humano anda sempre a cata de culpados. Sabemos bem que a serpente da soberba, do egoísmo e da auto-suficiência – raiz do pecado e do mal – está dentro de nós, e não anda rastejando fora de nós, nas coisas e atitudes dos outros.

E a justiça legal dos tribunais, a justiça social, distributiva e cumulativa, como é feita? É feita em cima de injustiça, baseada em critérios de desigualdade social, elaborada por pessoas de moral contestada. Pobre plano de Deus! Aqui ele é mesmo “entortado” uma barbaridade (como diz o gaúcho) Tem-se a impressão que os homens e os órgãos responsáveis por esta justiça em favor de todos, em vez de distribuir os bens, num gesto largo, justo e fraterno, em vez de servirem à comunidade, eles invertem o gesto para, servindo-se da comunidade, recolher o mais possível para seus bolsos.

Sabemos que a justiça exigida pelo projeto de Deus sempre foi, e continua sendo, uma bandeira evangélica. A justiça social, dos direitos fundamentais do homem é a justiça que se baseia no evangelho de Jesus Cristo. É lamentável observar que alguém se levanta, em nome de Deus e do evangelho para denunciar certas violências contra o plano de Deus, e essa voz é calada, boicotada, tachada de perigosa e herética, pelos amigos, pelos poderosos e até pela chamada “hierarquia” religiosa. O plano de Deus nos compromete como realidade existencial, envolve nossa vida em um compromisso de uma vida de fé como resposta ao projeto.

No plano de Deus está embutido um projeto de santidade. Em que consiste a santidade? Não é o extraordinário que faz a santidade, mas sim como o comum e o cotidiano elaboram o chamado “milagre da normalidade”. Santidade é fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias. O projeto divino é comunitário. Na porta de uma igrejinha ortodoxa em Mykonos, li um aforismo deveras revelador:

Procurei a Deus e ele se escondeu;
procurei a mim e não me achei;
procurei o irmão e encontrei os três.

A essência da adesão ao plano de Deus é a fidelidade, Não existe conversão sem fidelidade ao projeto que Deus traçou para a nossa vida. A oração é um traço dessa fidelidade. O “Pai Nosso”, por exemplo, é o resumo de todo o evangelho. Nos juízos pai, pão e perdão se encontra a síntese do plano.

O plano de Deus é uma pro-posta de Deus. Nossa fé é a res-posta. A proposta do plano de Deus criado e recriado para nós é clara: vivemos como seus filhos neste mundo numa comunidade fraterna chamada Igreja-Reino de Deus, com a missão de proclamar esse plano com nossas palavras e atitudes, denunciando tudo que se opõe a ele. Deus espera de nós uma resposta. Ao sim dessa resposta chamamos de fé.

Ao falar em “projeto de Deus”, no fim desta pregação, eu não posso deixar de me lembrar de um amigo, o padre redentorista Zé Ribolla († 2002), um especialista no assunto. Recordo que ele esteve em minha casa em Caxias, RS, no ano de 1989. Ainda guardo comigo seu livro “O plano de Deus” (Ed. Santuário, 1987) que ele ofereceu a mim e à Carmen, com uma carinhosa dedicatória:

Aos queridos irmãos-amigos Carmen, Antônio e família, desejo de coração que o testemunho de palavra e de vida de vocês proclame sempre o plano de Deus, fazendo-os felizes na caminhada da fé. Ribolla, Caxias do Sul, 16/07/1989.

Com seu jeitão típico de caipira do interior paulista ele sabia dizer as coisas da espiritualidade como ninguém:

A proposta de Deus era a vida; a resposta do homem foi a morte. A proposta de Deus era sim; a resposta do homem foi um não. Deus ofereceu a graça e o homem desfigurou-a em des-graça. Deus entrou com o projeto do bem e o homem revidou com o do mal. O não do homem fez uma cadeia de ecos e se repetiu em todas as direções.

É de Ribolla a figura de um traçado de duas linhas mais ou menos paralelas. A primeira, o plano de Deus, bem reta, limpa e plana. A segunda, o plano do homem, torta, suja e se afastando da primeira. É interessante observar que, por importante, “o plano de Deus” é tema recorrente na maioria dos cursos de espiritualidade, bem como nos retiros espirituais e querigmáticos (Cursilhos, ECC, Emaús, etc.). É indispensável ao cristão conhecer a extensão do plano de Deus para sua vida.

Aderir ao plano de Deus é responder afirmativamente ao convite de Cristo e dizer sim ao amor, ao perdão, à partilha. É defender a vida e prestigiar os valores morais e a ética na família, no trabalho, na sociedade e na política. Para essa adesão é preciso libertar-se de algumas prisões. É preciso dar um sim, consciente, profundo e definitivo a Deus, tal qual fez Maria. Deus é o pai cheio de misericórdia que nos ama, tem um plano para nos fazer felizes, e nos espera de braços abertos. Para irmos a ele temos que abrir, nos entregar, confiar. Tem mensagens, no interior de garrafas fechadas, que circulam os sete mares sem se molhar.

Às vezes nós permanecemos igualmente fechados, sem permitir que a graça de Deus nos lave. É hora de fechar o guarda-chuvas da teimosia e permitir que a graça do Pai aja em nós. Não aceitar esse projeto de amar é como nadar contra a correnteza ou, pior, construir uma casa sobre um lençol de areia. É como os pintinhos, no galinheiro, que deixam de comer a ração nutritiva para comer terra. Ou, às vezes até coisa pior.

Quando contemplamos o projeto de Deus não podemos deixar de nos encher de esperança. A promessa do “novo céu” e da “nova terra” dá a certeza de que estamos reconciliados com Deus, e que tudo é uma bênção. Neste “universo novo”, a Jerusalém Celeste (cf. Ap 21,5), Deus fará a sua morada entre os homens. Ele “enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem dor, nem pranto” (cf. Ap 21,4).

Não tenham medo, eu venci o mundo!

Antônio Mesquita Galvão

Doutor em Teologia Moral

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