A FECUNDIDADE DE QUEM HOSPEDA O SENHOR
Há uma perícope dos evangelhos (cf. Lc 10-38-42) em que a Palavra de Deus fala em hospedar o Senhor.
O Salvador faz-se hóspede na casa da Marta e de Maria, irmãs de Lázaro de Betânia.
As duas acolhem Jesus; Maria acolhe-o de modo perfeito, pois que não somente dá-lhe sua atividade, mas dá-lhe um coração que escuta, que é capaz de acolhê-lo em profundidade.
A passagem nos chama atenção para o fato profundo do ser cristão: não se trata simplesmente de crer no Cristo, mas de um esforço constante em acolhê-lo na vida, fazendo-o íntimo nosso, numa conaturalidade de amor e sentimento. Aquilo de que falava São Paulo ao exortar: “Tende em vós os mesmos sentimentos do Cristo Jesus!”
Este é, efetivamente, o grande desafio do cristianismo: a amizade, a intimidade, a disponibilidade de coração em relação a Jesus. Não se trate de cumprir preceitos simplesmente, de aderir a um credo doutrinal, de praticar certos atos de culto ou certas normas morais; trata-se, antes, da amizade, do amor, do afeto para com o Senhor: “Tu me amas?” – é esta a questão decisiva que nos faz ou não cristãos!
Amar é acolher na casa do coração, amar é perder tempo para ouvir, para deixar que o sonho do Amado invada a nossa vida e o nosso sonho. Maria fez isso melhor que Marta, por isso é modelo da discípula perfeita!
Outro exemplo de acolhida é o de Abraão, no livro do Gênesis (cf. Gn 18). Ele acolheu o Senhor sem saber de quem se tratava. Foi todo prestimosidade, todo generosidade para com os hóspedes desconhecidos: deu-lhes a melhor farinha, o melhor vitelo, o melhor de si.... Sentou-se descansadamente sob o carvalho e, de pé, todo prestimoso, os serviu... Acolhendo o estrangeiro, tornando-se próximo dele, sem saber, Abraão, nosso Pai, acolheu o próprio Senhor!
Ainda agora é assim: quando acolhemos, quando nos fazemos próximos, quando somos generosos, quando o deixamos o coração ser uma casa espaçosa que recebe sem restrição, então, sem nem nos darmos conta, acolhemos o próprio Deus!
E qual é o resultado de Deus na nossa vida, de Cristo em nós – como diz São Paulo na segunda leitura? É a fecundidade de uma vida que vale a pena: “No próximo ano passarei aqui novamente e Sara terá um filho!” Na perspectiva de Deus, dar enriquece, dar gera vida, dar nos faz acolher o próprio Senhor da vida!
Dom Henrique
Nenhum comentário:
Postar um comentário