Há ditados que dizem que enxergamos o mundo a partir da cor dos nossos olhos, outros afirmam que é de acordo com os óculos. Pe. Luis Guanella via o mundo a partir da sua fé e do seu amor a Deus Pai, Bondoso e Misericordioso. Desta maneira, a devoção à Nossa Senhora do Trabalho, não iniciou com o beato, contudo, é pelo seu prisma que nós a veneramos.
O título não era novo e não é uma invenção do Padre Luís Guanella e da sua piedade devota e concreta. Antigos quadros representam a Mãe de Deus atenta em trabalhar, tendo nas mãos o fuso para a lã, até no momento da anunciação; os cristãos sempre amaram contemplar Maria atenta ao seu trabalho de casa; quando o trabalho, no século passado, adquiriu uma nova visão, promissor de bem-estar, mas também trágico de sacrifícios e de sofrimentos, em vários lugares os fiéis quiseram colocar em evidência uma visão mais serena, ainda que sacrificada e trabalhosa, colocando o trabalho sob a proteção da Virgem mãe zelosa e atenta a cada situação e dificuldade dos seus filhos. (“Don Guanella inédito” - Nos escritos de Piero Pellegrini - Alejandro Dieguez e Nino Minetti, - Trad. Pe. Alirio Anghebem; p. 376-381). Relatos históricos dizem que em 1894, na França, onde nossa senhora era venerada como Nossa Senhora dos Campos por alguns e por outros como Nossa Senhora da Oficina, passou-se a chamar, a partir do congresso de Amiens, de “Notre Dame du Travail” (Nossa Senhora do Trabalho). Entretanto, a Nossa Senhora do Trabalho à qual estamos acostumados a venerar, teve suas raízes num pequeno lugarejo da Itália, Nova Olônio. Cidade marcada pelo abandono e lugares ermos, norteado por um imenso banhado (planície alagada).
Quando Pe. Luis Guanella chega nesta região e decide mudar este ambiente, consideram-no louco, mas como não era mais novidade acharem isto dele, se manteve firme no propósito. Como não tinha muita mão de obra e nem dinheiro para pagar empregados, utilizava os “Bons Filhos” (crianças portadoras de necessidade especiais) que conseguiam trabalhar. Muitos, quando os enxergavam indo para o trabalho, caçoavam, desdenhavam.
Como possuía uma confiança inabalável na Providência Divina e colocou esta obra sobre a proteção de Nossa Senhora do Trabalho, teve bom êxito. Hoje em dia, Nova Olônio é uma cidadezinha muita agradecida ao Pe. Luis e aos seus ajudantes e, sobretudo, a Nossa Senhora do Trabalho.
Desta maneira o Pe. Luis propagou esta devoção e recomendava principalmente aos desempregados, aos oprimidos, aos trabalhadores sofridos, para todos àqueles que necessitam de um alento. Ninguém melhor do que Maria Santíssima (ainda mais sobre este titulo) para confortar e mostrar o caminho certo para os trabalhadores. Fazendo-os perceber a importância da dignidade do trabalho e de como ele (o trabalho) o amadurece (ao homem e a mulher) e o torna artífice da criação, pois com o trabalho o homem dá continuidade à ação de Deus no mundo.
Pe. Luis Guanella utilizou desta devoção para dar à vida mais fé e à fé mais vida, ou seja, assim como nos recomenda São Tiago em sua carta da fé com obras, pois sem elas é morta. Nosso beato nos chama a traduzir nossas ações em gestos concretos da criação de Deus e nos santificarmos pelo trabalho.
A imagem de Nossa Senhora do Trabalho foi esculpida pelo engenheiro Santirana. Não se sabe se a inspiração foi dele ou do Pe. Luis. Contudo, o que se sabe é que Guanella queria que os trabalhadores quando olhassem para aquela imagem pudessem sentir-se protegidos por aquela Mãe tão terna e atenciosa.
No Brasil a devoção a Nossa Senhora do Trabalho chegou por meio dos Irmãos e Padres Servos da Caridade. Inicialmente em Santa Maria – RS, contudo em Porto Alegre, capital gaúcha, é que a devoção ganha concretude por meio da paróquia Nossa Senhora do Trabalho, que em 1987 foi elevada ao titulo de Santuário. Atualmente, é pároco o Pe. Ivo Catani e a festa é celebrada sempre no dia 1 de maio (dia do Trabalhador).
Que Nossa Senhora do Trabalho abençoe a cada um dos Trabalhadores do Brasil e do Mundo. Nossa Senhora do Trabalho, Rogai por nós.
ORAÇÃO DO DESEMPREGADO
Ó mãe amável. Nossa Senhora do Trabalho! Prostrado aos vossos pés, suplico-vos, humildemente, olhai, com bondade, para este (a) vosso (a) servo (a) desempregado (a). Minha situação é muito difícil! Não sei mais a quem recorrer. Tudo é insegurança e escuridão ao meu redor. Por isso, estou em busca de uma luz. Sei que posso encontrá-la batendo à porta de vosso coração. Quem recorre a vós não fica de mãos vazias, desprotegido (a), pois sinto que encontro segurança em vossas mãos, sob o vosso olhar de ternura, e abrigado (a) por vosso manto protetor! Aceitai,portanto, o meu apelo,concedendo-me a graça de um emprego. Preciso trabalhar! Prometo-vos que o meu coração estará sempre aberto àqueles que precisarem de minha ajuda. Muito obrigado, ó mãe do Divino Trabalhador, por ouvirdes minha oração. Amém.
Aprovação eclesiástica: D. Altamiro Rossato
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