Palavras de Bento XVI
Regina Caeli
Queridos irmãos e irmãs!
O Evangelho do 5º domingo do Tempo Pascal, se abre com a imagem da
vinha. Jesus disse aos seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai
é o agricultor” (Jo 15,1).
Muitas vezes, na Bíblia, Israel é comparada com a
fecunda vinha quando é fiel a Deus; mas, se afasta-se Dele, torna-se estéril,
incapaz de produzir aquele “vinho que alegra o coração do homem”, como canta o
Salmo 104 (v.15).
A verdadeira vinha de Deus, a videira verdadeira, é Jesus, que com Seu
sacrifício de amor nos doa a salvação, nos abre o caminho para ser parte desta
vinha.
E como Cristo permanece no amor de Deus Pai, assim, os discípulos,
cuidadosamente podados pela palavra do Mestre (cfr Jo 15,2-4), são unidos de
modo profundo a Ele, tornando-se ramos fecundos, que produzem abundante
colheita.
São Francisco de Sales escreve: “O ramo unido e em conjunto com o tronco
porta fruto não por virtude própria, mas em virtude da estirpe: agora, fomos
unidos pela caridade ao nosso Redentor, como membros à cabeça; eis porque...
boas obras, tendo o seu valor com Ele, merecem a vida eterna” (Tratado do Amor
de Deus, XI, 6, Roma 2011, 601).
No dia de nosso Batismo, a Igreja nos envolve como ramos no mistério pascal
de Jesus, em sua própria pessoa.
Desta raiz recebemos a seiva preciosa para
participar na vida divina.
Como discípulos, também nós, com a ajuda dos Pastores
da Igreja, crescemos na vinha do Senhor ligado pelo Seu amor.
“Se o fruto que devemos produzir é amor, uma condição prévia é precisamente
este 'permanecer', que tem que ver profundamente com a fé que não se afasta do
Senhor” (Jesus de Nazaré, Milão 2007, 305). É indispensável permanecer sempre
unidos a Jesus, depender Dele, porque sem Ele não podemos fazer nada(cfr Jo
15,5).
Numa carta escrita a João, o Profeta, que viveu no deserto de Gaza no século
V,um fiel faz a seguinte pergunta: Como é possível ter, ao mesmo tempo, a
liberdade do homem e o não poder fazer nada sem Deus? E o monaco respondeu: Se o
homem inclina seu coração para o bem e pede ajuda a Deus, recebe a força
necessária para cumprir a própria obra. Por isso, a liberdade do homem e a
potência de Deus caminham juntas. Isso é possível porque o bem vem do Senhor,
mas ele é cumprido graças aos seus fiéis (cfr Ep. 763, SC 468, Paris 2002,
206).
O verdadeiro “permanecer” em Cristo garante a eficácia da oração, como diz o
beato cisterciense Guerric d'Igny: “Oh Senhor Jesus... sem Ti não podemos fazer
nada. Tu, de fato, és o verdadeiro jardineiro, criador, cultivador e guardião de
seu jardim, que planta com Tua palavra, irriga com Teu espírito, faz crescer com
Tua potência” (Sermo ad excitandam devotionem in psalmodia, SC 202, 1973,
522).
Queridos amigos, cada um de nós é como um ramo, que vive somente se cresce
cada dia, na oração, na participação aos Sacramentos, na caridade, a sua união
com o Senhor.
E quem ama Jesus, videira verdadeira, produz frutos de fé para uma
colheita espiritual abundante.
Suplicamos a Mãe de Deus para que permaneçamos
firmemente implantados em Jesus e cada ação nossa tenha Nele o seu início e Nele
o seu cumprimento.
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