S. João 16,16-20.
Disseram entre si alguns dos discípulos: «Que é isso que Ele nos diz: 'Ainda um pouco, e deixareis de me ver, e um pouco mais, e por fim me vereis'? E também: 'Eu vou para o Pai'?»
Diziam, pois: «Que quer Ele dizer com isto: 'Ainda um pouco'? Não sabemos o que Ele está a anunciar!»
Jesus, percebendo que o queriam interrogar, disse-lhes: «Estais entre vós a inquirir acerca disto que Eu disse: 'Ainda um pouco, e deixareis de me ver, e um pouco mais, e por fim me vereis'?
Em verdade, em verdade vos digo: haveis de chorar e lamentar-vos, ao passo que o mundo há-de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria!
Comentário:
Queremos segui-Lo? Devemos ter também em consideração o caminho que Ele nos mostrou durante trinta e três anos: caminho de pobreza, de despojamento, por vezes muito amargos. Mas temos de seguir esse mesmo caminho se quisermos chegar, com Ele, acima de todos os céus. Mesmo quando todos os mestres estiverem mortos e todos os livros queimados, encontraremos sempre, na Sua santa vida, um ensinamento suficiente, pois Ele mesmo é o caminho e nenhum outro (cf. Jo 14,6). Sigamo-Lo, portanto.
Tal como o íman atrai o ferro, assim o amável Cristo atrai a Si todos os corações a quem tocou. O ferro tocado pela força do íman é elevado acima do que lhe é natural, sobe, seguindo-o, embora isso seja contrário à sua natureza. Já não tem repouso até ser elevado acima de si próprio. Assim também, todos aqueles que são tocados no mais fundo do coração por Cristo já não retêm, nem a alegria, nem o sofrimento. Elevaram-se acima de si próprios até Ele. [...]
Quando não somos tocados não devemos imputá-lo a Deus. Deus toca, empurra, adverte e deseja igualmente todos os homens, quer da mesma maneira a todos os homens, mas a Sua acção, a Sua advertência e os Seus dons são recebidos e aceites de formas muito diversas. [...] Nós amamos e procuramos outras coisas que não Ele, por isso os dons que Deus oferece sem cessar a cada homem ficam muitas vezes por utilizar. [...] Só poderemos sair desse estado de alma com um zelo corajoso e decidido e com uma oração muito sincera, interior e perseverante.
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano em Estrasburgo
Sermão 20, 3º para a Ascensão
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