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Desmentida
a intervenção humana
Aventaram-se hipóteses de uma trasladação operada por
homens. Além de carecem de qualquer documentação, elas se revelaram
insustentáveis do ponto de vista científico.
Para essas hipóteses serem históricas teria sido necessário desmontar as
pedras e os tijolos da Casa em Nazaré para depois refazer as paredes no local de
chegada. A operação deveria ter sido repetida em cada uma das mudanças.
Desde a Palestina até a costa do Mar Adriático, onde a Casa apareceu em cinco
lugares diversos, medeiam dois mil quilômetros de viagem terrestre e marítima.
Materialmente, o transporte teria sido impossível sem graves danos, perdas e/ou
sinais da mudança.
Rapidez
inexplicável da translação
Acresce-se, ainda, a momentaneidade – ou quase – da viagem. Os dados
conhecidos apontam que a Santa Casa saiu de Nazaré em maio de 1291. A chegada a
Tersatto (primeira etapa) aconteceu em 9/10 de maio de 1291, segundo registro
esculpido em pedra na época.
A Santa Casa foi retirada milagrosamente da Palestina para impedir que caísse
nas mãos dos maometanos. De fato,
São João de Acre, a última fortaleza do Reino Latino de
Jerusalém criado pelas Cruzadas, começou a ser sitiada pelo sultão Khalil em 5
de abril de 1291.
Acabou caindo em mãos anticristãs em 28 de maio de 1291. Nazaré fica a 41 km
desse antigo enclave cristão. A desgraça pôs fim à hegemonia católica na Terra
Santa.
O santuário de Nazaré estava muito ligado aos Cruzados. A primeira igreja
construída no local foi arrasarada em 1090 pelos turcos seljúcidas que haviam
invadido a Terra Santa. A Santa Casa salvou-se, pois ficava na cripta do
santuário e os bárbaros cegados não perceberam.
As atrocidades desses turcos levaram o Bem-aventurado Papa Urbano II a
convocar a I Cruzada. Após a tomada de Jerusalém por Godofredo de Bouillon, um
magnífico santuário foi construído sobre a cripta.
Ele foi visitado por São Francisco de Assis na sua viagem à Terra Santa para
tentar converter o sultão turco, nos anos 1219-1220. Também por São Luís IX, que
tentava recuperar a Terra Santa, além de muitos outros santos e cruzados.
Em 1263 os islâmicos demoliram o santuário, mas a cripta voltou a ser salva
providencialmente. Com a queda da última fortaleza cruzada, os dias estavam
contados para essa relíquia extraordinária da História da Salvação.
Sem
alicerces: um milagre permanente
Outro fato extraordinário é o de sua instalação numa estrada pública de
Loreto.
Esse posicionamento é humanamente impossível, segundo os arqueólogos e
arquitetos que examinaram o subsolo da Santa Casa e a estrada sobre a qual ela
está apoiada.
O arquiteto Giuseppe Sacconi (1854-1905), por exemplo, constatou que “a Santa
Casa está apoiada em parte sobre a extremidade da estrada velha e em parte sobre
um antigo fosso”, inexistindo base material para ali erigir uma casa (“Annali
Santa Casa”, ano 1925, nº 1).
Um elemento arqueológico relevante, o qual fala em favor de que a casa
“posou” e não foi construída ou reconstituída, é que no local foi encontrado um
espinheiro que se achava na margem da estrada e que ficou preso e esmagado entre
a Casa e o solo no momento em que a Casa desceu.
O arquiteto Federico Mannucci (1848-1935) foi encarregado pelo Papa Bento XV
de examinar os alicerces da Santa Casa de Nossa Senhora, numa ocasião em que foi
necessário renovar o piso, após um incêndio em 1921.
Mannucci redigiu um relatório em 1923 onde afirma ser “absurdo achar” que a
construção possa ter sido transportada “com meios mecânicos” (F. Mannucci,
Annali della Santa Casa , 1923, 9-11).
Mannucci escreveu que “é surpreendente e extraordinário o fato de o prédio da
Santa Casa se conservar inalterado, sem ceder o mínimo sequer, e sem a menor
rachadura ou lesão nas paredes, malgrado não se encontrar apoiado em alicerce
algum, sobre um terreno sem qualquer consistência, solto e sobrecarregado, ainda
que parcialmente, pelo peso da cúpula construída para substituir o teto” (F.
Mannucci, Annali della Santa Casa, 1932, 290).
Religioso
cientista explica
O Pe. Giuseppe Santarelli, capuchinho e também historiador e arqueólogo de
renome internacional, dedicou grande parte da sua vida para organizar, em
colaboração com outros cientistas famosos, pesquisas sobre a origem da casa.
Suas numerosas publicações sobre o caso fizeram história.
A Casa foi trazida de Nazaré à Itália “para salvá-la da destruição”, explica
o religioso-cientista. “Na segunda metade do século XIII, a Palestina vivia uma
grande e violenta invasão mulçumana, com a destruição sistemática de lugares
santos cristãos”.
Mas por que a Itália e não outro lugar? “Não sabemos. Os antigos
historiadores, fiéis naturalmente, diziam que ‘por um desígnio providencial’, a
casa da Virgem havia passado da terra de Cristo à terra do Vaticano de Cristo”.
Loreto então formava parte dos Estados Pontifícios.
“Foram realizadas investigações de todo tipo. Todas demonstraram sempre que a
narração da história é autêntica. Isso quer dizer que a Casa de Loreto é a mesma
de Nazaré”.
Achados
do arqueólogo Nerio Alfieri
“Naturalmente, continua Frei Giuseppe Santarelli, as
investigações mais importantes foram executadas nos tempos modernos. Sobretudo
as realizadas em Nazaré entre 1955 e 1960 supervisionadas pelo padre Bellarmino
Bagatti, um dos mais ilustres arqueólogos do século XX, e as realizadas em
Loreto pelo arquiteto Nerio Alfieri, professor de arqueologia na Universidade de
Bolonha.
“As investigações do professor Alfieri demonstraram que esta construção está
cheia de anomalias absurdas, em um claro contraste com as construções da região
e também com as regras urbanísticas existentes no século XIII.
“A casa não tem bases próprias, é constituída somente por três paredes, as
quais, até uma altura de quase três metros, estão feitas de pedra e se sabe que
na região não existem pedreiras e que todas as construções daquela época eram
feitas de tijolos.
“É anômalo que a única porta, a original, se encontre no centro da parede
larga e não da pequena, como em todas as igrejas e capelas daquele tempo e que
esteja colocada ao norte, exposta a fortes e frequentes intempéries, contra todo
costume de construção local.
“É anômalo também que a única janela esteja colocada a oeste e, portanto,
aberta a uma pequena iluminação. Prática de construção também não exercida na
época.
“Todavia, se comparamos com os resultados das investigações feitas em Nazaré,
todas estas anomalias desaparecem. A casa de Loreto não tem bases porque as
bases estão em Nazaré, onde antes se encontrava. Tem somente três paredes porque
estava apoiada em uma gruta escavada na rocha que abrigava um único bloco
habitacional”.
Arquiteto
Nanni Monelli: concordância das medidas de Nazaré e Loreto
Um estudo extraordinário, realizado pelo arquiteto Nanni Monelli em 1982,
demonstrou que as medidas da casinha de Loreto e também a espessura das três
paredes correspondem perfeitamente com as medidas das bases que se encontram em
Nazaré. As pedras e paredes são tipicamente palestinas e também os tipos de
trabalho aplicados na pedra.
“Nanni Monelli aprofundou a investigação das pedras. Chegou à conclusão de
que estão trabalhadas com uma técnica específica desses lugares palestinos,
própria da cultura nabatea”, sublinha o Pe. Santarelli.
Os
graffitti
“Eu – acrescenta o Pe. Santarelli – depois realizei um
estudo específico sobre os gráficos legíveis a respeito das diversas pedras da
Santa Casa de Loreto.“Identifiquei por volta de cinquenta inscrições próprias
dos judeu-cristãos da Terra Santa e semelhantes aos encontrados em
Nazaré.“Também decifrei uma inscrição em caracteres gregos sincopados, que
traduzida diz: ‘Oh Jesus, filho de Deus’ – frase inicial de uma oração que se
encontra escrita em uma gruta anexa à casa de Maria em Nazaré.
“Estes e muitos outros detalhes levam à mesma conclusão: a Casa de Loreto é
precisamente aquela que até 1291 se encontrava na Palestina e que era venerada
havia 1.300 anos como a Casa da Virgem.
“Depois de anos de estudos, análises e investigações arqueológicas realizadas
com os meios mais sofisticados, somos capazes de afirmar categoricamente que
esta casa é exatamente aquela que até o final do século XIII era reverenciada em
Nazaré como a casa da Virgem” – conclui.
Fonte: Blog Ciência confirma Igreja
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