Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

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Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

segunda-feira, 25 de junho de 2012


 O Reino é como um tesouro...


Em suas pregações, Jesus privilegia o Reino dos Céus como a realização daquela utopia regeneradora do ser humano e do cosmos. O que vai anunciando por toda a terra da Palestina é a novidade do Reino, onde essa boa notícia reproduz àquele povo sofrido e oprimido, perspectivas de justiça, de verdade e libertação. Por causa do Reino Jesus veio, e o Reino foi sua palavra, sua vida, sua morte e sua ressurreição. O Reino é a vontade do Pai. Quem tiver olhos para enxergar apenas o pequenino grão de mostarda, um punhado de fermento imerso na massa, ou algumas sementes de trigo sufocadas no meio do joio e da erva daninha, talvez desvalorize e não tenha condições de ver a implantação do Reino dos céus no meio da sociedade humana.

Embora muitos façam confusão, o Reino, por ser eminentemente escatológico, não deve ser identificado com a Igreja. A Igreja, por sua condição de res viator, se realiza no tempo, com ênfase à sua característica temporal. A Igreja não é o Reino, mas aponta para ele e caminha em sua direção. O teólogo Alfred Loisy († 1940), um modernista francês foi excomungado em 1908 por Pio X, por haver estabelecido uma divisão que hoje é aceita pela maioria dos teólogos: “Jesus pregou o Reino e em seu lugar veio a Igreja”.

Nessa característica, o Reino dos Céus se mostra dinâmico em duas fases: uma atual, escondida e humilde, e outra futura, gloriosa e cheia de esplendor. A dinâmica do Reino aponta para o valor transcendente das coisas que vem do Alto. Por conta disto ele eclode no meio de nós, a partir da irrupção do dom de Deus nos corações da humanidade que crê, espera e ama. A fé na ressurreição é o centro axial do cristianismo. Fé não é somente a adesão a um conjunto de verdades tidas como irrefutáveis, mas subentende vigorosamente um processo de conversão do ser humano ao abraço amoroso do Pai e à oferta generosa da sua graça. Assim como não existe fé sem partilha, igualmente não existe amor sem solidariedade.

A vocação do homem é o céu e não a terra; é Deus e não o paraíso terrestre. Isto não significa que ele seja convidado a se omitir das tarefas históricas da solidariedade. Antes, pelo contrário, deve levar a terra e a história juntas para o supremo ideal em Deus. Na chamada economia da graça, Jesus compara seu Reino com um tesouro escondido no campo, onde um homem vende tudo o que possui para comprar o campo e assim se apossar do tesouro. O ato de vender tudo aponta para um despojamento de riquezas, para uma renúncia às paixões e – sobretudo – para o ato de assumir um compromisso com o valor maior. Ninguém poderá comprar o campo se não se desfizer das coisas inúteis e inferiores que possui, trocando-as por valores verdadeiros. Só toma posse do Reino quem se dispõe a renunciar o que passa, em troca do que não passa.

O Reino do Céu é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra, e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens, e compra esse campo. O Reino do Céu é também como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens, e compra essa pérola (Mt 13,44ss).

A parábola do tesouro escondido retrata o valor do Reino e seu mistério. Como um bem de valor, seu preço vale mais do que tudo o que se possui. Por isso vale a pena se desfazer de tudo para adquiri-lo. Este tesouro é o dom de Deus presente no meio dos homens (a vida da graça), proporcionando-lhe felicidades e agrupando-os em uma grande família, chamada de comunidade.

A comparação do Reino com um tesouro revela que há uma tensão permanente entre Reino e mundo. É hora de uma de-cisão entre graça e pecado. É preciso saber escolher entre as realidades de Deus e as ilusões do mundo. Igualmente no tocante à descoberta da pérola, é imperioso ter ciência da necessidade de troca entre essa jóia e as demais riquezas que o mundo oferece. Apegar-se aos valores humanos é como pretender ficar com bijuterias falsas em detrimento de pedras preciosas. Tanto a parábola do tesouro escondido como a da pérola de grande valor exprimem a riqueza da vida da graça.

A graça é dom gratuito, é a amizade com Deus que diviniza o homem, outorgando-lhe filiação divina, irmandade com Jesus Cristo, pertença à Igreja, tornando-o templo do Espírito Santo, destinatário das promessas e herdeiro do Reino. Dentro dessa perspectiva salvífica, o Reino acontece a quem tem a coragem de buscar a conversão individual, como sinal da libertação coletiva há tantos séculos esperada. Por isso, como ensinam com muita propriedade, os antigos Pais da Igreja, a vida da fé não é um problema para ser resolvido, mas um mistério para ser vivido, vivido na comunhão trinitária, na oração e no amor.

A entrada de Jesus em cena, no evangelho de Marcos, reflete o caráter proclamativo e escatológico do anúncio. Na verdade, não se trata de ensinar uma doutrina nova, mas lançar um kérygma (anúncio) com exigências de conversão e adesão à boa notícia (cf. Mc 1,15). O importante é deixar claro que o Reino está próximo, tudo confirmado com curas e outros sinais prodigiosos. É nessa perspectiva que se manifesta a verdade de tudo que foi anteriormente revelado. O Reino assume um caráter mistagógico na medida em que mescla realidades humanas com espirituais. É, como na figura de um arco-íris, o céu em união com a terra. Os antigos pregadores não cansavam de ensinar que o Reino não é deste mundo, mas começa a se realizar a partir daqui.

Jesus contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino do Céu é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado (Mt 13,33).

Aqui Jesus diz que o Reino, como o fermento imerso na massa, não é percebido no primeiro momento. Em seguida cresce a ponto de fermentar e transformar toda a massa, conforme seu objetivo anteriormente traçado. Tanto esta parábola como a anterior (do tesouro no campo) se referem à propagação no evangelho do
Reino, como uma boa noticia, em todo o mundo. A ressurreição de Jesus, o ponto mais alto de nossa fé, mostra que a vida continua e que as promessas messiânicas vão acontecer, porque o Reino chegou, e ele é o centro da mensagem de Jesus. Trata-se da utopia mobilizadora da história humana, onde a justiça se articula com a ordem do dom e do que é gratuito. Se na pessoa de Jesus Cristo, Deus nos há de ressuscitar e nos dar assento no seu Reino (cf. Ef 2,6), nossa fé nos revela então que crer passa a ser uma experiência vital e essencialmente comunitária, onde o mistério precisa ser acolhido com ternura no coração e transformado com vigor no compromisso com a instauração desse Reino de amor. Nesse terreno, fé e reflexão sobre Deus se alimentam reciprocamente. O cristão precisa acolher em seu coração a certeza de que Deus pervaga a história humana para, através de um novo caminho, promover a libertação, dando vida a todos, aliando-se aos injustiçados e marginalizados.

Uma experiência de Deus que não nos desinstale, que não crie em nós uma ponderável inquietação social, não é verdadeira. Alguns se contentam com uma religião costumeira, de rotina. O seguimento de Jesus não pode ser vivido desta forma. O evangelho está sempre a exigir de nós respostas e atitudes com relação aos problemas do mundo. Existem ainda nos evangelhos, outras comparações estabelecidas pela pedagogia de Jesus para que os crentes consigam entender o real sentido do dom de Deus. Assim, o Reino dos céus é semelhante: a) a uma semente de mostarda jogada à terra (cf. Mt 13,31s); b) a uma rede lançada ao mar (cf. Mt 13,47-50); c) a um rei que resolveu acertar contas com seus devedores (cf. Mt 6,12); d) a um pai de família que saiu para contratar trabalhadores (cf. Mt 20,1-6); e) a um rei que preparou as bodas do filho (cf. Mt 22,1-14); f)  a dez virgens (cf. Mt 25,1-13); g) a um homem que partiu em viagem (cf. Mt 25,14-30).

Ao ensinar as semelhanças do Reino, em paralelo Jesus pede atenção para que nossos erros, falhas e pecados não se tornem a causa da perda da vida eterna, tão custosamente adquirida por ele, ao preço de seu próprio sangue (A. M. Galvão. O Reino dos céus, Ed. Ave-Maria, 1994).

Com a instauração do Reino o abjeto mundo de pecado revela o fim do domínio da morte, da transgressão e do ódio sobre todo o gênero humano. Para que se processe essa dinâmica, se impõe uma ruptura, sem a qual a conversão não ocorre: é preciso mudar de vida, mudar sentimentos, mudar as convicções de nosso coração. Na explanação dos valores do Reino, Jesus se faz presente no homem, tornando-o reduto de dignidade.

O que aqui na terra construímos será guardado para o futuro (GS 39). Que o advento do Reino não nos torne demissionários de nossas indelegáveis tarefas daqui da terra (cf. 2Ts 3,11s). A esperança do futuro irá desdramatizar as tribulações do presente (L. Boff. A vida para além da morte. Ed. Vozes, 1973).

É irrecusável a exigência de abraçar a causa do evangelho e assim tornar-se servidor e amigo de Jesus Cristo. Só desta forma nos inserimos definitivamente no processo daquela salvação que Jesus veio inaugurar. Ele constrói, assim, em nossos corações, um modelo de sociedade humana segundo o projeto divino, numa proporção ao Reino dos céus. O povo de Deus adota em sua caminhada humana retalhos da vida do céu, substituindo a violência pelo Amor, a mentira pela Verdade e as trevas pela Luz.

Quando clamamos o nome do Pai do céu, pedindo que “venha o Reino”, estamos abrindo a expectativa da irrupção de um tempo de graça e fartura de dons, onde amor de Deus transborda em nossos corações. Esta é a realidade do Reino que deixa de ser uma possibilidade abstrata para se tornar uma realidade palpável e concreta. Na dialética das trevas e da luz, Jesus nos mostra o vigor da sua pedagogia libertadora. Libertar-se é renunciar à escuridão para abrir-se à claridade que brota da mensagem de Jesus. O Reino vem acompanhado de muitos sinais para demonstrar que sua realidade aponta para o céu, embora se saiba que ele começa a ser edificado a partir desta vida. É salutar que se descubra os sinais do Reino nas pequenas coisas da nossa vida.

Ao aceitar sua morte (e morte de cruz!), Jesus não responde com sentimentos humanos, mas retribui ao ódio com amor divino, rompendo a escalada da violência que nasce do uso do ódio pelo ódio. Jesus mostra como se pode, na terra, pensar como no céu, ensinando que é assim que se consolida o caminho para o Reino do Pai. Depois de tudo que foi dito aqui, é salutar a gente prestar atenção para as palavras de Jesus:

Se a justiça de vocês não exceder a dos escribas e a dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos céus (Mt 5,29).



Antonio Mesquita Galvão
Teólogo.
O autor é Filósofo, Escritor, Biblista e Doutor em Teologia Moral

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