12º DOMINGO DO TEMPO
COMUM – ANO B
24 DE JUNHO DE 2012
SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO
BATISTA
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“Eu te farei
luz das nações”
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Leituras:
Isaías 49, 1-6;
Salmo 138 (139);
Atos dos Apóstolos 13, 22-26;
Lucas 1,
57-66.80.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Nesta Eucaristia,
lembramos o nascimento de João Batista.
Festejar hoje o seu nascimento significa
aceitar a luz que ele revela - Cristo - e proclamar com a palavra e a vida que
a salvação já chegou para todos.
Vamos pedir a Deus, por intercessão de São
João que possa abençoar toda nossa Igreja que vê nele o grande anunciador de
Jesus Cristo.
1. Situando-nos
brevemente
São João Batista é importante para os cristãos. Santo
muito querido e estimado pelo povo brasileiro. Nas regiões do norte e nordeste,
existem as festas tradicionais de São João, celebradas com alegria, muita
comida e bebida, danças e trajes típicos, à luz da tradicional fogueira de São
João. Estas festas ocupam lugar de destaque no calendário popular.
A Igreja, já no século VI, reservou o dia 24 de junho
para comemorar o nascimento de São João Batista. Santo Agostinho escreve: “A
Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os
nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente.
Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida,
uma explicação... João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois
Testamentos, o Antigo e o Novo. O próprio Senhor diz: ‘A Lei e os profetas até
João Batista’ (Lc 16,16)... Antes mesmo de nascer, já é designado; revela-se de
quem seria o precursor, antes de ser visto por ele” (Ofício das Leituras, in
Liturgia das Horas).
Jesus o declara o maior de todos os profetas. Homem
simples, austero, corajoso, apontou o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo (cf. Jo, 1,29-36). Deu testemunho da luz, aplainou os caminhos e preparou
o povo para acolher o Salvador. Antes que Jesus chegasse, pregou um batismo de
conversão.
A celebração do seu nascimento nos associa à alegria de
Isabel, de Zacarias e dos vizinhos, porque Deus se lembra de nós, indica os
caminhos da salvação e aponta os horizontes da liberdade.
A Palavra anunciada nos conduz para dentro da verdadeira
Luz de todos os povos, o Salvador, do qual nem merecemos desamarrar as
sandálias. Celebramos, acima de tudo, o mistério daquele que se fez o menor no
reino de Deus, e, por isso, é o maior: Jesus.
2. Recordando a
Palavra
O Evangelho conta o nascimento de
João de maneira maravilhosa, pois a sua missão é nobre e veio para anunciar a vida
nova e melhor para o povo. Por meio da pregação e do batismo, preparou o povo para
acolher a mensagem da libertação. Como precursor de Jesus Cristo, preparou os
caminhos e conduziu as pessoas ao conhecimento e à experiência da misericórdia
e da salvação (cf. Lc 1,77-78). Com sua atividade, indicou o Cordeiro já
presente no meio do povo (cf. Jo 1,29-34).
Todo nascimento é considerado
milagre da ação de Deus, o Senhor da vida. E, no caso de João, é também sinal
da intervenção de Deus em favor do povo e pobre e escravizado. O seu nascimento
é celebrado como a realização da promessa anunciada pelo mensageiro de Deus a
Zacarias (cf. Lc 1,13). Deus socorre o povo e transforma a humilhação da
esterilidade em vida.
Isabel, como tantas outras mulheres
da época, acreditava que sua esterilidade era sinal do desfavor divino.
Semelhante a Sara, mulher de Abraão, ela gerou um filho, apesar da idade
avançada e da esterilidade, e recuperou, assim, a esperança do povo. O
nascimento de João é motivo de alegria e de festa, porque Deus ouve as súplicas
e socorre as pessoas pobres e aflitas. “Os vizinhos e parentes ouviram quanta
misericórdia o Senhor lhe tinha demonstrado, e se alegravam com ela” (Lc 1,58).
Os vizinhos e parentes participam
da salvação e se alegram com Isabel pela manifestação da bondade do Senhor. O
anjo predissera que muitos se alegrariam por ocasião do seu nascimento (Lc
1,14). O menino “será grande diante do Senhor”. A mãe diz que o menino se
chamará João. O Deus, que conduz a história, age e ilumina também na hora da
escolha do nome. João é um nome significativo, carregado de promessas: o Senhor
é favorável, tem compaixão, é misericórdia.
O nascimento de João é uma
manifestação da bondade e misericórdia de Deus para os oprimidos. Zacarias,
repreendido pela mudez, é símbolo da situação do seu povo. Recupera a palavra,
mostrando que os fatos se realizam segundo a Palavra de Deus. A Palavra do
Senhor liberta, abre a boca, solta a língua para que as pessoas possam louvar e
profetizar.
Zacarias bendiz o Deus
misericordioso e compassivo, que se preocupa com a vida do povo. O Espírito de
Deus ilumina, ajuda a descobrir os sinais da salvação nos acontecimentos. Deus
renova as promessas, a aliança feita com Abraão. Agora, Ele faz nascer um
menino que será chamado profeta do Altíssimo e andará à frente do Senhor, para
preparar o caminho e anunciar a salvação ao povo (cf. Lc 1,68-79).
Estes versículos, que formam o
cântico do Benedictus, expressam o louvor, ação de graças pela salvação de
Deus, realizada ao longo da história. Embora não seja lido no Evangelho de
hoje, o cântico de Zacarias ajuda a entender o significado profundo do
nascimento do precursor de Jesus.
Tudo isso mostra que João é sinal
do favor divino: “A criança crescia e seu espírito se fortalecia” (Lc 1,80).
Podemos comparar este versículo, sobretudo, com 1Sm 3,19. João vai crescendo,
passando da infância para a juventude e, aproximadamente 30 anos mais tarde,
assume seu lugar no deserto e o seu aparecimento na historia como precursor de
Jesus (cf. Lc 3,1-3).
A primeira leitura pertence à
segunda parte do livro de Isaías (cap. 40 a 55), denominada também Segundo
Isaías. O texto de hoje, que forma o segundo cântico do Servo Sofredor, destaca
especialmente a missão do Servo. A sua vocação lembra a do profeta Jeremias.
“Desde o seio materno, o Senhor me chamou, desde o ventre de minha mãe, já
sabia meu nome” (49, 1; cf. Jr 1,5).
Deus o chamou para realizar seu
plano de salvação. A Palavra de Deus torna a língua do Servo como “espada
afiada” (49,2), para que possa “construir e plantar” (Jr 1,10), e anunciar a
libertação. A Palavra, que não volta sem cumprir com sucesso sua missão (cf.
55,11), ilumina e sustenta a caminhada.
O Servo ensina a colocar a vida nas
mãos de Deus, a confiar unicamente nele para obter êxito na missão. Deus
defende seus escolhidos, auxiliando-os em todos os momentos. O Senhor forma as
pessoas desde o ventre materno, a fim de que possam ser “luz para as nações”
(49,6).
O Servo, mediante palavras e
testemunho de vida, devolve a esperança aos cativos e aos oprimidos, dizendo:
“Vinde para a luz!” (49,9). AS nações solidárias e servidoras da justiça
contribuem para que os olhos dos cegos sejam abertos (cf. 42,7). Assim, a
salvação de Deus chega até os confins da terra, e todos “terão o que comer, em
qualquer chão seco poderão se alimentar” (49,9).
O Salmo responsável é composto por
versículos tirados do Sl 138(139). É uma reflexão sapiencial sobre a esperança
e o conhecimento de Deus. O salmista louva e agradece ao Senhor por sua
infinita misericórdia, por criar o ser humano e cuidar dele com ternura desde o
ventre materno.
A leitura dos Atos dos Apóstolos
destaca o anúncio que Paulo fez de Jesus Cristo em Antioquia da Pisídia, hoje a
Turquia. O texto recorda momentos importantes da história da salvação, que
culminaram com a vinda de Jesus Cristo. O Salvador do povo, Jesus, é descendente
de Davi. Sua chegada, seu ministério foi preparado por João Batista.
Ele preparou o caminho de Jesus,
“proclamando um batismo de conversão” (13,24). Todas as pessoas são chamadas a
mudar de atitudes, a agir conforme o projeto de Deus. A atividade e o
testemunho de João têm muita importância, pois ele anunciar aquele que vem para
salvar toda a humanidade. A mensagem da salvação é anunciada a todos os que
temem a Deus (13,26). Trata-se da Boa Nova de Jesus Cristo: sua vida doada por amor
até a morte e ressurreição.
3. Atualizando a
Palavra
As leituras bíblicas apresentam a vida e a missão de
João Batista à luz dos grandes profetas antigos e de Jesus Cristo, o Messias
esperado. Como diz santo Agostinho, João representa a passagem do Primeiro para
o Segundo Testamento. Ele recebe a missão de profeta, assume a vida de asceta,
e é chamado de batista. Pelo batismo, nós também recebemos a missão de
profetizar e de denunciar, como João, a injustiça, a mentira e a opressão.
Celebrar o nascimento de João é experimentar, como
Isabel, Zacarias e os vizinhos, a manifestação da bondade de Deus, que
transforma e fecunda a vida. E fazer a experiência da fé e da esperança no Deus
misericordioso e compassivo, que ouve nosso clamor e nos socorre em meio aos
sofrimentos e às aflições, é sentir que Deus continua soltando nossa língua
para que tenhamos a coragem de vencer o medo e proclamar a justiça e a
libertação.
Como João Batista, possamos ser sinais proféticos de
esperança, para anunciar o caminho da salvação e testemunhar Jesus Cristo, a
luz que ilumina e liberta todos os povos.
O jeito despojado de João Batista viver, entregue ao
serviço de Deus, na gratuidade, é testemunho de vida, apelo à conversão. Jesus o
elogia, dizendo que “entre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que
João. No entanto, o menor no Reino de Deus é o maior do que ele” (7,28). Como
mostra também o Servo, na primeira leitura de hoje, João é modelo de vida por
causa de sua entrega total ao Reino.
Que o Senhor nos dê a graça de viver conforme sua
Palavra e testemunhar a Boa Notícia do Reino, o “Sol nascente que vem nos
visitar” (1,78). Precisamos de testemunhos proféticos, como João Batista,
capazes de denunciar a corrupção, as injustiças e de conduzir o povo para Deus
para criar um mundo melhor, mais justo e mais fraterno.
4. Ligando a Palavra e
a Eucaristia
A celebração litúrgica é obra da Trindade Santa. Hoje,
celebramos a obra de Deus realizada na vida de João Batista. Ele foi enviado
por Deus para preparar os caminhos do Senhor. Como profeta do Altíssimo, não
teve medo de anunciar com a vida e a palavra.
Proclamamos as maravilhas realizadas em São João
Batista, precursor de Jesus Cristo, Senhor nosso. Consagrado como o maior entre
os nascidos de mulher, João, ainda no seio materno, exultou com a chegada do
Salvador da humanidade. Ele foi o único dos profetas que mostrou o Cordeiro
redentor. Batizou o próprio autor do batismo, nas águas assim santificadas de
Cristo (Missal Romano, Prefácio próprio da Solenidade).
O salvador anunciado por João Batista está nomeio de nós
– na pessoa do que preside, na comunidade reunida, na Palavra proclamada no pão
e no vinho, partilhados.
Fortalecidos com essa presença, possamos ser
anunciadores da Boa Nova da Salvação e precursores de um mundo novo, fraterno,
digno e harmonioso
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