«Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu
coração»
S. Mateus 6,19-23.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não acumuleis tesouros na terra, onde
a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os
roubar.
Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem
e onde os ladrões não arrombam nem furtam.
Pois, onde estiver o teu
tesouro, aí estará também o teu coração.
A lâmpada do corpo são os
olhos; se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo andará iluminado.
Se, porém, os teus olhos estiverem doentes, todo o teu corpo andará em
trevas. Portanto, se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas
trevas!
Comentário :
«Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu
coração»
Deus aceita as nossas ofertas de dinheiro e apraz-lhe que dêmos aos pobres,
mas com esta condição: que todo o pecador, quando oferecer a Deus o seu
dinheiro, ofereça também a alma. [...] Quando o Senhor diz: «Dai a César o que
é de César, e a Deus o que é de Deus» (Mc 12, 17), que quererá Ele dizer,
senão: «Tal como dais a César, nas moedas de prata, a sua imagem em efígie,
dai também a Deus, em vós mesmos, a imagem de Deus» (cf Gn 1, 26)?
Assim, e como já bastas vezes dissemos, quando distribuirmos dinheiro aos
pobres, ofereçamos a nossa alma a Deus de forma a que, onde estiver o nosso
dinheiro, possa também estar o nosso coração. De facto, por que nos pede Deus
que demos dinheiro? É seguramente porque sabe que lhe temos um apreço especial
e que não deixamos de pensar nele; e porque sabe que, onde tivermos o
dinheiro, teremos também o coração. Eis porque Deus nos exorta a construir
tesouros no céu através de dádivas feitas aos pobres; é para que o nosso
coração vá até onde tivermos enviado o tesouro e para que, quando o sacerdote
disser: «Corações ao alto», possamos responder de consciência tranquila: «O
nosso coração está em Deus».
São Cesário de Arles (470-543), monge e bispo
Sermão 32, 1-3; SC 243
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