«Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia»
S. Mateus 6,7-15.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos:« Nas vossas orações, não sejais como
os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem,
serão atendidos.
Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe
do que necessitais antes de vós lho pedirdes.»
«Rezai, pois, assim:'Pai
nosso, que estás no Céu, santificado seja o teu nome,venha o teu Reino;
faça-se a tua vontade, como no Céu, assim também na terra.
Dá-nos hoje o
nosso pão de cada dia;perdoa as nossas ofensas, como nós perdoámos a
quem nos tem ofendido; e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos
do Mal.’
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o
vosso Pai celeste vos perdoará a vós.
Se, porém, não perdoardes aos
homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas.»
«Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia»
Queremos insistir no triplo privilégio desse «pão de cada dia» que os filhos
da Igreja devem pedir ao Pai celeste e esperar com confiança na Sua divina
providência. Deve ser antes de tudo, o «pão nosso», isto é o pão pedido em
nome de todos. «O Senhor», diz-nos São João Crisóstomo, «ensinou-nos, no Pai
Nosso, a dirigir a Deus uma oração em nome de todos os nossos irmãos. Quer
deste modo que as orações que elevamos a Deus digam respeito, tanto aos
interesses do nosso próximo, como aos nossos. Pretende, com isso, combater as
inimizades e reprimir a arrogância.»
Ele deve ser, além disso, um pão «substancial» (cf. Mt 6,11 grego),
indispensável à nossa subsistência, ao nosso alimento. Mas, se o homem é
composto por um corpo, é também composto por um espírito imortal, e o pão que
convém pedir ao Senhor não deve ser apenas um pão material. Deve ser, como
observa, tão a propósito, esse doutor da Eucaristia que é São Tomás de Aquino,
deve ser antes de mais um pão espiritual. Esse pão é o próprio Deus, verdade e
bondade a contemplar e a amar; um pão sacramental: o Corpo do Salvador,
testemunho e viático da vida eterna.
A terceira qualidade exigida a esse pão não é menos importante que as
precedentes. É que seja «único», símbolo e causa da unidade (cf. 1Co 10,17). E
São João Crisóstomo acrescenta: «Do mesmo modo que esse corpo está unido a
Cristo, assim nos unimos nós por meio deste pão».
Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), Papa
Discursos, mensagens, colóquios, t.1, Vaticano 1958
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