O Cristão e a Cruz de
Cristo
"Mas
longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus
Cristo" (Gl 6,14a)
A
cruz de Cristo na vida do cristão implica em viver uma vida de amor.
O
amor é o grande sinal dos discípulos de Jesus, como Ele mesmo disse: “Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.”
(Jo 13,35).
E
é importante notar que o argumento que Jesus usa para exigir que seus
discípulos se amem é que, antes de tudo, Ele os amou. “Novo mandamento vos dou:
que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns
aos outros” (Jo 13,34).
Aprendemos,
na Bíblia, que amor é um sentimento santo que deseja o bem do seu próximo,
inclusive acima de seus próprios interesses. Amor é sentimento, é algo que se
sente. A Bíblia diz que Jesus várias vezes era “movido de íntima compaixão” (Mt
20,34). O apóstolo Paulo, cheio de amor pelos gálatas, exclamou: “Meus
filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja
formado em vós” (Gl 4,19). O apóstolo João se importava tanto com o bem estar
de seus filhos na fé, que dizia: “Não tenho maior alegria do que esta a de
ouvir que meus filhos andam na verdade” (3 Jo 1,4).
Contudo,
devemos entender que amor, além de um sentimento, é também serviço, como disse
certo homem de Deus: “amor é mais serviço do que sentimento”. Jesus é o exemplo
vivo, pois não somente disse que nos amava, mas efetivamente demonstrou o Seu
amor na cruz. Paulo não somente amava, mas também tudo sofria “por amor dos
escolhidos” (2 Tm 2,10). O amor faz acontecer, supre necessidades, acolhe,
abraça, ajuda, se sacrifica, se doa. O amor na igreja primitiva era tão grande
que todos compartilhavam tudo entre si, de modo que ninguém passava
necessidade.
Se
a natureza do nosso amor deve consistir em sentimento e serviço, o alvo dele
deve ser todos, incondicionalmente, tanto perdidos quanto salvos, incluindo
nossos mais cruéis inimigos. Devemos amar os perdidos com todo o nosso coração,
levando a eles o Evangelho na esperança de que se salvem. Lemos de homens de
Deus no passado que clamavam: “Senhor, dá-me almas, senão morro!”, e nós
conseguimos permanecer indiferentes ante às almas que perecem! Muitos grandes cristãos
do passado perdiam o sono, porque pensavam nas almas que estavam indo a passos
largos para o inferno e isso os inquietava grandemente!
Como
anda o nosso amor pelas pessoas que estão se perdendo?
Temos
familiares, amigos, colegas com quem convivemos todos os dias e nunca sequer
lhes falamos de Jesus, nunca derramamos lágrimas diante de Deus pelas suas
almas!
Pelo
contrário, muitos de nós, pelo nosso procedimento torpe, os afastamos ainda
mais de Cristo, que Deus tenha misericórdia de nós! Afirmamos que os amamos mas
não nos preocupamos com o estado de suas almas, não investimos tempo e esforço
para salvá-los!
Além
disso, também há os perdidos de longe, de outros pontos do planeta nunca
alcançados pelo Evangelho, onde temos missionários doando suas vidas pelo Reino
de Deus, e vários de nós não têm a sensibilidade de sequer orar por eles, ou
enviar uma oferta, por menor que seja! Preferimos ficar ouvindo as besteiras da
teologia da prosperidade, que os falsos profetas pregam, nos incentivando a
ficarmos ricos e conquistar bens terrenos, enquanto muitos perecem sem
conhecimento do Cristo!
Também
precisamos amar os que, como nós, são salvos e estão conosco na Igreja.
O
quanto oramos uns pelos outros, o quanto nos dedicamos a ajudar nossos irmãos a
ficarem firmes na fé?
Entra
um irmão abatido na igreja, e ninguém o consola; outro está descaradamente na
prática do pecado, e ninguém o repreende; um irmão falta nas missas e ninguém
sequer liga para ele, para saber se está tudo bem!
O
Cristianismo não é uma religião individualista, como muitos querem; antes, é um
estilo de vida comunitário, pelo vínculo do amor e da fé.
“Meus
filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1
Jo 3,18).
Pe.
Emílio Carlos Mancini.+
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