«Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho
que conduz à perdição»
S. Mateus 7,6.12-14.
Naquele
tempo, disse Jesus aos discípulos: «Não deis as coisas santas aos cães nem
lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés
e, acometendo-vos, vos despedacem.»
«Portanto, o que quiserdes que vos
façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas.»
«Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho
que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele.
Como é
estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são
poucos os que o encontram!»
Comentário
«Entrai pela porta estreita»
Ao procurar no meio da multidão um trabalhador ao qual lance o Seu convite, o
Senhor diz: «Quem quer a vida e deseja conhecer dias felizes?» (Sl 33,13) Se,
ao ouvires isto responderes: «Eu!», Deus diz-te: «Se queres ter a vida, a
verdadeira vida eterna, protege a tua língua do mal, e que os teus lábios não
digam palavras enganadoras. Afasta-te do mal e faz o bem, procura a paz e
persegue-a» (Sl 33,14-15). [...] Não há para nós, irmãos muito queridos, coisa
tão doce como esta voz do Senhor que nos convida. Eis que, na Sua bondade, o
Senhor nos indica o caminho da vida. Tendo, pois, cingido os nosso rins (Ef
6,14) da fé e da prática de boas obras, sob a direcção do Evangelho, avancemos
nos Seus caminhos, para merecermos ver Aquele que nos chamou ao Seu Reino
(1Tess 2,12). Se queremos habitar nas tendas deste Reino, a menos que nelas
entremos pelas boas obras, não chegaremos lá de outra forma. Com o profeta,
interroguemos o Senhor e digamos-Lhe: «Senhor, quem habitará na Vossa tenda?
Quem repousará na Vossa montanha santa?» (Sl 14,1) Depois desta pergunta,
irmãos, escutemos o Senhor a responder-nos, mostrando-nos o caminho. [...]
Vamos, portanto, estabelecer uma escola de serviço do Senhor, onde esperamos
não estabelecer nada de rigoroso, nada de esmagador. Mas, se te aparecer
alguma coisa um pouco mais severa, exigida por uma razão de justiça com vista
à correcção dos vícios e à manutenção da caridade, não abandones
imediatamente, tocado pelo medo, o caminho da salvação, onde temos de passar
pela porta estreita. Para além do mais, graças aos progressos da vida e da fé,
de coração dilatado na inefável doçura do amor, corremos na via dos
mandamentos de Deus (Sl 118,32). Assim, não nos afastando nunca dos Seus
ensinamentos e perseverando na Sua doutrina [...] até à morte, participaremos
pela paciência nos sofrimentos de Cristo (1Pe 4,13), para merecermos
participar também no Seu Reino.
São Bento (480-547), monge, co-padroeiro da Europa
Regra, Prólogo
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