†
«Ao ver a cidade, Jesus chorou sobre ela»
S. Lucas 19,41-44.
Naquele tempo, quando Jesus Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela e disse: «Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz! Mas agora isto está oculto aos teus olhos.
Virão dias para ti, em que os teus inimigos te hão-de cercar de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados; hão-de esmagar-te contra o solo, assim como aos teus filhos que estiverem dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada.»
Reflexão:
«Ao ver a cidade, Jesus chorou sobre ela»
Dois amores construíram duas cidades: o amor de si próprio até ao desprezo de Deus fez a cidade terrestre; o amor de Deus até ao desprezo de si próprio, a cidade celeste. Uma gloria-se a si própria; a outra ao Senhor. Uma procura a glória que vem dos homens (cf Jo 5,44); a outra coloca toda a sua glória em Deus, testemunha da sua consciência. Uma, inflada de vanglória, levanta a cabeça; a outra diz ao seu Deus: «És a minha glória e Quem me faz levantar a cabeça» (Sl 3,4). Numa, os príncipes são dominados pela paixão de dominar os seus súbditos ou as nações conquistadas; na outra, todos se fazem servidores do próximo na caridade, os chefes velando pelo bem dos subordinados e estes obedecendo àqueles. A primeira cidade, na pessoa dos poderosos, admira a sua força; a outra diz ao seu Deus: «Amar-Te-ei Senhor, Tu que és a minha força».
É por isso que, na primeira cidade, os sábios levam uma vida totalmente humana, não procurando senão o bem dos corpos ou do espírito ou dos dois ao mesmo tempo: «Pois, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram nem Lhe deram graças, como a Deus é devido. Pelo contrário: tornaram-se vazios nos seus pensamentos e obscureceu-se o seu coração insensato; [...] veneraram as criaturas e prestaram-lhes culto, em vez de o fazerem ao Criador» (Rm 1,21-25).
Na cidade de Deus, pelo contrário, toda a sabedoria do homem se encontra na piedade, pois somente ela presta ao Deus verdadeiro um culto legítimo e, na sociedade dos santos, tanto os anjos como os homens esperam como recompensa que «Deus seja tudo em todos» (1Co 15,28).
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja
A Cidade de Deus
A†Ω
Nenhum comentário:
Postar um comentário