HOMILIA – NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Caros irmãos, Natal é a festa da alegria. Pena que muitos a transformaram em festa do consumo: presentes, comida e bebida. Outros a fazem uma festa melosa de sentimentalismos apenas como se o Natal fosse uma festa para crianças apenas! Olhemos seriamente para o presépio hoje e sempre e aprendamos suas sublimes lições.
O povo que esta no cativeiro Babilônico sente saudades de sua terra sofre muito e está infeliz. Sabe perfeitamente que lá se encontra porque seus chefes não ouviram os profetas e sabem que eles mesmos tiveram sua parte de culpa. O profeta então lhes anuncia a alegria da volta. O profeta imagina-se contemplando do alto de Jerusalém a chegada dos exilados. Então as sentinelas que estão nas muralhas da cidade vão anunciar a todos que o povo está voltando! Assim a dor e o sofrimento chegaram ao fim e Deus mesmo Reinará. Ocorre que quando o povo voltou não houve nenhuma grande alegria, ao contrário muitos conflitos surgiram. Lembremo-nos de que os que ficaram tomaram posse dos bens daqueles que foram deportados. O povo então começou a entender que aquela libertação era apenas figura de uma maior que Deus iria realizar no futuro. Mais uma vez a profecia foi então interpretada com relação à vinda do Messias, quando aí todos poderiam contemplar a salvação de Deus.
Jesus realiza plenamente esta profecia, ele vem para consolar o povo que estava na escravidão do pecado e para resgatar e trazer a salvação. O Senhor vem para consolar seu povo, para dar vida em abundância. Mas onde encontramos esta vida plena depois de dois mil anos da vinda do Messias? Nós hoje somos chamados a ser as “sentinelas” estando atentos para mostrar ao nosso mundo os sinais de vida que indicam a presença salvadora de Deus em nosso meio. Existem ainda muitos sinais de morte, de trevas, de pecado, mas também temos muitíssimos sinais de graça, de luz e de vida à nossa volta. Como a “sentinela” devemos perceber e depois temos a obrigação de proclamar a todos a BOA NOTÍCIA.
Existem muitas maneiras da gente se comunicar: pela palavra, pelos gestos, pela nossa fisionomia,etc. Assim deus usou de muitas formas para comunicar-se com os seres humanos. Primeiramente se comunicou pelas obras por ele criadas, a natureza é um caminho pelo qual o homem pode chegar até Deus. Mas é ainda o esforço humano, pela contemplação da criação, e ainda não consegue atingir mais profundamente quem é o criador. Para o povo de Israel Deus usou uma forma melhor de comunicação, enviou-lhes profetas. Os profetas eram mensageiros de Deus e deviam comunicar a Palavra de Deus. Assim na Antiga Aliança Deus foi se revelando progressivamente, e o povo foi compreendendo quem Ele era e o que desejava de cada um e da comunidade. Mas na plenitude dos tempos a comunicação de Deus tornou-se completa, Ele enviou seu próprio Filho, o Verbo Eterno ou a Palavra do Pai. Em Jesus nós encontramos a plena revelação de Deus. Ele Deus como o Pai é Deus e como o Espírito Santo é Deus, veio ensinar-nos quem é Deus. Ele é a imagem visível do Deus que é invisível. Assim não é mais por intermediários que temos acesso a Deus, mas pelo próprio Filho único de Deus. Por isto nas palavras e nas atitudes de Jesus podemos conhecer quem é o Pai. Hoje na festa do Natal, olhemos para Jesus menino no presépio, e nele tentemos compreender melhor quem é nosso Deus e o que deseja de nós. Já desde o seu nascimento o Senhor nos ensina a lógica diferente do Pai! Devemos olhar para Jesus e perceber quais os valores que anunciou, quem acolheu, como viveu, tudo isto nos indica como é nosso Pai.
Nosso texto é a introdução, ou o prólogo do Evangelho de João. Se Mateus e Lucas dedicam os primeiros capítulos do Evangelho a infância de Jesus, João vai mais longe, ele apresenta Jesus como O Verbo Divino pré-existente. O texto começa com a mesma palavra inicial do Gênesis “no princípio”,indicando a presença do Filho de Deus na obra da criação. Mais ainda afirmando que este Filho é Deus, e como Deus fonte de vida e luz para os homens. A vida do Filho é vida eterna. Luz na mentalidade semita significa a ordem, a existência e a vida. E esta luz brilha nas trevas, notemos o tempo presente que é usado no verbo: esta luz “brilha”, não se diz brilhava ou brilhará. Daí já se pode compreender que a Luz de Deus sempre está a brilhar, precisamos é ter os olhos da fé para reconhecer seu brilho a nossa volta.
Mas ainda nos diz o texto que o Verbo não foi aceito pelos seus, alusão a não aceitação do povo eleito. Mas também podemos ler este trecho a luz da noite do Natal, quando José e Maria não encontraram lugar para que Jesus nascesse. O que continua ainda a ocorrer em nossos dias, quando muita gente não dá espaço no seu coração para que o Senhor possa nascer e iluminar! Numa palavra fecham-se à graça de Deus a vida plena que Ele deseja comunicar.
Continua o texto a dizer que para aqueles que o aceitam deu o poder de tornarem-se filhos de Deus. E no centro do texto de hoje se afirma que “A Palavra (O Verbo) se fez CARNE e habitou entre nós”. O termo “carne” é mais bíblico e mais profundo que a palavra “homem” pois indica a debilidade, a mortalidade, a caducidade e a impotência da criatura humana. Ele assume a nossa condição indigente, a nossa natureza em tudo menos no pecado! Ele não veio brincar de ser gente, mas fez-se um de nós sem deixar de ser Deus. E veio morar conosco! Continua conosco todos os dias, como prometeu, até a consumação dos séculos.
O mistério da encarnação é escândalo para muitos. Assim nosso Deus não é Allá o Deus dos mulçumanos que mora nos céus e apenas fiscaliza os homens e não suja suas mãos com os seus problemas. Nosso Deus não é o Deus dos Maçons, o Grande Arquiteto do Universo, que cria e depois não intervém e nem cuida de sua criação. Nosso Deus é Pai, e enviou seu Filho que assumindo nossa natureza humana nos dá a possibilidade de conhecer quem de fato é o nosso Pai. Nosso Deus nos ama, se interessa por nós, e habita em nosso meio é o Emanuel o Deus conosco! A nossa história assim não é indiferente, mas começou a ser história do próprio Deus.
Se o Pai tanto ama os homens porque nós continuamos ainda a não nos amar?
Ainda diz o texto que “nós vimos” ou “nós contemplamos a sua glória”, o que aponta a experiência que os apóstolos fizeram de perceber em Jesus o Deus que é invisível! Ver aqui indica “crer”, e eles creram que Jesus era o Messias prometido, o Filho único do Pai, que deu sua vida para nos salvar. Deus entrou no mundo, questiona o mundo e aponta caminhos para a transformação de nossa realidade.
Diante disto existem duas opções aceitá-lo ou recusá-lo. Quem o aceita tem a possibilidade de nele receber a filiação divina e logicamente se filho do Pai celeste, irmão dos demais. É claro que ninguém pode querer pertencer a Deus sem se abrir para o irmão.
Que neste Natal possamos também deixar que Jesus nos ilumine e que através de nosso testemunho possamos iluminar a vida de nossos irmãos. O acolhamos na fé, e procuremos sinceramente perceber sua presença no meio de nós! Presença amorosa e salvadora. E que sinceramente assumamos o COMPROMISSO DE VIVER COMO BONS FILHOS DE DEUS.
CONCLUSÃO
Caros irmãos, Natal é a festa da alegria. Pena que muitos a transformaram em festa do consumo: presentes, comida e bebida. Outros a fazem uma festa melosa de sentimentalismos apenas como se o Natal fosse uma festa para crianças apenas! Olhemos seriamente para o presépio hoje e sempre e aprendamos suas sublimes lições.
Celebramos o nascimento daquele que foi prometido por tantos séculos, do Salvador! Estamos felizes por este grande presente do Pai que nos dá seu Filho, e porque este Filho se faz homem nos ensinando a valorizar cada pessoa humana e vem para nos salvar.
Que ao celebrarmos o nascimento do Senhor cresçamos na simplicidade, procuremos perceber a presença de Deus no cotidiano de nossas vidas. Vivamos mais intensamente como instrumentos da paz, que sejamos sempre iluminados por ele para iluminar o nosso próximo.
Que com Jesus aprendamos a acolher de modo especial os menores, a não construir muros e barreiras, a não erguer preconceitos!
Que este Natal nos ajude a notar a presença de Deus na história, e a não perder a esperança. Mesmo que os fatos nos mostrem a dureza da vida, a maldade, a injustiça, não podemos desanimar. Lembremo-nos “hoje nasceu para vós um Salvador”! E que cada um de nós assumindo nossa missão, possamos ajudar a transformar este mundo em um lugar de fraternidade, solidariedade e paz!
Que esta festa da luz, da vida, da esperança nos ajude a caminhar como verdadeiros discípulos de Cristo, nas estradas de nossa vida pessoal e comunitária.
Hoje será Natal para nós se na fé percebermos que o Cristo nasce novamente em nossos corações e na vida de nossa comunidade. E sempre será Natal para nós, toda vez que auxiliarmos um irmão a experimentar Jesus nascendo em seu coração, creio que este deve ser o nosso maior compromisso da celebração de hoje.
Um santo e Feliz Natal.
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