“Manifestou-se a ternura de Deus!” (Tit.2,11; 3,4)
- O Menino que Nasceu -
1. Acontece Natal, o nascimento de Deus no mundo! Vemos, ouvimos e lemos, e já sabemos, de há muito, como tudo se passou! Mas, no princípio, quando, pela calada da noite, tudo se deu, e assim sucedeu, ninguém o previa ali ou o fazia assim! Nem profetas, nem magos, nem sábios, nem escribas, podiam adivinhar e, menos ainda, suportar a luz intensa daquela noite, tal o excesso de humildade e de novidade, de graça e de surpresa, com que Deus viera a este mundo! Mas quis Deus, à sua maneira, naquela família pobre e desconhecida, naquela terra, sem nome e sem lugar para Ele, fazer-se um de nós, e dizer assim, de um modo tão breve como intenso, a palavra terna e eterna, do Seu imenso amor por nós!
Por isso, pese embora a repetição anual, ou mesmo a sobrecarga comercial de cada Natal, há-de ser com admiração, sempre nova, que nos aproximamos do mistério do nascimento de Deus! Foi afinal tão único e tão original, aquele primeiro Natal de Jesus, que verdadeiramente o Natal nunca mais acabará! Porque o Natal não é um simples sentimento ou ornamento; é fermento, é “um impulso divino, que irrompe pelo interior da história. Uma expectativa de semente lançada. Um alvoroço que nos acorda” (Tolentino Mendonça) para esse modo humano, tão simples e tão terno, de Deus se dizer a este mundo!
2. O Natal é assim a festa do nascimento deste Deus “humanado”, que se oferece às nossas mãos, como a mais frágil prenda, que alguma vez podíamos acolher! Deus atrai-nos, precisamente assim, pela graça desta sua ternura. Na verdade, o Natal é um mistério de ternura! No Menino de Belém «manifesta-se a ternura de Deus, fonte de salvação para todos os homens”! (Tit.2,11-14). A ternura é mesmo o principal atributo do amor de Deus, por nós!
3. A ternura – queridos irmãos – é, por isso, um dos caminhos mais belos do nosso encontro com o mistério do Natal. Seguindo a Estrela da Missão, vivamos este Natal, como um desafio à ternura: ternura na relação conjugal, ternura no afecto filial, ternura inter-geracional. Ternura em cada relação pessoal. Onde não houver ternura, dificilmente haverá amor, na medida em que a ternura exprime algumas das qualidades mais belas do amor: a bondade e a misericórdia.
4. Queridos irmãos e irmãs: Jesus, continua a oferecer-se, na sua ternura, tão divina quanto humana, mas continua também hoje a suplicá-la, numa correspondência ao amor, “em cada pessoa, em cada circunstância, sobretudo em tudo aquilo que haja de mais discreto, de mais desprovido, de mais pobre, e que, por isso mesmo, requeira mais a nossa atenção. É aí que o Natal acontece”, diz-nos o Bispo do Porto, na sua mensagem. E concretiza: “A começar nas famílias, que neste momento mais se sentem na dificuldade do dia-a-dia ou se ressentem de circunstâncias mais dolorosas, em tudo aquilo que a condição humana tem de mais frágil e inseguro. Pois exactamente aí, é que Jesus nasce, como nasceu há dois mil anos. Aí é que Jesus está, para ser reconhecido! E isso requer, da nossa parte, ajuda, presença, companhia, correspondência total”. Aí é que o Presépio continua”. Aí se verá, em, toda a luz, que “o Natal não é ornamento, é fermento. Dentro de nós recria, amplia, expande” a nossa própria humanidade, na ternura do amor!
5. “O nascimento de Deus no mundo, é, assim, uma oferta da sua parte, para que na correspondência dos nossos corações, a festa autêntica possa acontecer. Neste Natal de 2011, gostaria de desejar o Natal que o próprio Deus desejou ter conosco!
Um Natal que nunca mais acabe”!
Irmãos e irmãs, meus queridos:
“O Natal não é ornamento.
É movimento.
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia,entre a tarefa e o dom, entre o nosso conhecimento e o nosso desejo, entre a palavra e o silêncio que buscamos, uma Estrela nos guiará!” (Tolentino Mendonça)!
Homilia do Santo Natal.
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