Acho que foi João quem comunicou a Lucas a maioria das passagens que este último nos relata. Observemos tudo o que Lucas conta sobre o início da vida de Jesus: a Anunciação, a Visitação, Belém, o Nascimento, toda a sua vida oculta... Quem terá testemunhado esta vida velada, oculta?
Lucas é um historiador de grande inteligência; desde o prólogo de seu Evangelho ele esclarece que "pareceu-me conveniente, após acurada investigação de tudo desde o princípio, escrever de modo ordenado, para que se verifique a solidez dos ensinamentos (...) (Lc 1, 2-4) . Ele quis, pois, poder contar com os testemunhos. Ora, quem teria testemunhado desde o início? Existe uma única pessoa: Maria. E quem recebeu Maria, a pedido de Jesus, quando morria na Cruz? João. Compreendemos, então, que Lucas muito recebeu de João; Lucas tenciona escrever um Evangelho mais completo do que o de Marcos e de Mateus. E como? Ele vai direto às fontes. Em nossos dias, os intelectuais são peritos em encontrar velhos manuscritos. Se descobrem que em tal biblioteca existe um antigo e surpreendente documento que não tenha sido consultado por ninguém, eles não hesitarão em atravessar quilômetros e mais quilômetros, em perder um tempo considerável para pesquisar e compreender tais tesouros. E, não se tratando de algo escrito, mas de uma fonte ainda velada, o que não teriam feito tais pesquisadores?
O coração de Maria não é um documento, mas uma fonte. "Ela guardava em seu coração" a Palavra de Deus (Lc 2, 19 e 51).
Trecho do livro Suivre l'Agneau (Seguir o Cordeiro) do Padre Marie Dominique Philippe
Saint Paul, 2005 pp. 48 a56
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