O momento inicial da Tradição é o coração de Maria
Efetivamente, no fim de sua vida, o idoso João, aos 85 anos, encontrava-se refugiado na ilha de Patmos "por causa da Palavra (Logos) de Deus e do testemunho de Jesus." (Ap 1, 9). E eis que o Espírito Santo o espera, se apossa dele, e João recebe a revelação surpreendente do Apocalipse, o que o transtorna profundamente. É importante que se leia esta revelação extraordinária que fez com que João compreendesse que toda a Igreja está ligada a Cristo Jesus. Esta é a grande Revelação da Santíssima Trindade; esta é a grande Revelação do Cordeiro.
Quando João recebeu esta revelação, chamada O Apocalipse, compreendeu que a Igreja de Jesus Cristo, a que nasceu da Cruz, deveria seguir toda a experiência de vida de Jesus. A Igreja de Cristo deve segui-Lo, "seguir o Cordeiro onde quer que Ele vá" (Ap. 14, 4) e, assim sendo, deve vivenciar necessariamente tudo o que o Cordeiro viveu. A Igreja deve viver a Agonia, a Cruz, o Sepulcro. A partir daquele momento, surgiu algo de completamente novo no olhar de João, atinente à Igreja. A partir desta Revelação, o Apóstolo João passa a amar esta Igreja de forma totalmente nova.
Isto nos faz compreender que, após ter escrito o Apocalipse, ele deve ter composto sua primeira Epístola que é o seu livro da espiritualidade. O Apocalipse é o livro da esperança, porque faz com que possamos entender que as nossas lutas são as lutas de Jesus e a Primeira Epístola é o livro da caridade fraterna, em que João nos ensina o que é a vida cristã e quais são as suas dimensões: luz, caridade e amor.
Enfim, João nos dá o Evangelho, livro da fé contemplativa, que se inicia com o Prólogo, de difícil compreensão, mas magnífico, porque nos dá a luz que irá alumiar todo o seu conteúdo.
Trechos extraídos de Seguir o Cordeiro
do Padre Marie Dominique Philippe-Saint Paul
2005, pp. 48 a 56
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