Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

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Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


São João da Cruz


A Vida Espiritual como "Subida do Monte"


Juan de Yepes nasceu em um lugarejo chamado Fontiveros (1542).Embora seu pai fosse de nobre linhagem, tornou-se pobre ao casar-se com Catarina, uma tecelã humilde. Da união do casal nasceram três filhos, dos quais João foi o último. O pai de João morre cedo e deixa Catarina em extrema pobreza, com três filhos para criar.

João começa a trabalhar desde cedo para ajudar em casa. Leva uma vida de trabalho e estudo exercendo várias profissões simples. Ele estuda no colégio dos Jesuítas e em 1563 entra para a Ordem dos Carmelitas, recebendo o nome de Frei João de São Matias. Em 1567 é ordenado sacerdote.

A vida de Carmelita, embora encante João, não o satisfaz. Ele quer mais, e tenciona ir para a Cartuxa ( Ordem religiosa de estrita observância). Mas tem um encontro com Teresa de Jesus que lhe convence a não sair da Ordem mas fundar conventos que vivessem plenamente o ideal carmelitano.

Em 1568 João começa a Reforma Carmelitana, em Duruelo, fundando assim os Carmelitas Descalços. O Santo assume o nome de Frei João da Cruz. Após muitas dificuldades com os carmelitas da antiga observância, João da Cruz é preso e levado para um convento, onde é maltratado e experimenta a aridez da "Noite Escura".

No cárcere começa escrever seus poemas que, mais tarde, tornar-se-ão as grandes obras que hoje temos dele. Passados alguns meses ele foge e continua a Reforma Carmelitana. Frei João da Cruz vive em várias casas exercendo brilhantemente a função de superior e orientador de almas.

O Santo morre em 1591 legando para a Igreja um patrimônio espiritual riquíssimo, que ainda continua orientando os homens na vida espiritual. João da Cruz é um guia certo para todos aqueles que desejam escalar o monte da perfeição.

A SUBIDA DO MONTE E A NOITE ESCURA

Usando como inspiração seus poemas, João da Cruz escreve várias obras, entre elas a Subida do Monte e a Noite Escura. É interessante notar que os dois escritos se completam um ao outro, pois a intenção primeira do Santo era escrever uma só obra sobre a purificação ativa e passiva dos sentidos.

O livro da Subida e o da Noite não são somente um estudo ou uma pesquisa realizada pelo Santo. São antes de tudo um relato da própria experiência e do caminho percorrido. Podemos dizer que são uma autobiografia escrita em terceira pessoa.


A NOITE ATIVA

A palavra noite é muito querida à linguagem e à experiência espiritual de São João da Cruz. Ele usa este termo muitas vezes em suas obras. Noite ativa dos sentidos (subida livre): a Alma que deseja encontrar o Senhor e contemplá-lo plenamente em si própria deve, desde já, assumir o estreito e difícil caminho da ascese. É um esforço que ela mesma deve fazer.

Quem caminhar na luz do Espírito Santo deve afastar tudo o que impede a plena comunhão com o Senhor.

Purificação dos sentidos externos ( vista, ouvido, olfato, gosto e tato). Purificação dos sentidos internos ( imaginação e fantasia ).

Os sentidos devem ser purificados através da não satisfação dos apetites. Esta é uma palavra desconhecida pela psicologia moderna. Poderíamos traduzi-la por "inclinação". Apetites são, para o santo, tendências inatas pelas quais o homem busca o que agrada os seus sentidos (o ouvido nos atrai para uma melodia maravilhosa, o olfato para o perfume, o tato para as coisas delicadas e macias, o gosto para algo que é saboroso). Assim, constatamos uma repugnância natural por tudo que ofende a nossa sensibilidade: o mal cheiro, o grito forte que ensurdece, uma coisa áspera.

A sensibilidade é necessária para a vida humana, mas, não orientada e não canalizada pode tornar-se prejudicial ao reto desenvolvimento do equilíbrio da pessoa. É por isso que São João da Cruz diz que devemos orientar essa sensibilidade exclusivamente para o Senhor.

Noite ou purificação ativa do Espírito (Subida II, III ).

A purificação ativa do Espírito não diz mais respeito às coisas sensíveis mas sim ao espiritual, às faculdades espirituais que são três: intelecto, memória e vontade. Elas devem ser purificadas mediante os exercícios das virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade.

A NOITE PASSIVA

O Caminho da Noite passiva do Espírito é analisado pelo Santo nos capítulos 4 e 10 da obra Noite Escura. Devemos procurar o elemento essencial da noite no influxo especial de Deus, através do qual Ele age na Alma purificando-a e comunicando-lhe graças espirituais.

"Essa Noite Escura é um influxo de Deus na alma, que a purifica de suas ignorâncias e imperfeições habituais, tanto naturais como espirituais." (Noite Escura, 11,5,1 ). Esta presença viva do mistério insondável de Deus é chamada, na linguagem mística, de contemplação infusa. Trata-se de luz e amor, comunicados através da fé pura e atuante.

A Subida do Monte e a Noite Escura são como a porta de entrada que é necessário ultrapassar para entrar na plena intimidade do amor. tudo leva ao amor como entrega e doação. Não se trata de uma contemplação platônica do belo e agradável, mas de um amor efetivo que leva a agir em conformidade com o amado.

Obs.: O texto que segue foi retirado de um curso ministrado por Frei Maximiliano Herraiz, OCD para as monjas carmelitas em Porto Alegre (RS).


COMO LER JOÃO DA CRUZ

Pois vamos ver como nos aproximamos de S.J.C. numa leitura simples, atendendo as outras simples, dizer que não freqüentais uma universidade, mas sim que necessitais de uma explicação clara para que possais mover-vos, circular, caminhar pelos escritos de S.J.C. a fim de que vos ajude a descobrir vossa própria experiência. E como acabo de dizer, não sei se todos, haveis entendido de todo. Repito de outra forma: A Santa (Teresa de Jesus) e o Santo escrevem, não para dizer-nos sua experiência pessoal, senão para ajudar-nos a ler a nossa experiência. Sim, escrevem para ajudar-nos a ler nossa própria experiência. Claro, é que quem lendo o Santo e a Santa, eu por exemplo, que leio tanto o Santo e a Santa, se não me leio a mim mesmo, perco tempo, ainda que saiba a Santa Teresa e S.J.C. de memória. Isto é bíblico também, a bíblia que é o código da experiência cristã e antes de cristã, judia, onde está a experiência de Deus em relação com seu povo. A bíblia é para que nós leiamos que, hoje em nós Deus segue fazendo obras santas, maiores, não basta com que eu saiba que Deus tirou seu povo do Egito com mão poderosa; que os provou no exílio e os libertou a seu tempo, se eu não ler através da Bíblia minha própria experiência, posso saber a Bíblia de memória, não me ajudará nada. Porque a Bíblia e nossos Santos são um catecismo de experiência, mas para ler a nossa.

Porque a sua experiência própria, a Santa a levou ao sepulcro e lá está. A Santa e o Santo levaram ao sepulcro e lá está. A experiência da Santa não me interessa como Carmelita, senão enquanto me ajuda a entrar em mim, em meu caminho de experiência e me ajuda a discernir a minha experiência.
A melhor, a única maneira de entender, ler o Santo não é ter muitos conhecimentos intelectuais. A melhor maneira é ter alguma forma de experiência de Deus. Quem tem alguma forma de experiência de Deus, entende, dialoga com o Santo, diálogo esse que revela seu próprio caminho espiritual.

Vou sintetizar, não sou o único, mas um dos primeiros que temos sintetizado as obras do Santo em uma frase e depois ver os textos para que possais ler.

Síntese dos escritos de São João da Cruz:


"O caminho da união da pessoa com Deus é "noite escura" em fé, esperança, amor,

JESUS CRISTO".

Este homem, que ama apaixonadamente a Jesus Cristo, vem a nós dizendo-nos: seguir a Jesus Cristo - é esse o caminho da união da pessoa com Deus: em Fé, Esperança e Amor, e a isso chamamos "noite escura", nada mais! Aqui tereis os termos, as palavras essenciais dos escritos de São João da Cruz.


VIRTUDES TEOLOGAIS

"em fé, esperança e amor"

Vamos continuar esta apresentação em síntese da doutrina de nosso Santo Padre João da Cruz e aterrizar agora nas virtudes teologais, fé, esperança e amor, na vida teologal. Muito tem que nos dizer o Santo Padre sobre este capítulo das virtudes teologais. Sem dúvida nenhuma, entre os títulos que se lhe dão ao Santo Padre está o de Doutor em fé, em esperança e amor. Porque são o eixo de toda sua doutrina.

Deus se comunica conosco em fé, esperança e amor. Nós não podemos comunicar-nos com Ele senão em fé, esperança e amor. Vamos ver se começamos, a fé é escura, porém vamos ver se fazemos luz, e começamos com nossas relações mútuas.

Crer significa que eu não posso dominar Deus com minha razão, ou a tua pessoa. Eu domino uma coisa: a água, eu a domino quando sei o que a constitui. Nós homens podemos destruir toda a água do mundo, basta que separemos os elementos que a formam e ficamos sem água. Quando conhecemos algo, quer dizer que o dominamos com a cabeça, é o domínio mais forte que temos.

Quando conhecemos algo totalmente, e a água conhecemos totalmente; conhecemos também, os cardiologistas, conhecem o funcionamento do coração. Tudo o que não podemos dominar com a cabeça, isso dizemos que temos que crer. O que não podemos, pode ser que agora, muitos mistérios da vida não conhecemos, mas podemos chegar a conhecê-los, porém, o que nunca podemos chegar a conhecer e dominar com nossa cabeça é a pessoa humana.

Começo por ai: Eu sempre terei que crer em ti, sempre! Por muito amigo (a) que sejas. Por muito que desejes revelar-me tua intimidade mais profunda, e eu queira conhecê-la, sempre serás um mistério para mim. E eu terei que dizer: eu creio em ti irmã! Terei que dizer sempre, com toda a verdade, ainda que as ciências progridam e conheçamos cada vez mais o que é a pessoa humana.

A pessoa humana será sempre objeto de fé para cada um de nós. Todos os sinais, todas as palavras: dar um beijo a uma pessoa é um sinal de amor, mas pode ser também uma mentira. Porque todos os sinais e todas as palavras podemos usá-las contra a sua significação. O beijo é um sinal de amor e podemos convertê-lo em sinal de traição. Nós sempre teremos que crer na pessoa.

Não nos esqueçamos: quando dizemos que nossas comunidades são comunidades de fé, isso quer dizer que eu tenho que crer em cada uma de minhas irmãs. E que se não creio não há comum união. Ainda que rezemos muito, ainda que falemos muito, nos ajudemos em tudo para fazer a vida mais feliz. Eu tenho que seguir crendo em minhas irmãs.

A fé é o único meio próximo que nos une aos irmãos, isto temos que entender bem. Por muito amigos que sejamos, por mais bem que façamos uns aos outros, sempre eu tenho que crer no outro. Porque tudo o que me fazes e tudo o que me dizes não é evidente para a minha cabeça. Não é evidente para mim que me digas: "Te quero muito irmã". Eu tenho que crer que é verdade que me queres e que é verdade que recebes e acolhes o amor fraterno que eu te dou, porque não sei se o acolhes.

A fé é o único meio próximo que temos para unir-nos uns aos outros. Se isto o aceitais, compreendereis o acerto, a profundidade da palavra de nosso Pai João da Cruz que nos diz justamente isto: a Fé é o único meio próximo para unir-nos com Deus. Eu recordo sempre, quando falo a jovens, dando exemplos para que entendam melhor, usava a palavra da Santa, na qual creio muito: "Deus é meu amigo e eu o trato como amigo e descanso nele como um amigo".

Então, "Ah! Padre, isso que dizes que Deus é amigo, se não o vemos, não o ouvimos e não o podemos tocar". E eu, rápido, digo: "Que vês de teu amigo ou amiga? Que tocas de teu amigo ou amiga? Que ouves?" Digo, eu te dou a resposta: "Se teu amigo ou amiga leva pouca roupa vês uns centímetros mais de pele, nada mais". A mesma pele que podes ver em um animal irracional, não vês nada mais. Dentro de quem te diz "te quero muito", tu sabes o que passa? Que significa ver? Que significa ouvir? Ouvir as palavras que estou dizendo agora, se não entrais pela fé em meu espírito, nós podemos dizer que vós estais enganados.

Aterrizamos ao Santo, porque ele fala da fé, da relação com Deus, pelo que tento sempre dizer às pessoas com quem falo, que nossas vidas só podem unirem-se na fé mútua. Que o esposo creia na esposa e a esposa no esposo. Que os pais creiam em seus filhos e os filhos nos pais. Que nós, que vivemos juntos, creiamos uns nos outros, que esperemos uns nos outros, que esperemos! Que confiemos e que o outro, quando me diz: "Te quero, estou contigo irmão", que eu aceite que isto é verdade. Porque se não aceito, é uma tortura, eu viverei distante, com receio das pessoas tudo isto, translado para Deus. É mais fácil crer, esperar em Deus que nas pessoas, sem dúvida. Ainda que a Deus não o vejo fisicamente e a vocês, sim; a mim me resulta mais fácil crer em Deus que nas pessoas. Porque Deus não me pode enganar. Os outros sim! Ainda sem querer, não porque sejam maus. Não! Sem querer, podes enganar-me.

É mais fácil crer em Deus, porque todos pensamos em Deus, que se existe é bom, não podemos pensar em um Deus que nos cria para sofrer, para nos mandar ao inferno, porque isso vai contra a idéia que temos de Deus. É mais fácil crer, porém, crer significa um ato de liberdade, pelo qual me confio em tuas mãos: Me confio a Ti! Me ponho em tuas mãos! Eu não vejo com minha inteligência, mas me confio a ti.

Por isso o Santo nos disse, com relação à FÉ: 2S 9,1 - "A pessoa tanto mais unida está a Deus quanto mais fé tem". A pessoa se une a Deus pela fé. Quanto mais té tem em Deus, mais unida está com Deus.

Esperança

Com relação à ESPERANÇA, diz o Santo:

3S 2,7 - "A pessoa tanto alcança de Deus quanto dele espera". Isso é igual também nas relações humanas. Quando eu espero, confio muito em minha irmã, em minha comunidade, eu recebo muito dela.


Amor

E com relação ao AMOR: C 11,11 - "A saúde da alma é o amor". O Santo não diz que estou mais unido, quanto mais comungo a Deus; ou quanto mais horas de oração tenho. Nós dizemos mal, porque somos "curtos", que na comunhão me uno com Deus. Não é verdade! Te unes com Deus se crês no que estás recebendo. Se não crês, não te unes com Deus.

"É que me uno com Deus quando sirvo ao pobre, ao irmão". Não é verdade! Tu te unes ao pobre, ao irmão, quando o amas, quando crês nele, o valorizas, quando esperas e confias nele. Tu não te unes ao pobre porque lhe dás um prato de comida, podes dar um prato de comida, para que vote em ti nas eleições.

Não me uno a Deus na oração, me uno quando creio nele, esteja orando ou lavando pratos na cozinha... Eu me uno a Deus quando creio.

Cta. 35, 12/outubro/1589 - Aqui temos uma senhora do mundo que está passando por uma "noite escura". Porque a fé é noite escura sempre! Necessariamente! E a esperança é vazio! Esperamos o que teremos. Então, ela está passando por uma noite escura e escreve ao Santo, que está muito mal, que tem uma grande escuridão, um vazio... e o Santo lhe responde: "Que vida ou modo de proceder idealizas neste mundo? Que pensas que seja, servir a Deus,...? ... vivendo apenas em fé obscura e verdadeira, em esperança certa e em caridade inquebrantável..." Isso é vida cristã: viver em fé, em esperança certa e verdadeira, e caridade inquebrantável.

Deus não pode comunicar-se a nós, senão em fé. Senão não seria Deus. Repito, irmãs, irmãos, como vós não podeis comunicar-vos a mim senão em fé, porque vós não tereis termos, ainda que saibais todo o dicionário de português, não podeis comunicar-vos totalmente, em evidência a mim. Eu tenho que crer sempre em vós.

Pois Deus se comunica em fé. E claro, se eu tenho que me unir com Deus, eu tenho que aceitá-lo em fé. Se não fazemos o mesmo caminho, não nos encontramos. Deus se comunica em fé porque não pode comunicar-se de outra maneira. Não pode comunicar-se, ainda que queira. E Ele quer fazer-se plenamente presente em nós, porém em fé. Porque é demasiada luz, para que nós possamos suportar tanta comunicação.

A fé é obscura: a comunicação de uma pessoa:

A fé é escura, porque é escura e não pode ser de outra maneira. Porque é a comunicação de uma pessoa. Isto é essencial. Vocês seguem crendo que o problema da fé é uma questão de verdades.

Quando se trata de uma comunicação de uma pessoa é fácil: Se eu creio em ti, eu não tenho dificuldade em aceitar a verdade que tu dizes. Quando eu não creio na pessoa, também não creio em nada que ela diz. Porém a fé, não é que creio nas verdades que Deus me dá a conhecer, por exemplo a Trindade, não! Eu creio nele, na Pessoa Divina e creio no que Ele disse. O objeto da fé é Deus em Pessoa. A comunicação de uma pessoa Divina. Se a pessoa humana é para mim um mistério, a Pessoa Divina é mais mistério. Isso faz, todavia, mais necessária a fé como único meio para comunicar-me com Deus.

Porém, ademais, esta comunicação dá Pessoa Divina se faz em palavras humanas. Deus tem que usar nossa linguagem para que o entendamos. As palavras são como dedais com relação ao conteúdo divino. Porém, todavia, é que esta comunicação se faz a uma pessoa ferida que somos nós. Se tu estás ferida de desconfiança, porque muitas pessoas te enganaram na vida, ainda que eu venha com um amor mais puro, tu não vais crer em mim, porque estás ferida. Te enganaram muito na vida e tu estás defendendo-te de quem se aproxima. Este é o problema da fé. E então, o que temos que fazer? Temos que libertar nosso interior de tantas imagens negativas, falsas, e isso é mais difícil do que, mudar as estruturas. Isso é mais difícil do que vocês terem formado uma Associação que não queriam.

Porque não superamos, quase nunca, o que temos de negativo na cabeça. Essa é a pior estrutura, e as imagens, as experiências que tivemos, fazem a nossa pessoa. A pessoa se remove por dentro, muda suas idéias, as imagens de Deus que tem, e muda as imagem que tem da outra pessoa.
A idéia não te deixa ver a realidade. Temos que curar nossa vida de tantas experiências negativas, a fim de que possamos estar em condições de crer no que Deus nos disse, através das Palavras que Ele nos deu em seu Filho Jesus, através de nossos Santos.

E para que nós mudemos estas idéias, estas feridas, nós temos que nos ajudar com nosso comportamento, temos que nos ajudar a crer uns nos outros. Sempre, ainda quando queremos dar-nos provas de amor, para ajudar-nos a crer uns nos outros, sempre terei que seguir crendo no outro. Porque aqui surgirão interpretações falsas.

Na Carta 35 - 12 de outubro de 1589 o Santo diz: "Alegre-se e confie em Deus que já lhe deu várias provas de que muito bem o pode e deve fazer". "Muitas provas Deus lhe tem dado de que pode confiar nele". Eu com simplicidade, verdade, posso dizer a uma irmã minha: "Eu tenho dado muitas provas de que podes crer em mim. Eu nunca falei uma palavra negativa de ti; nunca deixei de fazer um favor que vi que podia fazer... Eu tenho te dado provas de que tu podes crer em mim, porém não posso convencer-te, mesmo que eu tenha dado provas."

É preciso que demos provas, porém as provas nunca convencerão. A fé pede, nos exige dar um salto mais além do que compreendemos com nossa razão. Diz o Santo que é preciso dá-la em nossas relações humanas e em nossas relações com Deus. Esse é um problema religioso. Não me custa nenhum trabalho, crer que Jesus está presente na Eucaristia, no mistério da Trindade... O único trabalho que me custa é crer no que dizes.

Porque, diz o Santo Padre, a fé, a esperança e o amor é o único meio próximo para unir-nos com Deus. Por que diz isto? Por duas razões inseparáveis. Porque a fé, esperança e amor une a Deus e purifica de tudo o que não é Deus.
"é o único meio próximo porque a: (fé, esperança, amor) une e purifica.

A fé une e purifica

Não há nenhum santo que tenha escrito, comunicado sua experiência, que insista tanto como o Santo e a Santa, nesta paixão e desejo forte de unir minha pessoa com a Pessoa Divina. Insistem tanto que, a Santa, não quer que nossa vida de piedade se encaixe por regra, nenhuma devoção, nem a Virgem, a Cristo e nem à Santíssima Trindade. Sabemos que a Santa era tão amiga do rosário. Aconselha a vocês, prescreve nas Constituições? Era mui devota de São José, mas não prescreve nenhuma devoção. Por quê? Porque quer que não percamos de vista que a vida religiosa, a vida de piedade é uma relação de pessoa a pessoa. Quanto menos coisas há, mais colocamos os olhos na Pessoa Divina.

No Castelo Interior há uma porta para entrar, mas não para sair. No Castelo Interior não há cadeira para sentar-se, nem cama para dormir, não há nada! No Castelo Interior está Ele e tu. Assim que, O olhas ou morre de asco. Porque não tem nada com que se entreter. Nós pensamos que o Castelo Interior por estar no centro é uma casa rica, com ricos móveis e tem quadros e imagens dos pintores famosos. A Santa nos diz que uma casa, a casa humana e a casa da comunicação com Deus, é rica segundo as relações que têm as pessoas que vivem dentro. Uma casa não é rica, uma comunidade vossa não é rica, porque tem uma liturgia mui solene, cantada... A casa é rica, se é rica a relação que há entre as pessoas. Nada mais!

Podemos encontrar uma casa pobre, pobre, que é riquíssima pelas relações que há entre as pessoas que vivem nela: se amam, se confiam, sofrem juntos, se alegram juntas. Que rica esta casa! Isto quer dizer a Santa e o Santo: porque me uno a Pessoa Divina na fé, me uno à Pessoa, não a umas verdades. Porque diz o Santo: Deus é o conteúdo da fé. Deus em Pessoa. Deus, tal qual se entrega a nós pessoal mente na fé, porque é maior do que podemos entender, e Deus se nos entrega em esperança porque nunca podemos acabar de possuí-lo. Crer em Deus é unir-se a Ele, porque Deus é o conteúdo da fé. E unir-me a ti é crer em ti; e eu estou mais unida a ti, não porque tenho as idéias como tu, porque teu caráter me agrada muito... não! Eu estou unida a ti se creio em ti.
Então, quando eu creio em ti, porque por meio da fé, esperança e amor, eu me purifico de todas as idéias que tenho sobre ti, que é o que mais nos custa. As idéias, as imagens, como as experiências, são o último que se muda e o mais doloroso, mas é preciso mudá-la porque do contrário nós não nos purificamos.

Vamos ver dois textos em que o Santo fala que a fé une e purifica, as duas coisas ao mesmo tempo.


2S 6

2N 21

Por isso o caminho é noite escura, porque é uma constante purificação das idéias, da fé, esperança e do amor.

Deus é sempre novo

2N 21,11 - "Como, pois, estas virtudes têm ofício de apartar a alma de tudo que é menos do que Deus, consequentemente têm o de uni-la com Deus".

Deus não é o que eu penso, ainda que pense bem. Porém Deus é muito mais do que eu penso. E Deus não é o que eu experimento dele, ainda que seja verdadeira a experiência que tenho de Deus. Eu tenho que superar as idéias, as experiências que tenho de Deus, mesmo que sejam boas. Tenho que superar, porque Deus é mais do que a experiência que tenho dele. Todas as virtudes teologais têm por ofício apartar de tudo o que é menos que Deus e consequentemente as virtudes teologais têm por ofício unir-nos a Deus e conclui: 12. "Se, portanto, a alma não caminha verdadeiramente vestida com o traje destas três virtudes, é impossível chegar à perfeita união com Deus por amor".


Junto com estes dois textos:

C 12 - "Ó cristalina fonte, se nesses teus semblantes prateados...
É um canto à fé. Para dizer-nos justamente isto que estamos dizendo: que quem quer unir-se com a Pessoa Divina, tem que deixar atrás, purificar-se de todas as suas idéias, imagens, experiências.

1. Deus é mais do que experimento

2. O que experimento é menos do que digo
3. Não fiques no que digo, sobe ao que experimento, porém, não fiques no que experimento, senão que subas a Deus, porque Deus é mais.

Minha experiência, mesmo que seja rica e abundante, Deus é mais do que experimentaram todos os santos ao longo dos dois mil anos de cristianismo e os profetas. Diz o Santo, na Canção 14, que "Deus é uma ilha estranha". Deus só para si não é novo, só para si! Para nós é sempre novo. Deus é muito mais do que experimento. Eu experimento muito mais do que digo. Quem pode dizer a dor ou a alegria que experimenta? Não se pode dizer! Deus é mais do que eu digo, isto diz o Santo.
Por isso a ascética, não é que comamos um pouco menos nas sextas-feiras e no dia seguinte tiremos o atrasado. Não podemos colocar nessas coisas o que é o sacrifício. O sacrifício está na cabeça (idéias) e no coração. Esta é a purificação: crer em Deus, esperar, confiar nele e entregar-nos confiantes ao Seu amor. Isto é o que nos purifica e nos une a Deus. Por isso o Santo nos dirá que o problema de nossa vida é um problema de fé. O problema da oração é um problema de fé, esperança e amor. O problema da vida comunitária é um problema de fé. Não é porque temos diferentes caracteres ou porque estamos juntas pessoas do mesmo sexo,... o problema é que não cremos uns nos outros.

O Santo nos quer recolhidos, centrados no único meio próximo que é a fé, esperança e amor. Assim que não disperseis! Isto é mal nas Carmelitas de hoje; as Carmelitas se dispersaram muito em tantos problemas que não são problemas. Esta casa será um céu, diz a Santa, se crermos uns nos outros; se esperarmos uns nos outros e se cremos e, esperamos, nós damos e oferecemos um amor fraterno verdadeiro.



A

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