«Façamos o ser humano à Nossa imagem, à Nossa
semelhança»
S. Marcos 12,13-17.
Naquele
tempo, foram enviados a Jesus alguns fariseus e partidários de Herodes, a fim
de o apanharem em alguma palavra.
Aproximando-se, disseram-lhe: «Mestre,
sabemos que és sincero, que não te deixas influenciar por ninguém, porque não
olhas à condição das pessoas mas ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade.
Diz-nos, pois: é lícito ou não pagar tributo a César? Devemos pagar ou não?»
Jesus, conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu: «Porque me tentais?
Trazei-me um denário para Eu ver.»
Trouxeram-lho e Ele perguntou: «De
quem é esta imagem e a inscrição?» Responderam: «De César.»
Jesus disse:
«Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» E ficaram admirados
com Ele.
Comentário
Deus disse: «Façamos o ser humano à Nossa imagem, à Nossa
semelhança» (Gn 1,26)
«Oh, que profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência é a de
Deus! Como são insondáveis as Suas decisões e impenetráveis os Seus
caminhos! Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem Lhe serviu de
conselheiro?» (Rm 11,33s; 9,15s). Tu, Senhor, tens compaixão por quem queres;
tens piedade de quem queres. Não é, portanto, o homem que quer ou que corre,
mas Tu, Senhor, que és misericordioso.
Eis que o vaso de barro escapa à mão que o modelou [...]; escapa-se da mão que
o segura e que o transporta. [...] Se lhe acontecer cair da Tua mão, que
desgraça a sua. Porque se quebraria [...] em mil pedaços, ficaria reduzido a
nada. Ele sabe-o e, pela Tua graça, não cai. Tem compaixão, Senhor, tem
compaixão: Tu deste-nos forma e somos barro (cf Jr 18,6; Gn 2,7). Até aqui
[...] permanecemos firmes, até aqui a Tua mão poderosa transportou-nos;
estamos suspensos dos Teus três dedos: a fé, a esperança e a caridade, pelos
quais susténs a massa da terra, a solidez da Santa Igreja. Tem compaixão,
segura-nos; que a Tua mão não nos deixe cair. Mergulha os nossos rins e o
nosso coração no fogo do Teu Espírito Santo (cf Sl 25,2); consolida o que
formaste em nós para que não nos desagreguemos e não fiquemos reduzidos ao
barro que somos, ou a absolutamente nada.
Por Ti, para Ti fomos criados e para Ti estamos voltados. Formaste-nos e
modelaste-nos, reconhecemo-lo; adoramos e invocamos a Tua sabedoria a
administrar, a tua bondade e misericórdia a conservar. Aperfeiçoa-nos, Tu que
nos fizeste; aperfeiçoa-nos até à plenitude da Tua imagem e semelhança,
segundo as quais nos formaste.
Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge beneditino e depois
cisterciense
Orações meditativas 1, 1-5; SC 324
Nenhum comentário:
Postar um comentário