AS VIRTUDES CARDEAIS
SEGUNDA VIRTUDE CARDEAL -
A JUSTIÇA
A
justiça é a virtude que consiste na vontade constante e firme de dar ao
outro ( a Deus e ao próximo) o que lhe é devido. “Suum cuique”, isto é,
a cada um o que lhe pertence.
A justiça para com Deus se chama “virtude da
religião”. A justiça para com os homens dispõe a respeitar os direitos
de cada um, e a estabelecer nas relações humanas que promove a equidade
em prol da pessoas e da comunidade. O homem justo distingue-se pela
correção habitual de seus pensamentos e pela retidão de sua conduta para
com o próximo.
Deus entregou a terra a Adão para que ele e
seus filhos a plantassem e tirassem dela o seu sustento. O homem usou e
usa as coisas da natureza para comer, para vestir, para fabricar objetos
necessários à sua vida. Como filhos de Deus e tendo recebido a terra
como herança, os homens podem possuir suas coisas, sua terra, sua casa,
seus objetos, que lhe são necessários para viver e para alimentar sua
família. É fácil compreender que nem sempre haverá um acordo entre os
homens sobre a possessão desses bens materiais.
Para ajudá-los a viver em paz e a possuir com
boa medida o que lhes é necessário, Deus nos deu a virtude de justiça,
pela qual nós queremos, com nossa boa vontade, dar aos outros o que lhes
é devido, protegendo também o que nos pertence e, sobretudo, dar a Deus
o que Ele nos pede, no seu amor por nós: amor, dedicação, louvor, etc.
Vamos ilustrar o que dissemos com alguns exemplos:
Quando tomamos emprestado um objeto, a
virtude da justiça nos leva a querer devolvê-lo no tempo estipulado,
pois sabemos que a pessoa que nos emprestou pode ficar prejudicada se
não recebê-lo de volta. Quando compramos um objeto, é justo que paguemos
o seu valor. Quando assinamos um contrato com alguém, devemos cumpri-lo
(como o matrimônio é um contrato passado diante de Deus, a virtude da
justiça nos impede de querer nos separar, pois no contrato do matrimônio
aceitamos viver para sempre com a pessoa com quem casamos.
Porém, não basta que os homens tenham entre
si esse relacionamento de justiça. A vida na sociedade é muito
complicada e foi preciso se organizar um governo que ajudasse os homens a
viverem juntos numa mesma cidade, num mesmo país. Por isso, a virtude
da justiça vai também atuar no relacionamento dos homens com o governo,
quer ele seja um prefeito, um guarda de trânsito, o presidente ou um
rei. Os homens devem obedecer às leis estabelecidas pelas autoridades,
enquanto que a autoridade deve atuar de forma igual para com todos,
ajudando os bons e castigando os maus.
A justiça regula nossa convivência,
possibilita o bem comum, defende a dignidade humana, respeita os
direitos humanos. É da justiça que brota a paz. Sem a justiça, nem o
amor é possível. É a virtude da vida comunitária e social que se rege
pelo respeito à igualdade da dignidade das pessoas. Da justiça vem a
gratidão, a religião, a veracidade. Não se pode construir o castelo da
caridade sobre as ruínas da justiça. Pelo contrário, o primeiro passo do
amor é a justiça, porque amar é querer o bem do outro. A justiça é
imortal (Sab 1,15). Esta virtude trata de nossos direitos e nossos
deveres e diz respeito ao outro, à comunidade e à sociedade.
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