21º Domingo do Tempo Comum -C
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“Reino
de Deus: para Ele todos são chamados”
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Leituras: Isaías 66,18-21;
Salmo 116 (117)
1.2 (R/ Mc 16,15);
Carta aos Hebreus 12, 5-7.11-13;
Lucas 13, 22-30.
COR LITÚRGICA: VERDE
Nesta Eucaristia,
Jesus nos mostra que a salvação é universal e está aberta a todos. A condição
para isso é entrarmos pela “porta estreita”, ou seja, escolher o caminho da
vida. Não basta uma vida de aparências e conhecimentos, é necessária uma vida
de perfeita comunhão com Jesus, pois Ele é o único Caminho, Verdade e Vida.
Expressemos também, nossa gratidão a todos aqueles e aquelas que vivem sua vocação
para os ministérios e serviços em nossas comunidades, de um modo especial
nossos queridos catequistas.
1. Situando-nos brevemente
“Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”: foi o que
esta assembléia proclamou há pouco, no início desta celebração. De nossas casas
ou de lugares diferentes aqui o Senhor nos reúne. Aqui estamos aprendendo com
nosso mestre maior, Jesus Cristo, a nos desinstalar de nossas eventuais e
possíveis autossuficiências para vivermos melhor a proposta do Reino de Deus e,
assim, sermos felizes, fazendo felizes os outros.
Por isso concluímos os ritos iniciais desta celebração
precisamente com esta belíssima oração: “Ó Deus, que unis os corações dos
vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o
que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos
corações onde se encontram as verdadeiras alegrias” (Oração do dia de hoje).
Hoje é o Dia dos Catequistas. Parabéns a todos os nossos
catequistas! Dia 27, terça-feira, celebramos a memória de Santa Mônica; dia 28
quarta-feira, a memória do bispo e doutor da Igreja Santo Agostinho;
quinta-feira, dia 29, fazemos memória do martírio de São João Batista.
Vamos, de novo, ao encontro da Palavra, a retomando e refletindo
sobre ela!
2. Recordando a Palavra
A caminhada de Jesus continua rumo à Jerusalém. Nós caminhamos
com ele. Caminho em que Jesus encontra de tudo, caminho carregado de vida:
“Jesus atravessava cidades e povoados ensinando e prosseguindo o caminho”.
De repente, alguém pergunta: “Senhor, é verdade que são poucos
os que salvam?” (v.23). Trata-se de uma questão aparentemente séria, uma
questão religiosa típica: quem se salva? Mas, pela resposta que Jesus dá (v.24-30),
parece que não se pergunta aí pelo sentido da vida.
Antes, na pergunta se esconde uma preocupação sectária. Ela se
origina do grupo de pessoas – cristãos também? – que se julgam os perfeitos, os
puros. Em sua vaidade, eles teriam o maior prazer em ouvir, da parte de Jesus,
uma confirmação de que eles são de fato os bons, em comparação com os que,
segundo eles, não o são.
Jesus, no entanto, percebendo a maldade da pergunta surpreende a
todos com esta resposta: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita. Pois,
muitos de vós tentareis entrar e não conseguirão” (v.24). Em outras palavras:
entrem pela porta estreita enquanto é tempo! Porque depois já vai ser tarde:
por se acharem muito convencidos, cheios de si, orgulhosos e vaidosos em sua pureza
e perfeição, fechados em si a ponto de excluírem e desprezarem os outros.
Vocês vão ter muita dificuldade de entrar pela “porta estreita”
do Reino. Ou melhor, nem conseguirão mais entrar. Mesmo que vocês apresentam
todas justificativas e gritem desesperadamente para abrir a porta, lá de dentro
vocês vão apenas ouvir: “Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que
praticais a iniqüidade” (v.27).
De fato, “a ‘porta’ (v.24) não se abre em função de palavras de
méritos ou de influências – ‘Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste
em nossas praças!’ – Ela se abre somente se a vida de quem quer entrar
consentiu em abrir as portas aos demais, seja lá quem for, e este é um caminho
nem sempre fácil, muitas vezes ‘estreito’ (v.25). A estes, Deus conhece, ele
‘sabe quem são’ (v.27)”, pois assumiram a política do Reino de Deus ensinada
por Jesus , que não é de exclusão mas de inclusão de todos, sem distinção (J.M. Romaguera. El evangelio en medio a la
vida, p. 152-153).
Por isso Jesus conclui profeticamente: “Virão muitos do oriente
e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E
assim há últimos que serão primeiros, e primeiros [os que julgam a salvação
como propriedade sua, exclusiva] que serão últimos” (v.29-30).
Tal verdade universalista já fora intuída pelo profeta Isaías,
após o exílio, como vimos na primeira leitura (Is 66,18-21). Este, olhando para
o futuro, como que intuindo a realidade messiânica que vem de Deus, ouve de
Deus esta voz: “virei para reunir todos os povos línguas; eles virão e verão a
minha glória” (v.18).
“O profeta concebe Israel
como o lugar da manifestação dos grandes feitos de Deus. De fato, a própria
pessoa de Cristo será esse lugar” (J.
Konings. Liturgia dominical..., p.446).
Daí o refrão para o Salmo 116 que hoje cantamos: “proclamai o
Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15). Deus ama a todos, sem distinção e por
que ama também corrige como ouvimos na segunda leitura (Hb 12,5-17.11-13).
Corrige a pessoa para o bem dela, porque a ama. Feliz quem se deixa corrigir
pelo Senhor.
3. Atualizando a Palavra
São poucos os que vão ser salvos? Muitos cristãos vivem com esta
pergunta martelando em sua cabeça e afligindo seu coração, perguntas, às vezes,
inculcadas por pregadores insensatos.
Jesus hoje nos alerta que “a salvação é para todos, vindos de
todos os lados, dos quatro ventos, de perto e de longe. Só não é para aqueles
que se fecham na sua autossuficiência e nos seus presumidos privilégios. A
primeira leitura lembra que Deus não apenas quis salvar o povo de Israel do
exílio babilônico, como também o encarregou de abrir o Templo e a Aliança a
todas as nações. Quando Deus concede um privilégio, como foi a salvação de
Israel do cativeiro babilônico, este privilégio se torna responsabilidade para
com os outros. Deus rejeita a autossuficiência” (Ibid., p.448).
Isso leva, a nós cristãos, a pensarmos! “Existem muitos cristãos
instalados, que se sentem seguros fazendo formalmente tudo o que lhes foi
prescrito, mas não assumem de coração aquilo que Jesus deseja que façam,
sobretudo o incansável amor ao próximo. Eles ficarão de fora, se não se
converterem enquanto outros, considerados pagãos, vão encontrar lugar no Reino.
Aqueles que só servem a Deus com os lábios e não com o coração e de verdade, o
Senhor não os conhecerá!” (Ibid.).
Numa palavra, O Reino exige desinstalação. “Exige busca
permanente daquilo que é realmente ser cristão: não apegar-se a fórmulas
farisaicas, mas entregar-se a uma vida de doação e amor, que sempre nos
desinstala. Então, a questão não é se poucos ou muitos vão ser salvos. A
questão é se estamos dispostos a entrar pela ‘porta estreita’ da desinstalação
e do compromisso com os que sempre foram relegados. A questão é se abrimos
amplamente a porta de nosso coração, para que a porta estreita se torne ampla
para nós também. Deus não fechou o número. A nós cabe nos incluirmos nele...”
(Ibid.).
4. Ligando a Palavra com ação
litúrgica
Eis que, logo em seguida, nos acercaremos do altar para a
celebração da ceia memorial da páscoa de Jesus que morreu e ressuscitou por
todos. É o momento de nos permitir mergulhar no mistério de Cristo e, assim,
deixar que este mistério tome conta de nossos corpos e nos transforme.
“A Eucaristia antecipa a salvação que Deus reservou para todos. Mas
não basta ‘comer e beber na presença do Senhor, não basta ter ouvido sua
palavra’, porque a Eucaristia é a porta aberta para a prática da justiça.
Participar da Missa e comungar o Corpo de Cristo não é contabilizar créditos
diante de Deus. É, isto sim, buscar força e luz para entrar pela ‘porta
estreita’, pois a prática da justiça é a única garantia de estarmos no caminho
da salvação” (J. Bortolini. Roteiros
homiléticos, p. 661).
Por isso, faz sentido a oração que conclui o rito da comunhão de
hoje: “Ó Deus, fazei agir plenamente em nós o sacramento do vosso amor, e
transformai-nos de tal modo pela vossa graça, que em tudo possamos agradar-vos.
Por Cristo, nosso Senhor”. Ao que todos respondem: “Amém!”.
Sim, que assim seja! Que em tudo possamos estar de acordo com o
projeto do Reino de Deus realizado em Cristo: reino de amor, misericórdia,
solidariedade, justiça, paz e vida para todos. Amém!
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