O justo
vive pela sua fidelidade
Romanos 1,17;
Gálatas 3,11;
Hebreus 10,36.
Habacuc 2,4
A
fidelidade para nós é incondicional porque as condições adversas se tornam
condições de prova de amor. O cume do nosso carisma seria não somente aceitar
as tentações, mas amá-las enquanto meio para amar a Deus pela nossa fidelidade
e fazê-lo Deus, somente Deus, em Tudo e sempre! Deus só e nada mais.
Nós amamos
as situações que nos proporcionam mostrar e provar o amor que temos para com Deus?
É aí que
aceitamos passar pelas situações para amar.
Descobrimos
o sabor da fidelidade. Daí se passa a amar as tentações, as provas, as
situações adversas, para nos manter em Deus e fazê-lo Deus, só e nada mais... O
centro absoluto de todo nosso viver.
Como diz a
Christifideles laici, “nós somos chamados a ser fiéis no mundo não apesar das
adversidades, mas propriamente através delas”.
Esse mistério da fidelidade
encontra a sua mais alta significação na obediência incondicional de Cristo ao
Pai na Cruz. Na Cruz está o sinal mais sublime de fidelidade e é esse sinal que
somos chamados a manifestar aos homens.
Isso tudo é a nossa fidelidade! Se
formos fiéis a Ele, Ele nos abençoará com Suas graças. Se formos infiéis em
nossas ações, Sua fidelidade garante a misericórdia, mas, se somos infiéis no
coração, vingamos a fidelidade dos santos, debochamos do carisma e nos tornamos
inacessíveis à misericórdia de Deus.
Há um
versículo que aparece pelo menos quatro vezes na Sagrada Escritura: "O
justo vive pela sua fidelidade (fé)"(Habacuc 2,4; Rm 1,17; Gl 3,11; Hb
10,36).
A palavra
fidelidade na Bíblia é também traduzida como "fé" a Deus. É a atitude
daquele que crê e que obedece ao Senhor.
Neste sentido, São Paulo fala aos
romanos da "obediência da fé" (Rm 1,5). A fé é um ato de adesão a
Deus; isto é, submissão que implica obediência à Sua santa e perfeita vontade.
A fraqueza da nossa natureza humana impede muitas vezes que a nossa fé seja
coerente; quer dizer, às vezes os nossos atos não estão conforme as exigências
da fé. Portanto, não basta crer, é preciso obedecer. Depois que o povo hebreu
recebeu a Lei de Deus por meio de Moisés, exclamou: "Tudo do que Iahweh
falou, nós o faremos e obedeceremos" (Ex 24,7). Esta era a vontade do
povo; no entanto, sabemos que este mesmo povo prevaricou tantas vezes,
prestando culto aos deuses dos pagãos. Depois que Josué, no limiar da morte,
conclamou o povo a ser fiel a Deus, e só a Ele prestar culto na Terra que Deus
lhe dava, o povo respondeu: "A Iahweh nosso Deus serviremos e à sua voz
obedeceremos" (Js 24,24). Mas sabemos que logo após atravessar o rio
Jordão e tomar posse da Terra tão esperada, este povo não demorou a render-se
aos encantos dos deuses dos cananeus. Isto mostra que não é fácil, também para
nós, viver a fidelidade a Deus, pois também hoje os deuses falsos nos atraem e
querem ocupar o nosso coração.
A
obediência sempre foi e sempre será a prova e a garantia da fidelidade.
Foi por ela
que Jesus salvou a humanidade, porque fez exatamente o que o primeiro Adão
recusara fazer.
Na obediência
radical a Deus, o Cristo desatou o nó da desobediência de Adão e nos
reconciliou com o Pai. Da mesma forma, ensinam os Santos Padres, pela
obediência da Virgem, ela desatou o laço da desobediência de Eva que lançou a
humanidade na perdição. A partir daí, a obediência a Deus passou a ser a marca
principal daquele que crê. Ela é o melhor remédio para os males que o pecado
original deixou em nossa natureza: orgulho, vaidade, presunção, autossuficiência,
exibicionismo, etc.
O profeta
afirma que: "A obediência é melhor do que o sacrifício"(1 Sm 15,22).
E Thomas de Kempis, na "Imitação de Cristo", assegura que:
"Obedecer é muito mais seguro do que mandar".
No pátio da
Academia Militar das Agulhas Negras, está escrito, para que os cadetes leiam
todos os dias: "Cadete, ide comandar, aprendei a obedecer!"
Se a
obediência é tão necessária para com os homens, quanto mais para com Deus.
A outra
característica da fidelidade a Deus é o firme propósito de servir-lhe sempre e
com perseverança e reta intenção, mesmo nos momentos mais difíceis.
Como agrada
a Deus o filho fiel!
O profeta
diz: "Iahweh guarda os passos dos que lhe são fiéis"(2 Sm 22,26).
E o Senhor
Jesus disse: "Muito bem servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre
o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu Senhor" (Mt 25,21).
Tudo o que
recebemos de Deus nesta vida, é este "pouco" sobre o qual é testada a
nossa fidelidade a Deus. Ser fiel a Deus é ser obediente às suas leis, à sua
vontade, e servir-lhe com toda a alma.
Santo Inácio de Loyola afirmava que
viver bem é "amar e servir a Deus nesta vida". Jesus disse aos
Apóstolos na última Ceia: "Se me amais, guardareis os meus
mandamentos"
(Jo 14,15).
Portanto, amar a Deus, mais do que um sentimento,
é uma "decisão": guardar os seus mandamentos, cumprir a sua vontade.
"Nem todo aquele que diz, Senhor, Senhor,... mas aquele que faz a vontade
de meu Pai"(Mt 7,21).
Dessas
palavras fica claro que amar a Deus é viver os seus ensinamentos.
O Senhor
deixou a Igreja para que a Sua vontade fosse expressa e objetivamente conhecida
e não ficasse ao sabor do julgamento de cada um. Ele garantiu à Sua Igreja que
o Espírito Santo a conduziria "a toda a verdade"(Jo 16,13) e que a
voz da Igreja é a Sua voz. "Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a
Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita aquele que Me enviou"(Lc 10,16).
Então, ser fiel ao Senhor é ser
fiel à Sua Igreja e a tudo aquilo que ela ensina. É ser fiel à sua Comunidade, à
sua Consagração, é ser Fiel a Deus.
Pe.Emílio Carlos Mancini +
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