20º
Domingo do Tempo Comum
18 de agosto de 2013 – Assunção de Nossa
Senhora
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“Aurora
e esplendor da Igreja triunfante. Consolo e esperança da Igreja peregrina”
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Leituras:
Apocalipse 11,
19a; 12, 1.3-6a.10ab;
Sl 44 (45), 10bc.11.12ab.16;
Primeira Carta de São Paulo
aos Coríntios 15,20-27a;
Lucas 1, 39-56.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Nesta Eucaristia Dominical, somos convidados
a dirigir nosso olhar para o alto. Hoje acolhemos o convite da Palavra para
dirigir nossos olhos para o céu e para contemplar o céu como destino. Não
nascemos para viver na terra, mas para continuar vivendo no céu. Maria no céu,
como a primeira na Igreja, é sinal de esperança; nela se realiza tudo o que
Deus prepara para nós. Lembramos hoje, também da vocação para a vida
consagrada: religiosos(as) e consagrados(as) seculares.
1. Situando-nos brevemente
Celebramos hoje uma das festas mais populares e consoladoras
dedicadas à Virgem Maria: Nossa Senhora da Glória. Oficialmente, Assunção de
Nossa Senhora. Antigamente, entre nós, era celebrada no dia 15 de agosto. No
entanto, por se trata de uma festa de colorido intensamente pascal, a celebramos
no domingo, inclusive para possibilitar maior afluência de fiéis.
Eis, pois, que estamos reunidos com Maria para proclamar as
maravilhas operadas em nós pela morte e ressurreição de Jesus. Desta forma,
iniciamos mais uma semana que, com a graça de Deus e proteção de Maria, será
uma semana de paz, abençoada.
Celebramos, hoje, o ia das Vocações Religiosas; terça-feira, dia
20, a memória do abade e doutor da Igreja São Bernardo; quarta-feira, dia 21, a
memória do papa São Pio X; quinta-feira, dia 22, a memória de Nossa Senhora
Rainha; sexta-feira, dia 23, a festa de Santa Rosa de Lima, jovem leiga, do
século 17, consagrada ao Senhor; sábado, dia 24, a festa do apóstolo São
Bartolomeu.
Ouçamos o que a Palavra de Deus tem a nos dizer, neste dia solene
da Assunção de Nossa Senhora, ou, de Nossa Senhora da Glória.
2. Recordando a Palavra
O Evangelho nos fala de Maria, grávida, fazendo uma visita a
Isabel, também grávida daquele que depois será São João Batista. Bastou Isabel
ouvir a saudação de Maria e, dentro dele, João começou a dar pulos de alegria.
Respondendo à saudação, Isabel, aos gritos de júbilo, prorrompeu em louvores a
Maria por sua fé, e em exaltação pelo fruto salvador, prometido que nela vinha
se gestando: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre!”.
Maria se desdobra num emocionante hino de enaltecimento pelas
maravilhas que o Deus santo e todo-poderoso, cheio de misericórdia, estava
operando nela, humilde “serva” do Altíssimo. Nela e dentro dela, toda soberba
começa a cair por terra. Nela e dentro dela, todos os poderosos começam a
perder seu trono. Nela e dentro dela, toda riqueza começa a ser partilhada com
quem não tem nada. Nela e dentro dela, o que Deus prometeu a Abraão começa a
ser realidade.
De fato, é a vitória do Ressuscitado que já se anunciar neste
canto do Magnificat. Bem mais tarde, a partir da experiência desta vitória, a
visão do Apocalipse proclama que o terrível dragão, isto é, todo poder opressor
e assassino, não atingiu seu objetivo de destruição. Teve que se render diante
do trono do Filho daquela “mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés,
e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”.
Então se ouviu uma voz forte no céu, proclamando: “Agora se
realizou a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu
Cristo”. Quem é esta mulher? Maria, que “sintetiza em si, por assim dizer,
todas as qualidades do povo prenhe de Deus, aguardando a revelação de sua
glória”. (J. Konings. Liturgia Dominical, p.493). Maria assunta ao céu, síntese
da Igreja como no céu será, e como no céu já é: vitoriosa pelo sangue do
Cordeiro!
Por isso, podemos cantar hoje a Deus com o Salmo 44: “À vossa
direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir”.
O próprio Paulo proclama hoje, na segunda leitura, que “Cristo
ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram”. Todos morrem.
Inclusive Cristo morreu. Como Cristo venceu a morte, também todos os que, pela
fé, nele se acoplam, serão vitoriosos sobre a morte. Chegará o dia em que todo
principado, poder e força serão destruídos. Conclui Paulo: “É preciso que ele
reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último
inimigo a ser destruído é a morte. Com efeito, Deus pôs tudo debaixo de seus
pés”.
3. Atualizando a Palavra
É a partir da gloriosa vitória da Páscoa sobre o pecado e a
morte que nós hoje contemplamos Maria toda gloriosa no céu. Vemos como o
próprio Evangelho coloca em sua boca palavras que proclamam a beleza de Deus
que, na vitória de Jesus, “realizou uma tríplice inversão das falsas situações
humanas, para restaurar a humanidade na salvação, obra de Cristo”:
No campo religioso, Deus derruba as autossuficiências humanas,
confunde os planos dos que nutrem pensamentos de soberba, erguem-se contra Deus
e oprimem os seres humanos.
No campo político, Deus destrói os injustificáveis desníveis
humanos, abate os poderosos dos tronos e exalta os humildes; repele aqueles que
se apoderam indevidamente dos povos, e aprova os que os servem para promover o
bem das pessoas e da sociedade, sem discriminações.
No campo social, Deus transforma a aristocracia estabelecida
sobre ouro e meios de poder, e cumula de bens os necessitados e despede de mãos
vazias os ricos, para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade e
entre os povos (J. Bortolini. Roteiros Homiléticos, p. 769).
A festa de Nossa Senhora da Glória representa uma injeção de
ânimo para todos que, em meio a tantas dificuldades, peregrinamos na fé e na
caridade rumo à pátria definitiva. Nela celebramos a esperança de estarmos
todos juntos, um dia, com Maria participando da festa que no céu nunca se
acaba, a festa da total e definitiva libertação.
Por isso, podemos cantar hoje com jubilosa esperança aquele
canto tão popular (Podemos cantar?): “Com minha Mãe estarei/ na santa glória,
um dia, / junto à Virgem/ no céu triunfarei./ No céu, no céu, / com minha Mãe
estarei! No céu, no céu,/ com minha Mãe estarei!”.
“Congratulando Maria, congratulamo-nos a nós mesmos, a Igreja.
Pois, como mãe de Cristo e mãe da fé, Maria também é Mãe da Igreja. Na ‘mulher
vestida do sol’. Confundem-se os traços de Maria e da Igreja. Sua glorificação
são as primícias da glória de seus filhos na fé” (Johan Konings. Liturgia dominical, p. 495).
Para os tempos de hoje, no “momento histórico em que vivemos, a
contemplação da ‘serva gloriosa’ pode nos trazer uma luz preciosa. Que seria a
‘humilde serva’ no século 21, século da publicidade e do sensacionalismo? Sua
história é: serviço humilde e glória escondida em Deus. Não se assemelha a isso
a Igreja dos pobres? A exaltação de Maria é um sinal de esperança pára os
pobres. Sua história joga também uma luz sobre o papel da mulher, especialmente
da mulher pobre, ‘duplamente oprimida’. Maria é a mãe libertadora” (Ibid.).
“Assumindo responsavelmente o projeto de Deus, Maria é figura e
esperança de quantos aspiram por liberdade e vida. Ela vem reforçar a confiança
dos pobres, ao mostrar que neles o Poderoso opera maravilhas de libertação.
Serva fiel, bem-aventurada porque acreditou nas promessas, solidária contra os
dragões que procuram roubar-lhes as esperanças. Associada intimamente a Jesus
por sua maternidade e mais ainda pela prática da Palavra, participa da vitória
de Cristo, primícia da vida em plenitude. O canto de Maria nos estimula a lutar
pelo mundo novo já iniciado com a ressurreição de Jesus. Esse mundo novo irá se
tornando realidade concreta se formos cidadãos conscientes e responsáveis” (J. Bortolini. Roteiros homiléticos, p.
774).
4. Ligando a Palavra com ação
litúrgica
Significativo o que o sacerdote, na oração eucarística, logo
mais proclamará como grande motivo de ação de graças a Deus: “Senhor, Pai
Santo, Deus eterno e todo-poderoso, hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi
elevada à glória do céu. Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo
e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção
da morte aquela que gerou, de modo inefável, vosso próprio Filho feito homem,
autor de toda a vida”.
Eis que o bendito fruto da Virgem Maria, hoje, ressuscitado e
vitorioso, se apodera do pão e do vinho que trazemos para o altar e, então
identificado radicalmente com estes elementos, ele se dá a nós, comunicando-nos
sua própria vida eterna.
É o céu que se une à terra neste banquete sagrado, a fim de que
possamos um dia, depois de viver na terra o espírito Mariano de humildade e
serviço, gozar com Maria a vitória definitiva. Como expressa a oração após a
comunhão: “Ó Deus, que nos alimentastes com o sacramento da salvação,
concedei-nos, pela intercessão da Virgem Maria elevada ao céu, chegar à glória
da ressurreição”.
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