As coisas não podem ser precipitadas.
Com atenção medite neste artigo:
1. Se casamento não se improvisa, casamento se prepara. Verdade que muitos rapazes e moças, em nossos dias, passam simplesmente a viver juntos, sem lenço, sem documento, sem projeto. Alguns se casam no civil, outros também no religioso. Não se pode juntar roupas, CDs, escovas de dentes, colocar um filho no mundo de qualquer jeito. Há um projeto de vida conjugal e familiar que será previamente elaborado e, posteriormente avaliado, ao longo do tempo. A coabitação dos jovens, antes de qualquer compromisso, a chegada de filhos não programados, antes de um sim definitivo, coloca um sério problema familiar e social. Rapazes e moças que se unem assim as mais das vezes partem para outros envolvimentos. E vidas humanas ficam no meio do caminho sem respaldo algum, vidas muitas vezes destroçadas.
2. Antes do casamento, há o tempo do conhecimento. Precisa ficar claro o que se deseja. É necessário chegar a uma certeza moral a respeito da solidez do bem querer de um e de outro, de um pelo outro. Quem é ele? Quem é ela? De onde ele vem? Que tipo de relacionamento familiar o outro viveu e vive? O rapaz poderá se perguntar: “Além da graça de seu rosto, da elegância de seu andar, das boas medidas de seu corpo tem essa moça beleza, dignidade, nobreza? Será que ela é apenas o seu exterior? Esse moço, de onde ele vem, já andou ele buscando a Deus, quais as suas convicções mais profundas? Tenho condições de fazer uma caminhada íntima e profunda com ele? Será que ela ou ele têm senso de família? Pode ser que uma moça venha a saber que o seu namorado já esteve fortemente envolvido com drogas. Será que ele superou? Será que ela tem condições de agüentar a provação de uma eventual recaída? O amor, o amor de verdade, não é de um momento. Há muitas perguntas que precisam ser feitas antes do casamento. Para isso existe o tempo do namoro. As coisas não podem ser precipitadas.
3. O importante é escolher bem. Importante pesar e sopesar. O sim que se diz não é a uma formalidade, mas a expressão externa de uma adesão do coração, do interior, da vida mais íntima. Ao longo tempo do conhecimento e namoro ele e ela foram se dando conta que um podia confiar no outro, que o bem querer que os unia situava-se além de uma fortíssima atração sexual, que existia entre eles um forte laço chamado de amor. O outro veio para marcar firmemente a história dele e dela. Tudo deve ser encaminhado para a visibilização de um sim. A palavra dada organiza o interior. O gesto exterior é fundamental. Diante da consciência de cada um e do Senhor os que se casam dizem um sim que marcará belamente toda a vida dos dois.
4. “Considerar alguém como único no mundo, é reconhecê-lo como insubstituível. É aceitar engajar-se com ele (com ela) num relacionamento único, este mesmo relacionamento insubstituível, sem equivalente, prioritário. Nesse sentido, amar é preferir. Fazer passar o outro na frente: antes dos outros, antes de si mesmo. Isso não quer dizer que o outro seja tudo para mim, que seu bem, sua felicidade, sua alegria de viver se tornem minha primeira tarefa, meu primeiro desejo. E como eu tenho apenas um corpo, e como ela tem também um só corpo, que a relação carnal, que engaja a totalidade do corpo, também seja exclusiva. “Ela veio viver com ele para que seu corpo se tornasse único e insubstituível”. Esse desejo é legítimo. Não é resultado de um ciúme medíocre, mas expressão de uma profunda aspiração à unicidade e à reciprocidade”. Ninguém tira ninguém de seu universo para torná-lo medíocre.
5. Pais solidamente casados, pais corteses e delicados, fiéis e ternos, buscadores de Deus e sinceros seguidores do Evangelho são os primeiros professores dos filhos na preparação para o casamento. Pais desunidos, maridos e mulheres em constante disputas, agressivos ou adotando posturas de indiferença são péssimos professores na arte do amor conjugal e familiar. Fundamental que os jovens que se preparam para o casamento examinem a vida de tantos casais que deram certo. Preparam-se mal para o casamento aqueles que, de tanto conviver com uniões fugazes, se lançam com esse mesmo espírito na empreitada conjugal.
6. Importante seria que a Pastoral Familiar se debruçasse com maior empenho e cuidado no que se convencionou chamar de encontros e cursos de noivos. Não são suficientes umas poucas horas de palestras e dinâmicas num sábado ou domingo. Será fundamental que sacerdotes zelosos e leigos apaixonados pelo casamento e pela família inventem caminhos de acompanhamento dos namorados firmes e noivos. Não se trata apenas de uma palestra sobre vida a dois feita com efeitos emotivos. Será importante um tempo para que os candidatos ao casamento possam visitar seu interior, que venha a ter vontade de saírem de uma vida apenas de exterioridade. Quem não tem nada no fundo do coração, quem não visita seu interior é pessoa muito pobre para se casar.
7. Não podemos deixar de lembrar que, para os cristãos, se trata do sacramento do matrimônio. Os batizados se unem no Senhor Jesus. Aquele que esteve suspenso entre o céu e a terra, aquele que deu a vida pelos seus, entregou-se à Igreja sua esposa de forma definitiva, fecunda e irrevogável. Entre marido e mulher nasce o liame do amor entre Cristo e a Igreja. No amor conjugal dos cristãos há uma presença toda especial da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Assim como a mulher foi tirada do lado do homem, assim a mulher e o homem passam a viver uma aliança a partir do mistério do lado aberto de Cristo no alto da cruz.
8. A celebração do sacramento do matrimônio precisa ser purificada. Necessário que a presença do Cristo Ressuscitado possa ser percebida com nitidez. Os padrinhos serão casais que podem dar o testemunho de uma vida cristã, nobre e digna. Não serão numerosos. Tudo começa no coração. Os que se casam se preparam interiormente. Recebem o sacramento da reconciliação nas proximidades do casamento. Escolhem leituras e cânticos que elevem o amor humano e façam com que ele se revista das características do amor de Cristo, ou seja, de dar a vida pelos seus. As vestes e a ornamentação respirarão beleza, mas não requinte e ostentação. O contrário feriria a presença do Cristo, simples, belo e singelo. Os responsáveis pela cerimônia farão de tal sorte que todos possam participar profundamente do casamento.
Casamento não se improvisa, mas se prepara.
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