19º Domingo do Tempo Comum - C
Evangelho: Lc 12,32-48
Viver para aquilo que é
definitivo
O fim para o qual vivemos
reflete-se em cada uma de nossas ações. A cada momento pode chegar o fim de
nossa vida. Seja este fim aquilo que vigilantes esperamos, como a noite da
libertação, que encontrou os israelitas preparados para saírem (1ª leitura), e não
como uma noite de morte e condenação, como o empregado malandro que é pego de
surpresa pela volta inesperada de seu patrão (evangelho).
Devemos preparar-nos para o
definitivo de nossa vida, aquilo que permanece, mesmo depois da morte. Mensagem
difícil para o nosso tempo de imediatismo.
Muitos nem querem pensar no que vem
depois; contudo, a perspectiva do fim é inevitável. Já outros veem o sentido da
vida na construção de um mundo novo, ainda que não seja para eles mesmos, mas
para seus filhos ou para as gerações futuras, se não têm filhos. Assim como os
antigos judeus colocavam sua esperança de sobrevivência nos seus filhos, estas
pessoas a colocam na sociedade do futuro. É nobre. Mas será suficiente?
Jesus abre outra perspectiva: um
tesouro no céu, junto a Deus. Aí a desintegração não chega. Mas, olhar para o
céu não desvia nosso olhar da terra? Não leva à negação da realidade histórica,
desta terra, da nova sociedade que construímos? Ou será, pelo contrário, uma
valorização de tudo isso? Pois, mostrando como é provisória a vida e a
história, Jesus nos ensina a usá-las bem, para produzir o que ultrapassa a vida
e a história: o amor que nos toma semelhantes a Deus. Este é o tesouro do céu,
mas ele precisa ser granjeado aqui na terra.
A visão cristã acompanha os que se empenham pela
construção de um mundo novo, solidário e igualitário, para suplantar a atual
sociedade baseada no lucro individual. Mas não basta ficar simplesmente neste
nível material, por mais que ele dê realismo ao empenho do amor e da justiça. A
visão cristã acredita que a solidariedade exercida aqui na História é
confirmada para além da História.
Ultrapassa nosso alcance humano. É a causa de
Deus mesmo, confirmada por quem nos chamou à vida e nos faz existir.
À utopia
histórica, a visão cristã acrescenta a fé, “prova de realidades que não se
veem” (2ª leitura ). A fé, baseada na realidade definitiva que se revelou na
ressurreição de Cristo, nos dá a firmeza necessária para abandonar tudo em prol
da realização última – a razão de nosso existir
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