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ESTE POVO ME HONRA COM OS LÁBIOS, MAS O SEU CORAÇÃO ESTÁ LONGE DE MIM
Mc 7,1-8.14-15.21-23
A palavra do Senhor ajuda-nos a perceber que acima dos costumes humanos estão os Mandamentos de Deus. De fato, com o passar do tempo, é fácil nós distorcermos os conselhos evangélicos e, dando-nos ou não conta, substituir os Mandamentos ou então afogá-los com uma exagerada meticulosidade: «chegando da praça, eles não comem nada sem a lavação ritual. E seguem ainda outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras, vasilhas de metal?» (Mc 7,4). É por isso que a gente simples, com um sentimento popular comum, não fez caso dos doutores da lei nem dos fariseus, que sobrepunham especulações humanas à Palavra de Deus.
Jesus aplica a denúncia profética de Isaías contra os religiosamente hipócritas («O profeta Isaías bem profetizou a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ?Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim»: (Mc 7,6)).
Nos últimos anos, João Paulo II, ao pedir perdão em nome da Igreja por todas as coisas negativas que os seus filhos tinham feito ao longo da história, manifestou-o no sentido de que «nos tínhamos separado do Evangelho».
«Nada que, de fora, entra na pessoa pode torná-la impura. O que sai da pessoa é que a torna impura» (Mc 7,15), diz-nos Jesus. Só o que sai do coração do homem, desde a interioridade consciente da pessoa humana, nos pode fazer mal. Esta malícia é que causa dano a toda a Humanidade e a cada um.
A religiosidade não consiste precisamente em lavar as mãos (recordemos Pilatos que entrega Jesus Cristo à morte!), mas em manter puro o coração.
Dito de uma maneira positiva, é o que nos diz santa Teresa do Menino Jesus nos seus Manuscritos biográficos: «Quando contemplava o corpo místico de Cristo compreendi que a Igreja tem um coração entusiasmado de amor». De um coração que ama surgem as obras bem feitas que ajudam em concreto a quem precisa. («Porque tive fome, e me destes de comer?»: Mt 25,35).
Pe. Emílio Carlos +
grãozinho de areia.
A†Ω
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