A CRUZ -
Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
I Coríntios 2,2
O apóstolo Paulo compreendeu que tudo o que Deus queria estava em Seu Filho crucificado. Para o apóstolo, Cristo crucificado era tudo o que ele deveria pregar. Em qualquer lugar de reunião que pudesse estar, em qualquer situação, seja ela boa ou ruim, ele sabia que a solução estava em Cristo e este crucificado.
Cristo e a cruz são uma coisa só, ou seja, Cristo não poderia se separar de Sua cruz, e a cruz não pode ser separada de Cristo.
Para o apóstolo Paulo, Cristo era o centro de tudo, visto que a cruz era uma realidade antes do calvário, antes mesmo de Jesus Cristo ser crucificado. Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo, o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós. I Pedro 1,18-20.
A cruz é uma demonstração da graça de Deus aos homens. Quando o Senhor Jesus morreu naquela cruz, Ele expôs a nossa miserabilidade e fraqueza, nada podíamos fazer por nós mesmos. Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios.Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer. Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Romanos 5,6-10.
O que Deus fez enquanto o Seu Filho suportava aquela cruz?
"Fez a paz através do sangue vertido na cruz". Este ato, isto é, a crucificação do nosso Senhor deve ser visto como uma manifestação da misericórdia de Deus. Porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus. Colossenses 1,19-20.
Quando falamos a respeito do sangue derramado naquela cruz, devemos ser bastante cuidadosos, visto que Deus não faz vista grossa ao pecado. Deus "pensou” de maneira profunda como Ele iria solucionar o problema do pecado, e, só havia uma alternativa: um sangue perfeito devia ser derramado. E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. Hebreus 9,22.
Portanto, fora do sacrifício do nosso Senhor Jesus Cristo não existe nenhuma esperança de salvação para o homem. Não há força ou poder no homem que o possa livrar da escravidão do pecado. Somos justificados pela graça. O sangue que o nosso Senhor verteu naquela cruz foi recebido por Deus como pagamento pleno. E havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz; e, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz. Colossenses 2,14-15
Éramos escravos e precisávamos ser libertos. Deus pagou o preço e recebeu o sangue de Jesus Cristo derramado naquela cruz para nos trazer de volta para si mesmo. Estávamos no mercado de escravos, mas com o sangue de Jesus Cristo fomos comprados por um bom preço e, preço de cruz. Por preço fostes comprados; mas não vos façais escravos de homens. I Coríntios 7,23.
O fato é que, não só os nossos pecados foram perdoados e estamos justificados diante de Deus, mas a nossa velha natureza também já foi julgada na morte de Cristo. Não é só justificação pelo sangue, mas justificação de vida. Não somente em Cristo temos o perdão dos pecados pelo Seu precioso sangue, como também a Palavra de Deus nos dá o direito de saber e de afirmar que estamos mortos na morte de Cristo.
Não somos batizados na Sua vida ou na Sua obra, mas sim na Sua morte. Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Romanos 6,3. Nós éramos pecadores e somente podíamos pecar, e este fato não podia ser modificado pelo perdão. Tínhamos que ser resgatados deste estado, e a única e verdadeira libertação de um estado ou condição de pecado é a morte. Esta libertação temos em Cristo. Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado. Romanos 8,3.
A graça da cruz foi uma demonstração da profunda bondade de Deus aos homens. Vivíamos neste mundo sem Deus e sem esperança. Éramos vasos rebeldes, "um ninguém". Agora temos acesso à presença de um Deus santo e, podemos contemplá-Lo face a face. O que abriu este caminho? Foi o sangue vertido naquela cruz. Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne. Hebreus 9,19-20.
Quantos pecados são necessários para se fazer um pecador? Absolutamente, nenhum. Será que alguém precisou ser ensinado a pecar? Não, simplesmente somos herdeiros de uma natureza perversa. Ninguém vai para o inferno pelo que faz, e sim pelo que é. Tu nem as ouviste, nem as conheceste, nem tampouco há muito foi aberto o teu ouvido; porque eu sabia que procedeste muito perfidamente, e que eras chamado transgressor desde o ventre. Isaías 48,8.
Viemos para este mundo pelo nascimento físico e precisamos nascer de novo para entrarmos no mundo de Deus. No primeiro nascimento (físico) herdamos espiritualmente uma natureza perversa e, para entrarmos no mundo de Deus é preciso que Deus por Sua graça em Cristo vivifique o nosso espírito outrora morto por causa do pecado. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos. Efésios 2,4-5.
O que Deus fez para que isto acontecesse? Ele não nos disse que iria nos reformar, isto é impossível. Tudo em nós está corrompido. Deus não vai melhorar a nossa natureza espiritual. Então, qual é a solução? É uma co-crucificação. Quando olhamos para aquela cruz vemos o Senhor Jesus crucificado, passando pela morte e dizendo: “está consumado”. Isto é graça.
O que significa co-crucificação? Significa que Deus nos colocou no corpo de Seu Filho naquela cruz. Ele foi crucificado, nós fomos crucificados com Ele. Ele ressuscitou e nós ressuscitamos juntamente com Ele. Foi isso que Deus fez: a nossa natureza adâmica – a fábrica de pecado – foi em Cristo inserida. Nele somos co-participantes de Sua morte e ressureição. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Romanos 6,5.
Deus nos colocou em Cristo, morremos com Ele e fomos sepultados com Ele. O velho homem se foi, ele foi crucificado. E a pergunta é esta: Como saber que os nossos pecados foram perdoados? Como saber que Jesus morreu na cruz e nos fez morrer com Ele? Como saber que aquele sangue vertido cumpre toda a justiça divina? Só há uma resposta: PELA FÉ. Isto se torna verdadeiro para nós pela fé. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:11.
“Considerai-vos”. Considerar significa apoiar-se, descansar, crer. Mediante a revelação da Palavra de Deus, de que o nosso velho homem foi com Cristo crucificado revelação da palavra de Deus que afirma, que o nosso velho homem foi com Cristo crucificado, este fato se torna verdadeiro para nós, pela fé. É possível que o tentador “sussurre” em nossos ouvidos, que isto não é verdade. Porém, temos a palavra de Deus que continua dizendo: “O nosso velho homem foi com Cristo crucificado”. Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos. Romanos 6:6.
Pela fé que nos foi dada podemos nos considerar mortos para o pecado, mas vivos pela Sua vida de ressureição. Ele próprio Se tornou a nossa vida. Vivemos pela fé no Filho de Deus que nos amou e Se deu por nós. E eis aqui a vida pessoal, a fé individual que nos liga a Cristo. Ele e Ele só. Cristo é pessoalmente a “mola mestra”, o centro, a fonte de todo o nosso viver. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2,19-20.
A graça da cruz nos coloca em uma relação íntima com Deus Pai, relação esta conquistada em Cristo. A cruz executou o velho homem e, conseqüentemente, tudo aquilo que herdamos de Adão foi para a cruz. “O véu foi rasgado de alto a baixo”. Podemos entrar nos Santos dos Santos, neste novo e vivo caminho e contemplar o nosso Deus face a face. Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne. Hebreus 10,19-20.
A graça da cruz significa: Deus fazendo por nós, o que jamais poderíamos fazer por nós mesmos. Quando contemplamos o coração de nosso Pai Celestial, descobrimos que o grande desejo de Seu coração é que o seu povo experimente de forma profunda tudo aquilo que o Senhor alcançou por nós no calvário. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. I Coríntios 1,9.
Nós fomos chamados por Deus não simplesmente para recebermos a vida eterna, como se esta fosse um passaporte para o céu. Isto é pensar muito baixo. Deus nos chamou para a Sua própria glória. Ele não nos chamou de acordo com uma necessidade, Ele nos chamou para que possamos ser semelhantes ao Seu Filho. Deus nos deu o Seu Filho e, Nele reside todo o poder que nos conduz ou que nos permite ser conformados à imagem de Cristo. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Romanos 8,29.
A graça da cruz tem como objetivo na vida dos renascidos, transformá-los à imagem do Filho de Deus. A vida cristã é uma vida dinâmica que cresce continuamente. Ela está constantemente progredindo e, á medida que nós experimentamos mais e mais a operação da cruz, mais e mais de Cristo se manifestará em nós. Trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos; pois nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. II Coríntios 4,10-11.
O verdadeiro caminho para manifestação da vida de Cristo em nós é um contínuo levar do morrer de Jesus. Enquanto a morte opera em nós, a vida flui para os outros como rios de água viva. Assim que o nascido de novo é levado a uma conformidade profunda com a morte do Filho de Deus, a vida do nosso Senhor nele fluirá.
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