«Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar.»
«Quando vires isto, ficarás radiante de alegria»
S. Marcos 8,22-26.
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos chegaram a Betsaida e trouxeram-lhe um cego, pedindo-lhe que o tocasse.
Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou: «Vês alguma coisa?»
Ele ergueu os olhos e respondeu: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar.»
Em seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos sobre os olhos e ele viu perfeitamente; ficou restabelecido e distinguia tudo com nitidez.
Jesus mandou-o para casa, dizendo: «Nem sequer entres na aldeia.»
Meditação:
Que grande será a minha alegria, meu Deus, que grande será o meu gozo, que grande será o meu júbilo, quando Tu me revelares a beleza da Tua divindade e a minha alma Te vir face a face! [...] Então tu, minha alma, «verás e viverás em abundância, o teu coração maravilhar-se-á e dilatar-se-á, quando receberes uma multitude de riquezas», delícias e a magnificência da glória «deste mar» imenso da Trindade, digno para sempre de adoração; quando «vier a ti o poder das nações» que «o Rei dos reis e o Senhor dos senhores» (Is 60,5; 1Tm 6,15), com a força do Seu braço, retirou da mão do inimigo para Si; quando a torrente da misericórdia e a caridade divina te cobrir. [...]
Então, o cálice da visão ser-te-á apresentado e tu embriagar-te-ás (cf Sl 22,5 Vulg) — é o cálice embriagador e sublime da glória da face divina. Beberás do «rio das delícias» (Sl 36,9) de Deus, quando a própria fonte da luz te preencher eternamente com a Sua plenitude. Então verás os céus repletos da glória de Deus que neles vive e esse Astro virginal, que depois de Deus ilumina todo o céu com a sua luz tão pura [Maria], e as obras admiráveis dos dedos de Deus [os santos: Gn 2,7], e «essas estrelas da manhã» que estão sempre diante da face de Deus com muita alegria e que O servem [os anjos: Jb 38,7; Tb 12,15].
Deus do meu coração e minha herança de eleição (cf Sl 73,26), durante quanto tempo ficará ainda a minha alma frustrada sem a presença da Tua dulcíssima face? [...] Por favor, faz-me ir depressa para junto de Ti, Deus, «fonte de vida» (Sl 37,10), a fim de que, em Ti, eu possa receber a vida eterna para sempre. Bem depressa «faz brilhar sobre mim a Tua face» (Sl 31,17) para que, na alegria, eu Te veja cara a cara. Depressa, oh, depressa, mostra-Te Tu mesmo a mim, para que eternamente me regozije em Ti na felicidade.
Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina
Exercícios, nº 6
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