BILHETE DE EVANGELHO.
À ESCUTA DA PALAVRA.
19º Domingo do tempo Comum B
Antes de nos pormos a caminho para receber o Pão da Vida, Jesus
recorda-nos que, antes de mais, somos convidados, que é Deus que dá o
primeiro passo: “Felizes os convidados para a ceia do Senhor!” De
seguida, pede-nos que façamos um ato de fé: “Dizei uma palavra e serei
salvo!”
Crer n’Aquele que Deus enviou… Crer, isto é, ter confiança nas
suas palavras e nos seus gestos. Aquele que tem confiança sabe que não
ficará decepcionado.
O que Cristo quer é que vivamos plenamente,
enquanto vamos ao seu encontro: a sua palavra é alimento, a sua carne (a
sua pessoa) é alimento, com Ele ficamos saciados.
Ele vem até nós para
que vivamos d’Ele e, por Ele, a nossa vida ganhe sentido, os nossos
gestos possam dar a vida, as nossas palavras possam exprimir a ternura, a
nossa oração se torne relação filial com o Pai.
Os judeus recriminavam Jesus: “Esse homem não é Jesus, filho de José?
Conhecemos bem seu pai e sua mãe.
Como pode dizer «Eu desci do céu»?”
Os adversários de Jesus discutiam a sua origem e a sua pretensão
exorbitante.
Devemos reconhecer que a dificuldade dos compatriotas não
era pequena. Jesus não tinha nada de extraterrestre. Se estivéssemos lá,
talvez tivéssemos a mesma atitude…
Ora, para descobrir o mistério
profundo de Jesus, é preciso ir para além das aparências. Para conhecer
Jesus, é preciso acolher a luz que vem da Palavra de Deus, ter o olhar
da fé.
A fé é uma “luz obscura”, pede um salto numa “confiança
noturna”, na noite. Isso verifica-se já nas nossas relações humanas de
amor e de amizade.
A fé-confiança não é uma evidência “científica” que
leva a uma adesão imediata da inteligência.
A fé só se pode aceitar e
viver numa relação de amor, de amizade. Para além das aparências…
Só
podemos aceitar a Palavra de Jesus se nos abrirmos a Deus. Jesus pede
aos seus discípulos para terem confiança: “Crede em Deus, crede também
em Mim”.
A fé é uma graça, um dom gratuito. Mas é também um combate,
segundo São Paulo: “Combati até ao fim o bom combate… guardei a fé”. Em
definitivo, somos reenviados a uma escolha que, certamente, não suprime
as exigências da nossa razão, mas ultrapassa-as, porque aceitamos entrar
numa relação de amor e de amizade com Jesus, “o filho de José”, que
reconhecemos também como “o Filho de Deus”.
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