«Limpa antes o interior do copo»
S. Mateus 23,23-26.
Naquele
tempo, disse Jesus: «Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas, porque
pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho e desprezais o mais
importante da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade! Devíeis praticar
estas coisas, sem deixar aquelas.
Guias cegos, que filtrais um mosquito
e engolis um camelo!
Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas,
porque limpais o exterior do copo e do prato, quando por dentro estão cheios
de rapina e de iniquidade!
Fariseu cego! Limpa antes o interior do copo,
para que o exterior também fique limpo.
Comentário :
«Limpa antes o interior do copo»
A confissão (a acusação) dos pecados, mesmo de um ponto de vista simplesmente
humano, liberta-nos e facilita nossa reconciliação com os outros. Pela
confissão, o homem encara de frente os pecados de que se tornou culpado;
assume a sua responsabilidade e, desse modo, abre-se de novo a Deus e à
comunhão da Igreja, para tornar possível um futuro diferente.
A confissão ao sacerdote constitui uma parte essencial do sacramento da
Penitência: [...] «Quando os cristãos se esforçam para confessar todos os
pecados de que se lembram, não se pode duvidar de que os apresentam todos ao
perdão da misericórdia divina. Os que procedem de modo diverso, e
conscientemente ocultam alguns, esses não apresentam à bondade divina nada que
ela possa perdoar por intermédio do sacerdote. Porque, 'se o doente tem
vergonha de descobrir a sua ferida ao médico, a medicina não pode curar o que
ignora'» (Concílio de Trento; S. Jerônimo).
Segundo o mandamento da Igreja, «todo o fiel que tenha atingido a idade da
discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma
vez ao ano». [...] Sem ser estritamente necessária, a confissão das faltas
quotidianas (pecados veniais) é contudo vivamente recomendada pela Igreja. Com
efeito, a confissão regular dos nossos pecados veniais ajuda-nos a formar a
nossa consciência, a lutar contra as más inclinações, a deixarmo-nos curar por
Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo com maior frequência, neste
sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos
como Ele (Lc 6,36): «[...] Quando começas a detestar o que fizeste, é então
que começam as tuas boas obras, porque acusas as tuas obras más. O princípio
das obras boas é a confissão das más. Praticaste a verdade e vens à 1uz» (St.
Agostinho; Jo 12,13).
Catecismo da Igreja Católica
§§ 1455-1458
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