Trazemos em nosso coração o desejo de sermos santos e de
construir um mundo mais justo, fraterno e reconciliado.
Cremos
firmemente que Cristo é a resposta para as perguntas e para os anseios
dos homens e mulheres de nosso tempo e de sempre. E estamos convencidos
de que a única mudança autêntica do mundo é aquela que brota da mudança
pessoal, da própria conversão. Sabemos bem que ninguém dá o que não tem e
que por isso o primeiro campo de apostolado é cada um de nós mesmos.
Atender à nossa interioridade, cultivar uma vida interior profunda e
intensa, não é apenas uma necessidade pessoal, é, para nós, também um
dever social, uma exigência para podermos ser fiéis a missão que o
Senhor nos confiou.
Uma vida interior intensa pela força do Espírito Santo
A vida interior é ao mesmo tempo
exigente e extremamente plenificadora.
É comunhão com Deus, no Senhor
Jesus, pela força do Espírito Santo. É antes de mais nada, fruto da
graça, um dom de Deus, que nos convida a uma cooperação ativa e
decidida. Ela requer que assumamos a nossa parte, que lutemos com
fidelidade e constância, para erradicar das nossas vidas tudo que rompe
ou impede esta desejada comunhão, acolhendo a ajuda divina, e que
cultivemos positivamente uma vida de fé, de virtude, de oração, de
comunhão sacramental, de amor a Deus, e de coerência efetiva em nossas
ações. Cooperando assim com a graça divina, somos chamados a crescer em
uma comunhão de pensamento, de sentimento e de ação com Deus, uma
comunhão que nos realiza, nos plenifica e nos leva a uma mudança, a
partir desta riqueza espiritual, a uma transformação autêntica do mundo,
a partir da caridade divina, segundo o Plano de Deus.
Uma vida interior intensa é fruto do
Espírito Santo, que é o Senhor e Doador da Vida. É Ele quem nos vai
configurando com o Senhor Jesus. Ao dizer vida, dizemos vitalidade, e a
vida no Espírito Santo é fé ardorosa, esperança e amor. Crescer nela
alimenta nossa mente e nosso espírito, nos vivifica.
Santa Teresa de Jesus, em pleno coração do livro do castelo interior e dentro das quintas
moradas, descreve a transformação que experimenta a pessoa
na oração, com um símbolo muito belo: o bicho da seda, o qual se fecha
no seu casulo interior, e aí “com as suas boquitas vão fiando a seda, e
fazendo uns casulos muito apertados onde se fecham… E morre este bicho,
que é grande e feio, e sai do mesmo casulo uma borboleta branca muito
bonita”.
Esta imagem do bicho da seda serve para que Teresa
expresse melhor a mudança e a transformação da pessoa, como mistério
pascal de morte e ressurreição.
No desenvolvimento desta transformação,
como no processo em que o bicho da seda se metamorfoseia em borboleta, é
muito importante a ação do Espírito Santo que vai ajudando nessa
disposição e no nosso trabalho para não ficarmos pelo meio do caminho.
Podemos agora visualizar os diferentes elementos contidos no processo desta imagem:
Semente: São uns bagos, como grãos de pimenta, que se convertem em larvas.
A folha da amoreira: É o primeiro espaço onde se desenvolvem, é o alimento.
Ambiente: Calor, elemento que necessita a semente para viver, é a graça do Espírito Santo.
Bicho da seda: É cada um de nós a partir da perspectiva da transformação profunda.
Tecer o casulo ou a “casa”: é um convite para construir a própria habitação, a viver a interioridade.
Fabricar a seda, lavrar a seda: Cristo é a morada. Vive dentro de
cada um. A seda é o resultado das maravilhas que Deus faz através de
nós.
Trabalhos: São todos os esforços e acções que temos que fazer para corresponder à graça, para não vivermos superficialmente.
A borboleta: equivale ao “homem novo”, é o fruto da acção transformadora de Deus. É graça, libertação.
Este símbolo é a síntese da história de todo o homem nascido para ter asas e elevar-se.
Aprender a ver a realidade com os olhos de Deus
Portanto, com as luzes do Espírito,
devemos trabalhar em primeiro lugar para ter uma fé profunda na mente,
que não é outra coisa, senão ir aprendendo a olhar e entender a
realidade com os olhos de Deus, interiorizando os critérios da fé,
reconhecendo o sentido das realidades e situações distintas, à luz do
plano de Deus e examinando nossa própria vida com uma visão de fé. Para
crescer nesta dimensão da nossa vida interior, é imprescindível que
estudemos, que entendamos, e que façamos nossos, os critérios da fé que
encontramos na Sagrada Escritura, nos documentos do Magistério –
iniciando pelo Catecismo da Igreja – e nos ricos textos que formam parte
da Tradição e da nossa própria espiritualidade.
Cultivar nossa vitalidade interior com a
fé na mente nos ajuda a apreciar o quanto Deus faz por nós no dia a dia
de nossas vidas, nos afasta da superficialidade e do auto engano, nos
dá critérios para nos entendermos a nós mesmos à luz do Senhor Jesus,
enriquece nossa capacidade de reflexão, e nos prepara para ajudar melhor
aos nossos irmãos e para conduzir as nossa vidas, respondendo a nossa
vocação segundo o plano de Deus.
Ser amigos do Senhor Jesus
O mais importante para nossas vidas é
amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos. O
amor é a essência de toda nossa vida. Conscientes de que o amor
autêntico é aquele que foi derramado em nossos corações pelo Espírito
Santo [1], nossa vida interior deve ser antes de tudo amor a Deus, Pai,
Filho e Espírito Santo.
Somente Deus é capaz de saciar a nostalgia de
infinito que se instala no fundo de nossos corações.
Nossa vida interior deve ser uma oração
contínua, um habitual estar na presença de Deus e em comunhão com Ele
[2], em toda ocasião, e de modo particular nos momentos imprescindíveis
de oração intensa. Assim como pela fé na mente, aprendemos a nos ver e a
ver a realidade com os olhos de Deus, através da fé no coração e graças
a um tratado de amizade freqüente com Deus, buscamos aprender cada vez
mais a sentir com o Senhor Jesus, a ter uma unidade de vontade com Ele, a
descobrir como nosso alimento e nossa felicidade estão em cumprir o
Plano de Deus.
Também madre Teresa de Jesus nos diz :"Que não é outra coisa a oração mental senão tratar de
amizade, estando muitas vezes tratando a sós com quem sabemos que nos
ama" (V 8,5).
Quando a santa cunhou esta definição tinha atrás de si uma
larga e qualificada história de amizade humana e divina. História de
amizade, qualificada com estes adjetivos em atenção à nossa debilidade
intelectual e à nossa tendência em romper a harmonia e a integração do
divino e do humano, da relação com Deus e com o próximo, entre o amor e o
serviço vividos no silêncio da oração e o empenho pela causa do Reino. Teresa viveu e verteu este encontro na palavra humana mais entranhável: a
amizade.
A oração é o caminho para que a amizade com o Senhor
Jesus seja realmente o centro de nossas vidas e para que nos deixemos ir
se configurando com Ele.
A.
Deus nos chamou à sua amizade, para compartilhar de sua vida,
oferecendo-nos em seu Filho, verdadeiro amigo e amigo verdadeiro, uma
proximidade entranhável em sua humanidade que é a nossa, homem de
fraquezas e trabalhos. Assim nos é companhia no caminho de nossa vida.
Deus, Amigo, nos amou primeiro, elegeu-nos, abrindo-nos as portas de sua
amizade. Deus é um amigo que tem desejos de dar-nos e que, como logo
adverte Teresa, "de boa vontade está junto a nós" (CV 29,6). Amigo,
também, necessitado de nós. Com sensibilidade feminina e agudo sentido
de fé no Deus-Homem, Teresa confessa seu truque: "Prcurava representar
Cristo dentro de mim, e achava-me melhor nos lugares onde ele se
encontra mais só; parecia-me que, estando só e aflito, como pessoa
necessitada, haveria de admitir a minha presença" (V 9,4). E quando
Teresa ora fala sobre isto com ainda maior segurança: " tão necessitado
estais que quereis admitir uma pobre companhia como a minha, e vejo em
vosso sempblante que os alegrates" (CV 26,6).
B. A
oração-amizade situa-se no centro da vida, não à margem, na periferia. É
o valor da vida em todas as suas dimensões. A amizade é que nos define:
somos o que é nossa relação com Deus e com os irmãos. A oração-amizade é
um valor aberto sempre, necessariamente em caminho, em evolução
contínua, num dinamismo crescente de realização. "As Moradas" são os
diversos níveis, em profundidade e qualidade, nos quais vivemos nossa
relação com Deus e os demais. Podemos dizer que são níveis de ser, pois
marcam a vida da pessoa naquilo que lhe é substancial por vocação humana
e divina: a relação com os outros e com o Outro, com o "tu" semelhante.
Relação definida como acolhida e doação, em unidade que não se pode
romper. Ademais esta relação nutre-se da verdade e do respeito sagrado à
misteriosidade do outro, assim como de si mesmo. Relação na verdade que
nasce, desenvolve-se e culmina no trato pessoal, cara a cara. Nenhuma
pessoa pode delegar a ninguém a graça maior recebida com o dom da vida:
somos naturalmente tão ricos que podemos conversar com Deus (cf. 1M
1,6).
C. A
oração-amizade é vida e exercício de gratuidade, não entra no mercado do
útil ou necessário, do para quê. Tem em si mesma sua justificação, seu
valor: realizar a vocação de ser-em-relação, ser e viver com, em
comunhão de horizontes e de caminhos. A santa fala de ser orantes, e
praticar o ato concreto da oração, "para unicamente servir a seu Cristo
crucificado" (4M 2,10). A esta gratuidade na relação com Deus se refere
constantemente João da Cruz, manifestamente como algo que vai fazendo-se
vida, quando fala de alguma etapa mais avançada no processo espiritual:
"Todo seu cuidado em como poderá dar algum prazer a Deus, ainda que
fosse para ela muito custoso" (2N 19,4). Ainda que não deixe de ver que
existem "muitos que andam buscando em ti consolo e gosto e os que a ti
pretendem dar gosto e dar-te gosto à sua custa... estes são muito
poucos" (2S 7,12). Sua regra de experto em amor é esta: não buscando
"sua comodidade e consolo, ou em Deus ou fora dEle" (Carta 18.7.89; 16).
D. Na
oração-amizade o amor é a substância. Entre os amigos circula o amor, a
acolhida e a doação mútuas. Por isso as pessoas se encontram em um "nós"
mais ou menos formado. Isto disse expressamente Teresa: "a substância
da perfeita oração não está em pensar muito, senão em amar muito". E
reflete: "Nem todas as imaginações são hábeis por sua natureza para isto
(a meditação), mas todas as almas o são para amar" (F 5,2; 4M 1,7).
Deste modo afirma-se com contundência coisas muito importantes: todas as
pessoas são capazes de orar. A oração está aberta a todos, a qualquer
pessoa, seja qual for sua psicologia, sua formação, o tempo que dispõe, a
situação concreta pela qual passa. A pessoa, por natureza e graça, é
capaz para a relação pessoal com Deus. Por ser amizade, a oração abarca a
existência da pessoa, não pode encerrar-se em uns tempos, nem
identificar-se com o que comumente chamamos de oração, silenciosa ou
litúrgica, pessoal ou comunitária: "O verdadeiro amante em toda parte
ama e sempre se recorda do amado. Ruim seria se só nos rincões se
pudesse orar" (F 5, 16).
E. Com
isto surge outro elemento de não menor transcendência: a oração-amizade
é, antes de tudo, uma forma de ser. A oração define assim a vida da
pessoa antes que ser um ato concreto. O começo do "tratadinho" de oração
que Teresa nos entrega no Livro da Vida é especialmente luminoso e
decisivo. Basta recolher suas palavras: "Pois falando dos que começam a
ser servos do amor (que não me parece outra coisa determinarmos a seguir
pelo caminho da oração ao que tanto nos amou" (V 11,1). O caminho da
oração é seguimento de Jesus. Aos mesmos que começam se refere mais
adiante dizendo que "se determinam a servir a Deus tão deveras" (ib 9).
Não podemos esquecer que se ela, tão honesta e veraz em suas colocações,
chega um dia a deixar a prática da oração, é porque a vida se lhe
escapava. Por isso era-lhe insustentável manter a fidelidade aos tempos
de oração (V 7, 11; 8, 3; 19,10). Mais tarde ela julgurá com dureza este
comportamento e irá procurar animar a todos a perseverar na prática da
oração, ainda que não responda às exigências da amizade, "por males que
haja" (V 8,5; 19,4; 8,4). Razão convincente: "Oh! Que bom amigo fazeis,
Senhor meu, como lhe vais regalando e sofrendo e esperais a que se faça a
vossa condição!" (V 8, 6).
F. Só
partindo da oração-amizade podemos falar razoavelmente da necessidade da
oração. Supostamente esta necessidade parte de dentro, da chamada de
Deus pela qual nos capacita para tratar amistosamente com Ele.
A
oração-amizade busca o encontro, a presença explícita, consciente, os
momentos nos quais só e a sós se está com o Amigo. Necessidade
particularmente sentida por Deus. Assim o percebeu Teresa (cf. 9,9 e V
8,10).
Mas
esta necessidade é também sentida pela pessoa na medida da amizade que
vive com Deus, ou com os demais. "Estando muitas vezes a sós com quem
sabemos que nos ama". Esta consciência é que origina a marcha para o
encontro: saber-se amado, ou seja, crescer na consciência do amor que
recebe e dinamizar a resposta adequada e própria. Ninguém sabe-se amado
por alguém por referências de terceiros. E ninguém ama a ninguém pelo
que contam dele: é preciso o encontro pessoal. A notícia recebida
provoca o desejo da constatação por si mesmo. O ato de oração é a
consciência explícita da amizade que une Deus e a pessoa. A santa fala
dos que fazem oração dizendo que estão vendo que Deus as vê (cf. V 8,2).
G. Por
último, na oração-amizade, desde os seus primeiros passos, mesmo que
não salte à consciência do orante, devemos entender que o protagonismo
na oração corresponde a Deus, que Ele está muito mais empenhado que nós
por levar adiante a história de amizade. Podemos dizer que toda oração
cristã é essencialmente mística desde seus começos. Deus, porque nos ama
mais e melhor que nós mesmos a Ele, leva o peso da oração-amizade.
Captar esta dimensão mística da oração é vital para entendê-la
convenientemente, adotando a atitude oportuna: "ir contente pelo caminho
que lhe levar o Senhor" (CV 17 tít.). Pois "tem em tanto este Senhor
nosso que lhe queiramos e procuremos sua companhia, que uma vez ou outra
não nos deixa de chamar para que nos aproximemos dEle" (2M 1,2).
"Deixai fazer o Senhor" (CV 17,7). Atitude, portanto, de amorosos
ouvintes, de silêncio contemplativo para ver o que Deus fará em nós.
Disposição de abertura e acolhida, pois a parte que nos toca será sempre
de responder, secundar, seguir.
Concluimos:
Esta comunhão de sentir e querer com o
Senhor Jesus só é possível pela graça do Espírito Santo, que é quem nos
faz filhos de Deus e se une a nossa oração para que possamos clamar
”Abba, Pai” [3].
Não podemos jamais descuidar da nossa vida de graça.
Nossa vida interior necessita que nos despojemos de tudo que nos afaste
de Deus, todo lastro de pecado e ruptura. E por isso mesmo, necessitamos
do auxílio dos sacramentos, em especial que procuremos com regularidade
o Sacramento da Reconciliação e que nos alimentemos com o Pão da Vida
Eterna, que é o mesmo Senhor Jesus na Eucaristia. Só assim poderemos ir
avançando nesse morrer a tudo que é morte, para viver quem é a própria
Vida.
De mãos dadas com Santa Maria
O Senhor em seu Plano quis que, para
percorrer o caminho de nossa santidade e felicidade contemos com a
companhia e intercessão maternal de Maria Santíssima, Mãe de Deus e
nossa. Contemplando-a aprendemos a ter uma comunhão total de mente,
coração e ação com o Senhor Jesus. Com o seu exemplo de modelo, Ela nos
ensina a guardar como um tesouro a Palavra de Deus, conservando-a e
meditando-a em nosso coração. Como Ela, vivamos uma vida de oração
intensa, na qual com reverencia, reconheçamos tudo quanto Deus opera
para o nosso bem. Como ela o fez em seu Magnificat, louvemos a Deus por
suas maravilhas, e não nos cansemos de agradecer suas bênçãos.
Com
humildade reconheçamos nossa pequenez e fragilidade. Coloquemos nas mãos
de Deus todas nossas necessidades, cooperemos ativamente com sua graça,
transformemos nossa fé na mente e no coração em uma fé coerente na
ação.
Mas, sobre tudo, a partir da mão de nossa Santa Mãe e de seu
Imaculado Coração, aprendamos a amar ao Senhor Jesus e a viver em
sintonia total com seu Sagrado Coração. E façamos nossos os seus amores:
ao Pai, no Espírito Santo, a Maria Santíssima e a todos nossos irmãos e
irmãs humanos.
Só seremos santos se vivermos intensamente o amor divino
e formos coerentes com ele. Só sendo santos poderemos cooperar a partir
de nossa pequenez em mudar um mundo que morre por falta de amor. Só a
partir de uma vida interior que respire amor e santidade poderemos
transformar-nos através de uma ação reconciliadora para a glória de
Deus.
_____________________________
CITAÇÕES PARA MEDITAR
Guia para a Oração
- Cristo é nossa Vida: Jo 14,6; Gl 2,20
- Renovar nossa mente para aprender a querer como Deus: Rm 12,2
- A vida no Espírito Santo: Rm 8, 5-17
- Santa Maria conserva e medita a Palavra de Deus: Lc 2, 19-56
- Perseverar no mesmo espírito em companhia de Maria: Hch 1,14
PARA REZAR
Porque é importante que eu cultive uma vida interior intensa?
- Quem nutre e faz crescer minha vitalidade interior? Que devo fazer
para cooperar com meu crescimento e realização interior? Qual é a
essência de uma autêntica vida interior?
- Que posso fazer para aprender, cada vez mais, a ver a realidade com os olhos de Deus? Porque a lectio divina é importante como meio de interiorização e apropriação pessoal dos critérios da fé?
- Jesus está realmente no centro da minha vida? Reconheçoi sua
presença na minha vida? O que falta para eu me deixar me configurar
ainda mais com Ele?
- Qual é o papel de Santa Maria na minha vida espiritual? Quais das
suas virtudes estão mais próximas de mim? Quais eu deveria desenvolver
mais?
_____________________________________
[1]Ver Rom 5,5
[2]Ver Catecismo de la Iglesia Católica, 2565
[3]Ver Gál 4,6
Santo Retiro+
Pe.Emílio Carlos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário